Para MP-SC, proprietário da Múltiplos deve ser preso, caso liminar seja revogada
Promotoria apresentou manifestação na qual pede ao Judiciário que mantenha suspensão das contratações
Promotoria apresentou manifestação na qual pede ao Judiciário que mantenha suspensão das contratações
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) apresentou manifestação à Vara Criminal de Brusque, solicitando que não seja acatado o pedido de reconsideração da decisão que proibiu o sócio-proprietário da Múltiplos, Everson Clemente, de firmar novos contratos e participar de licitações por meio da empresa.
Nesta semana, advogados da Múltiplos apresentaram recurso contra a medida liminar, sob a alegação, principalmente, de que a proibição de firmar contratos com órgão públicos inviabiliza a sobrevivência da empresa, já que a maior parte de suas atividades são direcionadas a esses contratos.
Alegou também a empresa que a pessoa jurídica não pode ser responsabilizada pelas penas aplicadas à pessoa física, no caso, o seu proprietário.
A decisão, do juiz Edemar Leopoldo Schlösser, apontou que há indícios de que, entre 2013 e 2014, a empresa fraudou nove licitações na então Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Brusque.
Para o MP-SC, esse argumento não merece prosperar. Segundo o promotor Daniel Westphal Taylor, a medida cautelar que proíbe Clemente de contratar com o poder público atinge “apenas reflexamente” a empresa.
Ele diz que situações como essa são corriqueiras nas decisões do poder Judiciário.
Cita como exemplo o fato de que quando um réu é suspenso do exercício de cargo público, evidentemente o órgão público será afetado pela decisão, pois desfalcado de um agente público.
“Imagine-se agora, nestes mesmos exemplos se, como faz aqui a Múltiplos, viessem os amigos daquele hipotético acusado reclamar ao juízo que a pena se estendeu a eles porque eles foram privados da companhia do réu”, explica o promotor, na manifestação.
“Ou então se comparecesse em juízo o chefe da repartição pública onde trabalhava aquele hipotético acusado se queixando que a pena se estendeu à repartição pública porque não contam mais com a força de trabalho do réu”.
Segundo a Promotoria, a empresa continua podendo contratar livremente com a iniciativa privada, “mas isso não parece ser interessante para a empresa”.
“E ainda pode contratar com o poder público, desde que Everson Clemente, a pessoa que por tanto tempo utilizou impunemente a empresa para praticar crimes, se afastar de seu comando”, diz o promotor.
Caso os argumentos da defesa venham a ser acatados, e a empresa seja liberada para contratar com órgãos públicos e participar de licitações, o MP-SC pede que seja decretada a prisão preventiva de Clemente.
O pedido de reconsideração da Múltiplos está pronto para ser julgado pelo poder Judiciário, mas não há data para que isso aconteça.