NOTA DA REDAÇÃO:
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O CICLISMO E A VIDA
Ainda me lembro quando ganhei minha primeira bicicleta, roxa e com duas rodinhas auxiliares, e tenho que admitir que levei muito tempo para parar de enrolar e tomar coragem para me equilibrar sem elas. E o tombo foi monumental. Meu avô até se levantou da cadeira, o que era uma coisa rara. Não sei bem como aconteceu mas, no fim de tudo, eu estava com um punhado de grama na boca, as pernas para o ar e a bicicleta sobre mim. Fiquei muito irritada, ainda mais depois de perceber que meu avô estava rindo da minha ridícula situação. Me ergui e ergui também a bicicleta, e fui andando em direção a minha casa, com a roupa toda suja.
Absolutamente tudo na vida é assim, como posso perceber agora, e, se não temos uma mente aberta e aceitamos com certa facilidade esses tombos e desafios que surgem em nosso caminho, iremos sempre voltar para casa de cabeça baixa e com um turbilhão de sentimentos ferindo nosso coração.
É assustador perceber como tudo a nossa volta é tão instável..a beleza da juventude, o dinheiro, nossa própria mente! E é tão aliviador quando se aceita que nada, absolutamente nada merece nossa real preocupação. Ter uma ocupação é saudável, mas ver problemas em tudo é definitivamente inútil.
E o ciclismo é assim para mim: relaxante. Quando estou pedalando, minha mente esvazia feito um balão. Nunca me preocupei com quantos quilômetros fiz ou tracei uma rota. Quanto mais longe, melhor.
Embora que para pedalar com segurança tenhamos que ir para o interior ao invés de nos beneficiarmos com o asfalto, as estradas de terra nos revelam as melhores paisagens. O sol da manhã deixando a grama mais verde e o cheiro de terra invadindo nossos pulmões..é uma verdadeira terapia! Bom para a saúde física, pois faz o coração bater e o sangue circular, e muito melhor para a saúde mental.
O segredo é não pensar em nada. Deixar as casas passarem por nós, olhar além, observar os detalhes e as pessoas, sentir o aroma do dia. Os pensamentos irão fluir, mas não serão sobre preocupações do dia-a-dia. Eles vão vagar lentamente por nomes e lugares no presente ou passado, mas nada realmente vai se fixar em nossa mente. É como uma limpeza emocional, onde a força que você faz ao pedalar expele todo o seu estresse.
Em um destes passeios observei o quão humilde são os habitantes do bairro em que passava. Eu elegi aquele como um dos meus lugares preferidos para pedalar. A estrada é bem cuidada, as casas não são imponentes e maravilhosas, mas tem um charme e simplicidade peculiar. Conversando com as pessoas, percebi que são bem diferentes, mas em geral todas iguais entre si: possuem uma conversa calma, e sorriem quando falam. São um pouco tímidas, mas muito simples no jeito de vestir. São esperançosas e gostam de cuidar do que é seu. São pessoas boas de coração. Achei incrível toda aquela calmaria, aquela paz de espírito, e tudo isso está apenas do outro lado da cidade!
Mas, pensando comigo, refleti o que elas poderiam ter de diferente das outras pessoas dos outros bairros e cidades. Só porque são mais simples e humildes elas seriam as mais bondosas? No fundo todos somos pessoas boas, basta dar nos a oportunidade. Quem não gosta de ser tratado com interesse e respeito? E muito mais de que isso, precisamos de um ambiente para aflorar as coisas boas que o Ser Humano possui. Onde existe paz, futilidades não crescem.
É engraçado dizer, mas tudo isso passou por minha cabeça enquanto eu pedalava, e comecei a acreditar mais nas pessoas. E me senti feliz por isso. O ciclismo, não como uma forma de competição, mas de lazer, não fez apenas bem para minha saúde e mudou meus conceitos, mas fez com que todos a minha volta fossem beneficiados com as atitudes certas.
** Abaixo, a explicação do blogueiro sobre suas intenções com o blog no Município Mais **
Meu blog geralmente reflete meu estado de espírito. Em determinados momentos me sinto inspirada para falar sobre a vida, e em outros, apenas fazer com que meus seguidores apreciem a beleza de uma foto. Resenho os livros que considero muito relevantes e exibo fragmentos meu passatempo preferido, o artesanato. As vezes conto algum infortúnio que me ocorreu. E tenho ainda o conto ” O Rosto na Vidraça” que, quando aparece alguma folguinha na correrria que é o meu dia, escrevo e publico mais um capítulo. http://lucyinmars.blogspot.com.br/
Apreciem e comentem!