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Primeira comunidade de Botuverá a ter uma capela, Águas Negras preserva altar da antiga construção

Estrutura foi demolida na década de 1970, quando a nova igreja foi construída

A comunidade do bairro Águas Negras foi a primeira de Botuverá a contar com uma capela. Segundo pesquisa de Pedro Bonomini, registros apontam que na localidade havia uma capelinha de madeira desde 1880 para os fiéis rezarem.

Também, há registros de que a provisão para a construção da antiga igreja teria sido dada em 1898, com conclusão em 1902. Contudo, os registros paroquiais apontam que a primeira citação oficial da capela foi somente em 1914, quando teve a primeira provisão em 20 de janeiro.

Fotografia de Terezinha Maria Dalcegio junto com o pai Izidoro Dalcegio, já falecido, registra antiga capela do Águas Negras; Terezinha é freira em Porto Velho, Rondônia | Foto: Edite Dalcegio/Arquivo pessoal

A capela ficava situada em um morrinho, no outro lado da rua onde fica a estrutura atual, ao lado do salão de festas. De acordo com as memórias de moradores, antes de ser aterrado, esse morro era mais alto, tinha uma escadaria e, na descida da rua, havia uma gruta.

Luiz Antonello/O Município

Na década de 1970, essa antiga estrutura foi demolida durante a construção da nova igreja, que permanece na comunidade. O morador Guilherme Araldi, de 89 anos, guarda boas memórias da capela.

“Era uma igreja muito bonita, foi um pecado desmanchar. Antigamente, o padre vinha a cada três meses, ficava aqui de dois a três dias, depois voltava pra Botuverá. Depois cismaram de desmanchar a capela e fazer a nova”, comenta.

Luiz Antonello/O Município

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A moradora e operadora de máquina Odair Terezinha dos Santos, 65, recorda que a nova capela teve a construção iniciada na época em que o padre Afonso Kürpick era vigário, ou seja, o pároco da paróquia de Botuverá, entre janeiro de 1967 a abril de 1970.

“A construção aconteceu pois o templo antigo ficou pequeno para a comunidade. O padre escolheu o local, uma vagem ao lado do cemitério. A comunidade ajudou em tudo”, relembra.

Odair já participou da coordenação da igreja, quando ainda era chamada de ‘fabriqueiros’, e ainda é atuante no local. Ela fez a primeira comunhão na antiga igreja e também recorda sobre a beleza da estrutura.

Luiz Antonello/O Município

“A parede tinha 30 centímetros de largura, os vitrais eram coloridos, muito bonitos. Tinham desenhos de santos, bastante flores, era redonda por dentro, os janelões a um metro do chão, perto do telhado tinham os vitrais redondos, coloridos. O presbitério era bonito”, relembra.

A demolição da antiga igreja foi em 1977. Já a finalização da nova estrutura, conforme a moradora, foi entre 1978 a 1983, na época do padre Bernardo Emendörfer. No período antes do fim das obras, as celebrações foram feitas no botequim da igreja, o salão de festas, levaram o altar e foram trazidas mais cadeiras.

Luiz Antonello/O Município

A moradora e atuante na capela, Rosa Araldi Oliveira, 54, lembra da antiga igreja com brilho nos olhos. “Era linda”, enfatiza. Ela chegou a fazer a confissão na estrutura, mas a primeira comunhão foi na igreja nova, quando só faltava finalizar o piso.

Rosa recorda que a celebração foi a primeira feita na nova capela, em 1978, quando ela tinha 10 anos de idade. Conforme a moradora, a missa foi celebrada pelo padre Floriano Martins de Oliveira e lotou a igreja.

Altar original

Altar antigo é mantido na nova estrutura | Foto: Luiz Antonello/O Município

Da antiga capela, é mantida a estrutura do altar original, com sacrário e diversos santos, na parte esquerda ao lado da entrada principal. Rosa detalha que o altar foi muito usado na igreja nova, entretanto, após a reforma de 2004, foi feito um novo altar e mantiveram o anterior na parte de trás da estrutura.

A retirada do altar na parte da frente da igreja revelou outra particularidade: um sacrário, que foi doado pelo religioso irmão Guilherme Dalcegio durante a construção da estrutura.
“Ele estava sem cor, desbotado. Mas foi reformado”, diz Rosa.

Luiz Antonello/O Município

Sobre o antigo altar, poucos moradores e ex-moradores da comunidade recordam das celebrações feitas com ele. “As pessoas que vem agora não sabem, só as da minha geração para trás. Alguns vem e lembram do altar, de como era antes”, completa.

Mudanças com o tempo

Luiz Antonello/O Município

Odair relata que, no início, a construção da nova igreja em alvenaria parecia um galpão e a comunidade estranhou. “O padre trouxe o modelo de Corupá e o povo aceitou. Foram feitas reformas ao longo dos anos”, diz.

A moradora recorda que as festas realizadas davam o dinheiro para a construção, que foi paga pela comunidade. “Todo feriado, dia santo, era dia de trabalho para a igreja, tudo voluntário”, continua.

Conforme Guilherme, no passado aconteciam mais festas na comunidade. A padroeira é a Nossa Senhora das Dores, com festa realizada em setembro. Também é feita a festa de São Sebastião, em janeiro.

“Quando tinham as festas, elas começavam na sexta e iam até segunda, duravam quatro dias. Antigamente, tínhamos mais tempo, dava para ajudar, pois trabalhávamos na roça. Hoje, os moradores trabalham nas fábricas e não têm mais tempo”, diz.

Luiz Antonello/O Município

Segundo Odair, a primeira torre foi construída em 1980. A estrutura era quadrada com uma cruz. Já a segunda torre foi feita em 2004, na época do padre Ari Erthal.
Após as obras, a capela ficou totalmente pronta em 2015. “O presbitério foi elevado e agora temos acesso para pessoas com deficiência. Agora, a igreja é bem bonita ”, completa.

Em relação às missas, Odair conta que em uma época ocorriam duas por mês. Já Rosa complementa que em um período passaram a ser mensal. “Agora, é uma missa por semana. Ou sábado ou domingo. Ao menos uma celebração da palavra por mês. A igreja enche mais em dias especiais”, finaliza Rosa.

Capela mantém Cruz Missionária original da década de 1950 | Foto: Luiz Antonello/O Município

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