O Encontro na Comunicação Humana
Na semana passada, escrevi algo a respeito da redescoberta do encontro na comunicação humana. Também, lembrava que para a eficácia do encontro, na comunicação humana, está relacionada à escuta e ao diálogo. Sem a presença dessas realidades não é possível um autêntico encontro de pessoas nem a eficácia do encontro para a comunicação entre pessoas humanas.
Estas duas realidades (escuta e diálogo) que servem como mediações, para o encontro entre pessoas cumprirem sua missão de comunicar, são requisitos indispensáveis. Seja para os encontros virtuais ou presenciais. É evidente que o significado e o valor comunicativo pendem para o presencial. Isto é, o encontro presencial, face a face. Em ambos, são necessários a escuta e o diálogo, sempre é bom lembrar. Claro que não se pode admitir a presença de agressividade, de desrespeitos, preconceitos…
O encontro sempre foi, ao longo da história da humanidade, o elemento central da comunicação humana e, por isso tem que ocupar o lugar de destaque nos processos da comunicação humana. Afinal a comunicação é fundamental para a convivência verdadeiramente humana. É, por meio dela, que o ser humano explora, aprende e descobre o próprio mundo. O próprio indivíduo e grupos sociais e culturais podem compreender-se uns aos outros e fortalecer seus vínculos, sua vida e suas culturas.
A Filosofia só praticamente no início do século XX descobriu a presença do “outro”, do “tu”. Sempre foi privilegiado o “eu”. Foi, na primeira metade do século XX, que grandes pensadores (lembro apenas alguns: Gabriel Marcel, Jean-Paul Sartre, Emmanuel Mounier, Levinas, Martin Buber…) começaram a se debruçar sobre o significado e o valor do “outro”, do “tu” na vida do “eu”. O “eu” só existe porque o outro o constitui. Sozinho não sou nada. Assim também a comunicação verdadeira só acontece entre duas pessoas. Portanto, entre um “eu” e um “tu”. É necessário um “inter+locutor” (locutor vem do latim do verbo loqui=falar, portanto, entre “eu” e “alguém” [um tu] que me escuta e me responde-fala).
Desta forma, é na complementariedade entre um “eu” e um “tu”, nos encontros digitais ou físicos que vai construindo a vida e a comunicação humana. Assim podem ser entendidas e vividas as redes sociais. Não são redes de “coisas” como são, por exemplo, as redes dos pescadores feitas de fios e nós, mas de pessoas de carne e osso, que enxergam, pensam, tem coração, têm afetos, de paixões, têm defeitos, têm dons, amam…
Se entendemos que ninguém se basta a si mesmo, mas que, por natureza, somos um ser comunicativo, dialogal e que temos que estabelecer vínculos, elos, relacionamentos para o nosso pleno desenvolvimento humano e para a nossa missão, neste mundo, percebemos o valor do contato e do encontro com o outro que nos constitue.
Mais ainda, percebemos que esses contato e encontro não podem ser agressivos, violentos, desrespeitosos, preconceituosos… porque não somariam para o nosso desenvolvimento pleno, tanto do “eu” como do “tu”. E, consequentemente, não auxiliariam na construção do “nós”, a comunidade, a sociedade de pessoas humanas conscientes e responsáveis.