Parecia ser mais um trote. Na quarta-feira, 26, a mensagem de uma amiga curitibana que estuda medicina em Itajaí, estava apavorada com o que recebia constantemente no seu telefone. “Groh, vamos ficar sem gasolina”. Imagina. Confesso que duvidei. Por mais no fundo do poço que esse país parece estar, preferi não acreditar que o governo deixaria levar adiante a paralisação histórica de caminhoneiros, e confiei que buscaria logo um acerto.
No mesmo instante, saindo do trabalho em Brusque rumo à Itapema, as movimentações nos postos de gasolina formavam filas que aglomeravam carros nas margens das rodovias. O noticiário e as páginas de jornais destacavam o movimento de paralisação dos caminhoneiros.
Ontem, já no quinto dia de greve, estive no vernissage de uma exposição de arte polonesa. O presidente da Fundação José Walendowsky, o jovem empresário João Paulo Walendowsky, mostrou apoio ao movimento dos caminhoneiros. Embora preocupado com a frota da empresa, que transporta combustível, pois parte estaria presa na paralisação em Indaial (SC), a família entende mesmo assim a necessidade do movimento. Um grupo de Curitiba que acompanhava o cônsul polonês Marek Makowski estava ali na Sociedade Paysandu, mas incerto se conseguiria retornar a Curitiba.
Glauco José Corte, presidente da FIESC, anunciou durante a semana que a agroindústria de Santa Catarina está acumulando percas de R$100 milhões por dia. A União diz que o movimento é inconstitucional, que em tempos de paz o brasileiro tem direito e ir e vir. Olha só, esse governo, falando de constituição em meio a exaustivos anúncios de corrupção. Um governo sem credibilidade, com previsões muito controvérsias ao momento atual da economia.
O Brasil é dependente de rodovias e caminhões. Reflexos da linha modernista na política que está na prática há mais de 60 anos. Seguimos estagnados, representados na rodovia, muito além de uma crise política e econômica. Mas uma crise histórica, de um país que parou no tempo, como se a indústria automobilística ainda estivesse nos anos 1950. Quem levanta a bandeira exaustos, são caminhoneiros que transportam… tudo o que hoje falta no mercado.