Professora de Brusque cria projeto para trabalhar empreendedorismo em sala de aula

Alunos puderam conversar com empresários, entre eles Luciano Hang, dono da Havan

Professora de Brusque cria projeto para trabalhar empreendedorismo em sala de aula

Alunos puderam conversar com empresários, entre eles Luciano Hang, dono da Havan

Com o intuito de trabalhar a língua portuguesa e o empreendedorismo em sala de aula, a professora de Português, Juliana Costa Masera, da Escola de Ensino Fundamental Doutor Carlos Moritz, no bairro Zantão, criou o projeto “Empreendedorismo: refletir sobre o passado, vivenciar o presente e criar o futuro”. A turma do 9º ano da escola foi a selecionada para desenvolver a iniciativa, que foi realizada entre março e abril.

Conforme a justificativa da professora, a escolha para realizar o projeto na disciplina de português ocorreu devido à mudança da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que institui alguns temas que devem ser trabalhados em sala de aula.

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Juliana explica que criou o projeto e apresentou à direção antes de aplicá-lo com os alunos. “Falei que não seguiria totalmente a grade, mas iria interligar os assuntos a essas questões de vivência. Eles adoraram a ideia e também acham que esse é o caminho da educação. Não adianta sermos conteudistas e não ensinarmos eles a viverem”.

“Lá na frente eles vão precisar escrever um bom relatório, um bom resumo, fazer uma síntese de alguma coisa e não dizer se uma oração é coordenada ou subordinada, se aquilo é sujeito ou predicado”, diz.

O projeto
A professora percebeu que boa parte dos alunos não são de Brusque ou de Santa Catarina. Muitos não conhecem a história do município e não sabem que a cidade é considerada o berço da fiação.

Com isso, ela pediu aos alunos para pesquisarem em qual empresa e ramo os pais ou responsáveis trabalhavam. “Vimos que na nossa pesquisa pequena, uma amostra de 38 pessoas, a maioria trabalha na área têxtil”, afirma.

Depois os alunos foram divididos em grupos e cada um pesquisou sobre empresas do município, incluindo as centenárias Renaux, Schlösser e Buettner e as atuais que estão fortes no mercado.

Alunos trabalharam no projeto durante dois meses / Foto: Arquivo pessoal

Além de pesquisar a história do estabelecimento, os alunos deveriam entrevistar um funcionário para contar como é trabalhar, se existe verba destinada para ações sociais ou solidárias, e se a empresa tem alguma preocupação ambiental.

“Querendo ou não, a questão da inclusão, da acessibilidade, do meio ambiente são temas transversais que temos que trabalhar em sala de aula. Então tentei reunir tudo isso para não deixar de falar”, explica.

Foi feita uma linha do tempo que ligava a história do município com a das empresas estudadas. Aos poucos, a professora foi mostrando a ideia de empreender aos alunos. Com isso, os estudantes tiveram uma palestra com a redatora da Havan, Ana Paula Mellão, sobre empreendedorismo criativo.

“Ela mostrou que precisamos pensar algo diferente para render no mercado”. Eles também puderam conversar com Odirlei Batisti, empresário do bairro, que mostrou como conseguiu fundar a própria empresa que produz roupas infantis.

Um dos grupos entrevistou um funcionário da Havan, e a professora entrou em contato com a loja para que eles pudessem conhecer o Centro Administrativo da empresa. Os alunos foram recepcionados pelo próprio Luciano Hang, que falou sobre o perfil dos colaboradores da Havan, como respeito, empatia, criatividade. A professora relata que, de acordo com Hang, “se os alunos são pessoas que têm esse perfil, eles são fortes candidatos a serem funcionários da Havan no futuro”.

Depois dessas etapas do projeto, os alunos ficaram responsáveis por criarem a própria empresa. Eles precisaram elaborar vários itens importantes para uma empresa, como público-alvo, estratégias de venda e criação de anúncio.

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Conforme Juliana, os alunos criaram uma rede de coleta socioambiental. Um grupo criou um aplicativo de celular que era um sistema de coleta de lixo reciclado e as demais equipes criaram empresas que produziriam produtos a partir do material reciclável.

Avaliação
Juliana garante que ficou satisfeita com o resultado e pode ver que os alunos estavam empolgados com o trabalho. Os alunos ajudaram as equipes dos colegas indicando pessoas que trabalhavam nas empresas para serem entrevistadas. “Não tinha uma rivalidade, todos estavam se ajudando”.

Segundo a professora, a disciplina foi trabalhada de diversas formas no projeto. Durante as apresentações, eles foram avaliados no uso da linguagem formal e informal e na utilização dos slides. Nos anúncios publicitários eles aprenderam a trabalhar com a argumentação e a linguagem persuasiva.

O projeto já foi inscrito em três prêmios: Prêmio Sebrae, Educador Nota 10 e Professores do Brasil. Os resultados devem ser divulgados no decorrer do ano.

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