Pomerode da Porcelana e dos meus Alunos
No último final de semana, depois de muitos anos, voltei a Pomerode. Já não lembrava mais da paisagem urbana, dessa que é chamada de a mais européia das cidades brasileiras. Bastou chegar ao centro para ver que a cidade continua a mesma, sem edifícios e com seu casario preservado. Apenas, as fachadas das casas comerciais estão de cara nova, ao sabor da moderna estética publicitária. Afinal, vender também é preciso! Imagino a emoção agradável que a imagem bucólica das casas bem conservadas e a tranqüilidade da cidade deve causar na retina do turista da primeira viagem.
No mesmo lugar, desde 1945, lá está a fabrica da Porcelana Schmidt. Vale uma visita à loja. Continua a mesma dos tempos iniciais, centenas de pratos e xícaras de todos os tipos e tamanhos à espera do turista-comprador. Vale, também, uma visita ao Memorial, com sua importante exposição de peças históricas e mais emblemáticas, decoradas com belos desenhos e pinturas, verdadeiras obras de arte gravadas na fina, branca, translúcida e requintada louça.
Quem vai a Pomerode, não pode deixar de visitar o seu bonito e bem conservado Zoológico. Fundado em 1932, abriga mais de mil animais e aves, com uma tradição consolidada no campo da educação ambiental. Visitei, ainda, o Museu Ervin Teichmann, com suas belas esculturas em madeira. A casa que pertenceu ao renomado escultor continua preservada pela família e abriga um impressionante acervo de esculturas, pinturas e desenhos do grande mestre da madeira transformada em arte, avô do nosso artista plástico Kao Teichmann.
Não fui a Pomerode, apenas para turismo. O objetivo maior foi de encontrar meus ex-alunos da Furb, formados em 1980, para os quais lecionei Direito Penal e Criminologia. Foi um reencontro emocionante, de muita alegria, para um almoço, na bela casa da colina, oferecido por uma das ex-alunas, agora, conceituada advogada na cidade.
O encontro me fez bem. Ocasionalmente, tenho visto alguns dos meus alunos daquela turma. Outros, fazia tempo ou nunca mais tinha encontrado. Sei bem que é assim. A missão de professor é de compartilhar o conhecimento, de dar asas ao discípulo para voar o mais alto e distante possível. Assim, é natural que o mestre perca de vista, às vezes para sempre, muitos dos seus sempre estimados alunos.
De qualquer forma, para o reencontro, levei a imagem de cada um deles gravada na memória, há mais de 40 anos e congelada na retina. O tempo passou, rápido até. Os cabelos brancos, arautos da mudança, mostravam que não é só professor que envelhece. No entanto, todos me pareciam os mesmos jovens de ontem, chegando sorridentes, contentes, felizes até, para o abraço fraternal, como chegavam para assistir às minhas aulas, naquele já distante tempo. Senti, mais uma vez, que, entre professor e seus alunos, permanece para sempre uma verdadeira amizade forjada nos bancos escolares. Porisso, o reencontro será sempre um momento emocionante de alegria e de felicidade.