Com a população de Brusque crescendo exponencialmente, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) é compelido a investir na ampliação do abastecimento de água. Nesse contexto, a nova Estação de Tratamento de Água (ETA) na localidade da Cristalina, em Dom Joaquim, é a peça-chave, pois projeta-se que garantirá crescimento na produção por mais três décadas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Brusque chegou aos 128,8 mil habitantes em 2017 – aumento de 2,39% em relação ao ano anterior. Perante 2010, o crescimento foi de 22,09%.
Essas estatísticas demonstram o porquê de o Samae ter anunciado, neste ano, que construirá uma nova ETA na Cristalina. Segundo o diretor de ETA, Márcio Cardoso, a decisão foi tomada após um longo e detalhado estudo de crescimento populacional por bairros e localidades, feito pelo Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan).
O Projeto Cristalina, assim batizado no Samae, foi considerado o que melhor atende as demandas populacionais da cidade. Embora fique relativamente distante do Centro, a localidade reúne características importantes para a autarquia.
Naquele ponto, a água do rio Itajaí-Mirim tem mais qualidade, é abundante e a região tem boa profundida para captação, conforme testes preliminares.
“Não é apenas a qualidade, é o volume. Hoje, por exemplo, se tirássemos 600 litros por segundo na Cristalina, mais os 300 litros no Centro, não faria falta ao rio Itajaí-Mirim”, diz Cardoso.
Outros lugares foram considerados para receber uma nova estação de tratamento. Inclusive um outro ponto da Cristalina esteve na “disputa”. Em 2015, o Samae chegou a licitar uma estação de tratamento metálica que seria instalada na antiga estação da Renauxview, próximo a ponte Mário Olinger, próximo ao Corpo de Bombeiros, no Centro. Mas o projeto não foi adiante.
Neste ano, foi batido o martelo sobre a nova ETA na Cristalina. Segundo Cardoso, o prefeito Jonas Paegle e o vice Ari Vequi analisaram e aprovaram a nova estação neste local. A ideia do Samae é terminar a obra da nova ETA até 2021.
Distância
Por ficar distante de regiões mais populosas de Brusque, há um custo alto para implantar a tubulação que levará a água da Cristalina para as casas. Porém, o valor não chega a inviabilizar o projeto, de acordo com o diretor de ETA da autarquia.
“Tem um investimento para levar, mas uma coisa supre a outra. O estudo feito é muito sério, que começou com dados do Ibplan sobre incremento populacional por bairros, reservação, diâmetro, pressão, altura, entre outros fatores”, diz Cardoso.
A água será captada e tratada na Cristalina, por isso o custo não fica tão alto. Por enquanto, o projeto ainda é inicial, sequer o projeto executivo está feito, por isso não há cifras exatas.
Nova ETA significará economia para o Samae
O Samae de Brusque possui a ETA Central e mais seis sistemas isolados, que ficam nos bairros Bateas, Dom Joaquim, Volta Grande, Santa Luzia, Zantão, Ribeirão do Mafra e Limeira. Mas este cenário de produção descentralizada deve mudar, uma vez que a nova estação entre em operação.
Dados do próprio Samae demonstram que manter esses pequenos sistemas isolados nos bairros é custoso para a autarquia. Por exemplo, o valor gasto por litro de água na ETA Central é de R$ 0,11 – o mais baixo, apesar de a estrutura corresponder a 70% do total do abastecimento no município.
Planilhas de custos fornecidas pelo Samae revelam que o custo por litro em Dom Joaquim, por exemplo, é o mais alto: R$ 0,52. Segundo o diretor de ETA, até pouco tempo atrás havia a concepção de que esses sistemas isolados não eram caros, mas os números provam o contrário.
“A Cristalina vai dar uma folga para Brusque. Teremos um incremento de 100 mil habitantes nos próximos 30 anos. Não podemos mais coletar em pedacinhos, é criar problemas para a população futura”, afirma Cardoso.
Coletar em pequenas quantidades é oneroso porque gasta-se com produtos, pois a qualidade da água captada varia de um ponto para o outro, e despende-se de funcionários. Uma ETA Central tem mais funcionários, mas também produz muito mais.
O início da operação da ETA da Cristalina possibilitará que o Samae realize o processo reverso do que fez desde a sua fundação, na década de 1960, e feche os sistemas isolados. Segundo Cardoso, será possível manter apenas o sistema da Limeira e encerrar os demais, quando a estação estiver completamente em operação.
Cardoso diz que a ETA Central já está na capacidade máxima, enquanto que na Cristalina ainda existe espaço – e rio – suficientes para a ampliação no futuro. De acordo com o diretor, é inevitável que daqui 30 anos a estação do Centro seja desativada, por isso a nova ETA ganha ainda mais importância.
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Legenda: l/s significa Litros por segundo, que é a forma com que o Samae mede a produção d’água.
Fonte dos dados: Samae