Primeira noite do espetáculo Paixão e Morte de um Homem Livre emociona público em Guabiruba
Nova apresentação acontece nesta sexta-feira, 15, às 19h30
Nova apresentação acontece nesta sexta-feira, 15, às 19h30
Após dois anos de espera, os voluntários da Associação Artística e Cultural São Pedro (AACSP) pisaram no palco novamente na noite desta quinta-feira, 14, para apresentar a 23ª edição do espetáculo Paixão e Morte de um Homem Livre.
O público praticamente lotou o pátio da igreja São Cristóvão, no bairro Aymoré, em Guabiruba, para acompanhar a tradicional encenação da paixão e morte de Jesus Cristo.
Neste ano, a história foi narrada pela menina Ângela, personagem interpretada pelas guabirubenses Sofia Dirschnabel e Julia Baron. O espetáculo também contou com a presença da atriz Mônica Carvalho, que tem grande experiência na interpretação de personagens bíblicos. A atriz interpretou Maria.
Nesta quinta-feira, o público chegou cedo. Os portões abriram às 19h e pouco antes do horário, várias pessoas já aguardavam para entrar e encontrar o melhor lugar para acompanhar o espetáculo.
>> GALERIA – Veja como foi a primeira noite do espetáculo Paixão e Morte de um Homem Livre
À medida que se aproximava a hora do início do espetáculo – 21 horas – a expectativa do público também aumentava. A plateia foi formada por pessoas de todas as idades, de crianças de colo até idosos.
Dona Olindina Rudolfo, 94 anos, estava muito ansiosa pelo início do espetáculo. Ela foi acompanhada da filha, Nina Rudolfo, e dos netos Gilmara Pinotti e Wendel Rudolfo. Esta foi a primeira vez que ela acompanhou a apresentação.
“Ela vem todo o ano ver o Pelznickel, mas no teatro nunca tinha vindo. Desde que compramos os ingressos e falamos que ela vinha, ela estava ansiosa. Só falava disso”, conta a neta.
Morador de Brusque, Evandro Tomasi também foi com a família assistir ao espetáculo pela primeira vez. Eles decidiram conferir a apresentação da AACSP por ouvirem falar bem da peça. “Viemos pelos relatos de pessoas que já assistiram e falaram que é muito bonito. É um espetáculo que já está consolidado, estamos ansiosos para assistir”, diz.
Carlos Woitexen Filho, 52 anos; Jansen Gums, 40 anos, e Vagner José Valentim, 36 anos, são os responsáveis por dar vida ao personagem principal do espetáculo: Jesus Cristo.
Os três já interpretaram Jesus em outras edições do espetáculo, mas são unânimes: a cada ano, a emoção é diferente.
Carlos é o mais experiente. Ele tem a responsabilidade de interpretar Jesus no espetáculo desde 2001. “O frio na barriga sempre tem. Se não tiver emoção, não é teatro. Todo ano temos um jeito de contar a história, então, cada espetáculo é único”, diz.
Nesta edição, Carlos aparece nas cenas dos milagres, na Santa Ceia e também na cena da ressurreição.
“Há algum tempo eu não fazia a cena da Santa Ceia. Ela é muito emocionante. A da ressurreição é muito marcante também, é forte. É ali que nasceu o cristianismo. É o que nos faz acreditar, ter fé”.
Esta é a terceira vez que Jansen Gums interpreta Jesus. É ele que aparece nas cenas da via crucis até a crucificação. “Temos que expressar todo o sofrimento, toda a dor. São cenas bem impactantes”.
Jansen aparece no palco pela primeira vez para a cena de Jesus com Pilatos. Depois, ele tem pouco tempo para se preparar e aparecer já carregando a cruz. “São quatro minutos entre uma cena e outra, então é bem corrido. Já preparamos a maquiagem com os ferimentos antes e antes de entrar em cena só finalizamos os detalhes”.
Vagner Valentim interpreta Jesus pela segunda vez nesta edição. Para ele, é sempre uma grande emoção poder dar vida ao personagem principal. “Não dá para descrever em palavras. É muita emoção. Uma sensação nova a cada ano”, diz.
Ele apareceu no palco na cena do julgamento de Jesus por Pilatos, da escolha do povo em soltar Barrabás, na flagelação e na cena final do espetáculo.
As meninas Sofia Dirschnabel e Julia Baron deram vida à menina Ângela, narradora desta edição. Antes do espetáculo iniciar, nesta quinta-feira, elas estavam ansiosas, mas confiantes de que fariam um bom trabalho.
“Por fora estou tranquila, por dentro, estou morrendo de nervosa”, brincou Sofia.
Esta foi a segunda participação de Sofia no espetáculo. Na edição anterior, ela participou como uma criança do povo. Neste ano, teve a responsabilidade de dar vida e emprestar sua voz à narradora da história.
“A cada ensaio fui melhorando mais, me soltando. Todos treinamos muito para este dia. Estou muito feliz em poder participar”, diz.
Sofia se revezou no palco com Julia Baron, que horas antes do espetáculo também estava com frio na barriga, mas feliz em poder participar.
A guabirubense afirma que fez muitas amizades ao longo do último mês, com a rotina de ensaios e que sentirá falta de todos, principalmente da companheira Sofia. “Nos conhecemos aqui e já no primeiro dia ficamos muito amigas. Com certeza, vou sentir muita falta dela”.
Cinco pessoas são as responsáveis por cuidar do figurino, cabelo e maquiagem dos três atores que interpretam Jesus no espetáculo.
Eliane Aparecida Celva Woitexen, Sabrina Hodecker Carminati, Suellen Maria Kohler Angioletti, Camila Orthmann e Ana Luiza Carminati se dividem na produção do protagonista do espetáculo.
Todas voluntárias, elas dedicam o tempo para aprender algumas técnicas de maquiagem artística para poder deixar os ferimentos de Jesus durante a flagelação e a crucificação bastante realista.
O trabalho é bem intenso. Durante o espetáculo, elas tem pouco tempo entre uma cena e outra, e encaram o desafio com alegria.
Eliane faz parte do espetáculo há bastante tempo. Ela é casada com Carlos Woitexen Filho, um dos intérpretes de Jesus, e entrou para a equipe de produção por causa dele.
“Quando o espetáculo veio aqui para o Aymoré, o Carlos foi convidado para fazer Jesus e precisam de gente para a equipe que cuida do figurino e maquiagem do personagem. Como ele era meu marido, entrei para ajudar e estou até hoje”.
Ao longo dos anos, Eliane foi ficando mais experiente, assim como a equipe, que fez alguns cursos para poder aprender algumas técnicas. “Fomos encontrando novos materiais, novas técnicas. Nos dedicamos bastante para este momento. Poder contribuir é muito gratificante”.
De acordo com ela, o ano que tem espetáculo, é diferente para a família. “Até pouco tempo atrás não tínhamos certeza se teria este ano ou não. É uma alegria estar aqui hoje. A Páscoa é muito mais especial quando temos o teatro”.