Um
dos filmes mais emblemáticos que vi sobre Educação é “O Preço do Desafio”, de
1988. O filme traz Edward James Olmos como o Professor Jaime Escalante, um
boliviano que abandona uma carreira promissora na indústria de informática para
lecionar em um colégio no subúrbio de Los Angeles. O colégio lembra muito as
escolas públicas brasileiras: falta de estrutura, indisciplina, desmotivação,
decadência intelectual. Na sala de aula, um quadro degradante: semianalfabetos,
gente desleixada, indisciplinados e bandidos, misturados a alguns alunos bons,
mas desmotivados e com o processo de aprendizagem atrasado.

Como
Escalante não conhecia os intelectuais de esquerda que dominam a pedagogia no
Brasil, começou a enfrentar o problema exigindo disciplina, frequência e resultados.
Passou maus bocados até conseguir a adesão da turma ao seu projeto. Contra a
opinião dos dirigentes da escola, conseguiu introduzir naquela espelunca o
ensino de “Cálculo”, uma matemática avançada que poucos dos melhores colégios
dos EUA ousavam ensinar.

Para
quem realmente gosta de Educação, o desenrolar do filme é de encher os olhos e
o coração. Não se veem discursos marxistas contra a dominação capitalista,
ninguém fala em luta de classes, ninguém é tratado como “coitadinho” por ser
pobre ou descendente de hispânicos. A metodologia do Professor Escalante é
exigir o máximo e mais um pouco dos alunos, sem trégua, sem choro, mas, ao
contrário, compensando com mais esforço que o normal as desvantagens sociais
dos estudantes.

O
resultado é que ele conseguiu aprovar uma turma inteira no “Exame Nacional”, o
que, no sistema educacional norteamericano, dá acesso às mais cobiçadas
universidades.

Esse
filme deveria ser visto pelo menos uma vez por semana pelos educadores
brasileiros. Nós, ao invés de compensarmos com esforço extra nossas
deficiências, exigindo mais leitura, mais matemática, mais história, mais
ciência, estamos preocupados com uma ilusória emancipação política dos pobres,
sem que estes mudem a si mesmos, tornando-se mais competentes. Nossa educação
está mais interessada em formar militantes de esquerda que efetivamente em preparar
as crianças e jovens para os imensos desafios da vida. O militante de esquerda
típico é aquele que fica esperando a mudança social através de uma virada de
mesa, quando o tal socialismo se torne realidade e ele consiga uma “boquinha”
no governo.

Aqui
no mundo real, a mudança positiva só se fará com muito mais esforço, muito mais
disciplina, muito mais trabalho. Que o Professor Escalante nos inspire!