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Padroeiro da capela do Areia Alta, em Botuverá, é escolhido por causa de professora de Santo Amaro da Imperatriz

Comunidade passou a ter igreja na década de 1950

No limite com Vidal Ramos, moradores do bairro Areia Alta contam com uma capela desde 1954, época do vigário Carlos Enderlin. A primeira foi uma pequena igreja de madeira, onde também funcionava a escola primária do bairro.

Os atuais capelães, Santos Rezini, de 81 anos, e Ivone Maria Comandolli Rezini, 78, explicam que, na época, uma professora natural do município de Santo Amaro da Imperatriz lecionava na escolinha de madeira.

“Fizeram a igreja e não sabiam que santo colocar, então decidiram pelo Santo Amaro”, conta Santos. Ambos não se recordam do nome da educadora, porém o padroeiro continua até hoje, com festa realizada em abril.

Santos e Ivone são responsáveis de manter o local há anos; ela recorda que antigamente ficava uma semana inteira pedindo prenda em Brusque | Foto: Luiz Antonello/O Município

Sobre a igrejinha, o casal recorda que tinha um altar e se fazia a comunhão no local. “Daí foi feita uma sacristia e o padre dormia lá, tinha missa uma vez por mês”, conta Ivone. “Às vezes, menos do que uma vez por mês”, complementa Santos.

Além disso, Ivone recorda que era feita a reza do terço todo domingo de manhã. Em 17 de janeiro de 1973, ocorreu a visita pastoral do bispo Afonso Niehues.

Antiga igrejinha ficava em um morro próximo ao local da capela atual | Foto: Luiz Antonello/O Município

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Anos mais tarde, essa igrejinha de madeira foi demolida para a construção de uma nova capela. A estrutura atual de alvenaria foi feita na época do padre Floriano Martins de Oliveira, em 1976. Santos, que é filho de Eliseu Rezini, relata que doou terras herdadas do pai para a construção.

Já os tijolos foram doados por Boca Cunha e a comunidade auxiliou no resto. “Era feito um mutirão para a construção, com escalas”, detalha Ivone.

Os registros desta obra estão em um livro guardado por Ivone e Santos. As anotações iniciaram em 1975 e, em 1976, começam a ser registradas as compras de materiais para construção. Conforme os escritos, a pintura da capela foi finalizada em 1978.

Registros antigos estão presentes em livro mantido pelo casal Ivone e Santos | Foto: Luiz Antonello/O Município

Ivone ressalta que a construção foi muito importante para a comunidade, pois muitas famílias moravam por lá. Santos recorda que em uma época havia 65 crianças na escola.
“A missa era o encontro de domingo”, diz Ivone. “Jogávamos bocha, baralho”, completa Santos.

Segundo o casal, a comunidade mobilizou grandes festas na igreja para arrecadar dinheiro. Ivone relata que a capela conseguiu muitos recursos, pois diversas pessoas participavam, inclusive de Brusque. Boa parte dos registros está escrito no livro da paróquia.

“Naqueles anos, a gente rezava de manhã. Depois, o povo arrecadava dinheiro para manter a igreja, um trazia uma choca com pinto, outra trazia um queijo, arrematavam. Íamos arrecadando”, completa Ivone.

População em queda

Bancos da igreja são feitos de madeira peroba | Foto: Luiz Antonello/O Município

Desde então, a comunidade diminuiu de tamanho, tanto que a paisagem mudou. O casal recorda que próximo da igreja estavam localizados dois bares e outros estabelecimentos, que já não existem mais.

Além disso, as festas não são realizadas há oito anos. De acordo com o casal, a comunidade conta com aproximadamente 15 pessoas e a missa voltou a ser realizada uma vez por mês.

“O povo foi embora, foram para a cidade, ficou mais ninguém aqui no interior”, diz Ivone. “Para se ter uma ideia, têm missas aqui que está somente eu e Ivone, e o padre no meio”, completa Santos.

Por amor e fé

Luiz Antonello/O Município

Hoje, o casal ajuda na manutenção e limpeza da capela. Eles contam que têm a necessidade de mais apoio da comunidade, principalmente, por terem idade avançada.

Em 1980, Ivone foi ministra da eucaristia e auxiliava no culto todo domingo de manhã. Hoje, o casal ressalta que a diminuição do público resultou na retirada do Santíssimo da capela.

“Para mim, parece que tenho mais fé hoje, não sei se é da idade. Quando a gente é novo não nos preocupamos muito. Porém, fiquei triste pois levaram o Santíssimo, agora temos o sacrário vazio”, conta. “Enquanto eu puder ir, eu vou cuidar, não vou deixar. Porque tenho fé, acredito nesse santo”, completa.

Santos, ao observar que a devoção se fortificou ao longo do tempo, vê que muitos também perderam a fé. “Eu tenho fé, sou católico, mas depois dos 80 anos deveria deixar para uma nova geração”, finaliza.

Luiz Antonello/O Município

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