Quando conteúdos de especialistas chegam às redes sociais, as informações e públicos se fundem e as ideias se confundem, pois cada informação é direcionada para um público em especial. Comer sem glúten seria para celíacos que hoje contemplam 1% da população e para os sensíveis ao glúten, que estudos têm demonstrado ser entre 6 a 10% da população. Estudos também apontam que a intolerância à lactose atinge entre 25 e 40% dos brasileiros.
Acredito que estamos agindo equivocadamente, cortando nutrientes ou até mesmo grupos alimentares inteiros da nossa alimentação (para quem não tem a necessidade), como se pudéssemos ser mais inteligentes do que o nosso corpo com sua imensa complexidade e perfeição. “Lembram-se da seleção natural?” Adquirimos capacidades às duras penas no processo evolutivo e agora estamos jogando fora nossas aptidões com ingratidão e burrice magistral.
Aos 25 a 40% de intolerantes a lactose e aos 6 a 10% de sensíveis ao glúten e os 1% de celíacos, eu digo: “procurem uma nutricionista funcional ou clínica e um médico que lhe será muito útil. ” Aos que buscam ajustar a alimentação para melhoria corporal entre percentual de gordura e massa muscular, aconselho: “procurem um nutricionista esportivo e um educador físico que lhe farão maravilhas.” Aos que querem comer de tudo e não têm intolerâncias, incluindo as famílias com filhos, eu asseguro: “procurem um nutricionista comportamental, pois o mundo alimentício que vocês desejam é real e surpreendente.
E se você é uma dessas exceções, procure um médico e o profissional da nutrição certo para criar o seu “alimentar saudável”. Não se “trate” nas redes sociais. Na verdade, todos nós, profissionais da saúde, estamos do mesmo lado, e de alguma forma estamos certos e errados, dependendo da perspectiva que analisam o que publicamos.
Cozinha Prática da Rita Lobo é um exemplo do que serve para 90% da população. Ali não se fala de nutriente, mas de equilíbrio alimentar, comer e cozinhar com prazer e ter uma relação feliz com a comida. A Rita Lobo foi uma luz no momento em que ninguém mais sabia o que é “comer normal”, é um exemplo em forma de programa culinário do que é “comer direito” nos ensinando a nutrir o corpo e a alma.
Bela Cozinha da Bela Gil é um programa com conceitos diferentes de comer, é uma filosofia de vida e não apenas mais um programa de culinária, pois leva em consideração as necessidades humanas, mas abre novos horizontes para enxergarmos um estilo de vida com mais respeito aos direitos de viver do outro e de todo o nosso ecossistema, antes da satisfação pessoal. E convenhamos, relutamos porque somos egocentristas demais para aceitar tal filosofia, mas compreendemos que estamos matando nosso planeta de forma desavergonhada. Precisamos de muitas Belas Gil para nos fazer ter um pouco mais de juízo.
Muitas Belas e muitas Ritas existem, entre tantas falsas publicações, nos programas de tevê ou nas redes sociais. Apoderem-se de conhecimento e protejam a sua alimentação e a alimentação dos seus filhos de informações descontextualizadas. Busquem a informação certa para o público certo. Filtrem as informações consumidas e tirem de cada oportunidade a mensagem implícita e o aprendizado que são capazes de nos proporcionar. Nada de dicas de blogueiras, nem de comida sem glúten e sem lactose para quem não precisa. E sejamos benevolentes com quem é ético e tem um pouco a nos ensinar, pois é de nosso livre arbítrio que se faz ou não o nosso “comer saudável” e da diversidade de boas informações que se faz um mundo decente, rico em relações, em conhecimento, incluindo todos, mas optando pelo que nos é cabível.
Janaina Kühn Barni – Nutricionista – Educação Alimentar infantil e Rotina Familiar