Desde 1984, quando tive aulas de Educação Moral e Cívica com
um professor militante da esquerda, inclinei-me a uma severa crítica ao regime
militar. Acompanhei atento os desdobramentos finais daquele período: as “Diretas
Já”, Tancredo e tudo o mais. Aprendi que ser inteligente e crítico era criticar
os militares, o capitalismo e tudo o que estivesse ligado a isso. Mas não
conseguia perceber o que estava nas entrelinhas daquele discurso socialista,
travestido de democrático. Como todo mundo que era “inteligente”, eu também era
fã do Che Guevara e outros ícones da esquerda. Li “Olga”, do Fernando Morais, e
aprendi a odiar Getúlio Vargas e a venerar o comunista Luís Carlos Prestes.

Mas depois de Gorbachev eu nunca mais fui o mesmo. Acho que
aprendi, de fato, o que esse pessoal dizia, mas nunca praticava: aprendi a ser
realmente crítico. Como Prestes poderia ser mais democrático que Getúlio se ele
tinha o aparato da União Soviética para implantar aqui uma filial do sistema
político mais perverso da história? “Havia algo de muito podre no reino da
Dinamarca” (para citar Shakespeare) e eu estava começando a farejar a podridão.

Foi dessa forma que, muito lentamente, mas de modo tenaz,
tenho modificado meu entendimento acerca do governo militar. Tal como Getúlio
em 1935, os militares estavam diante de um movimento orquestrado para,
novamente, tentar implantar o socialismo no Brasil. Com o apoio de grande parte
da sociedade, tomaram o poder e começaram a combater esses grupos. Fazia parte
dessa trupe uma certa guerrilheira, chamada Dilma Roussef, de um grupo
terrorista com extensa ficha criminal.

Não defendo os excessos do regime. Os militares cometeram
muitos erros, mas não tenho dúvidas de que impediram uma tragédia bem pior.
Hoje, quando os guerrilheiros daquela época estão no poder, falindo a Petrobrás
e construindo portos em Cuba, me parece evidente que o que eles queriam não era
a democracia.

Não admito que, depois de tanto tempo, as pessoas que ainda
se dizem inteligentes simplesmente repitam as mesmas frases de ordem daquela
época. Isso é o avesso de ser crítico: é ser tapado!

Na próxima semana, o 31/03/1964 fará 50 anos. Seremos
certamente bombardeados com intensa propaganda contrária. Convido meus leitores
a fazer o que a esquerda sempre falou: sejamos críticos. Não bebamos
simplesmente o discurso. Não precisamos defender nenhuma das partes, mas
devemos aprender a olhar todos os lados da questão e não ter pressa para tirar conclusões.
Essa é a lição nº 1 da Filosofia.