Projeto de lei autoriza o uso do celular nas escolas para fim pedagógico

Instituições de Brusque e região acreditam que se utilizado com bom senso, ferramenta auxilia na aprendizagem

Projeto de lei autoriza o uso do celular nas escolas para fim pedagógico

Instituições de Brusque e região acreditam que se utilizado com bom senso, ferramenta auxilia na aprendizagem

Proibido em Santa Catarina há nove anos, o uso dos celulares nas escolas é um assunto que ganhou evidência nos últimos meses. Desde o ano passado tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) o projeto do deputado estadual Antonio Aguiar (PMDB), que altera a lei de 2008 e autoriza a utilização dos celulares para fins pedagógicos.

Com as mudanças tecnológicas sofridas no decorrer do tempo, o aparelho ganhou funcionalidades que colaboram para a aprendizagem. Hoje, na maioria das escolas públicas de Brusque e região, o celular é permitido no recreio e para algumas atividades pedagógicas, previamente planejadas na grade curricular.

Na Escola de Educação Básica Dom João Becker, em intervalos e no recreio, os alunos podem fazer uso da ferramenta. No entanto, se forem pegos dentro da sala de aula pelo professor, o aparelho é retido e levado à secretaria. Se houver reincidência, os pais são comunicados e devem ir à escola.

A assessora da escola Dom João Becker, Carla Helena Bezerra Sgrott, diz que ainda não se discutiu, caso se torne lei, como o celular será utilizado no local. Porém, ela avalia que se usado com maturidade pelo estudante, pode trazer benefícios e gerar ganhos para a aprendizagem.

Assim como preconiza a atual legislação, na Escola de Educação Básica Gregório Locks o uso do aparelho é proibido em todos os ambientes, já que havia, segundo o diretor Nélio Bauer, um abuso, inclusive em intervalos e no recreio. Por outro lado, mediante prévio planejamento pedagógico, atividades já foram realizadas com o uso do celular.

Para o diretor, se for usado de forma correta, o aparelho pode melhorar a qualidade do ensino, mas ele adverte que é preciso observar que nem todos os estudantes têm condições de ter a ferramenta. “Considero que deve ser pensado se é algo que contempla todos, se nenhum aluno poderá ser prejudicado com uma eventual mudança na lei”, analisa.

Também nas repartições da Escola de Educação Básica Yvonne Olinger Appel, o celular é proibido, mesmo que grande parte dos estudantes usem o instrumento. Se o professor ver o aluno usando em momento inoportuno, o aparelho é retido na secretaria. A diretora Darcy Meire de Morais diz que é necessário bom senso quanto ao assunto. “Não tem como ficar alheio à tecnologia, além do que muitas escolas não oferecem infraestrutura aos alunos, como computadores e notebooks. Desta forma, o celular colabora na educação e vem suprir essa demanda. Mas é claro, como para tudo, é preciso bom senso”.

Em Botuverá, na Escola de Educação Básica Padre João Stolte, o celular pode ser usado se contemplar a perspectiva pedagógica, bem como no recreio e nos intervalos. A diretora Sueli Elite Pavesi Martinenghi diz que em determinadas atividades e que se definido criteriosamente como será o uso, o celular traz melhorias à aprendizagem. Ela conta que, inclusive hoje, até mesmo a chamada pode ser feita pelos professores por meio de um aplicativo. “Quando os professores estão sem o notebook, conseguem fazer pelo celular. Há um saldo positivo se usado com moderação”.

Facilidade
O celular é uma ferramenta como qualquer outra que vem facilitar a vida das pessoas. Assim é definida a usabilidade do aparelho pela Mestre em Educação e psicóloga Natália Mueller Jenichen. Ela afirma que a tecnologia sozinha não irá “salvar” a educação, porém, utilizado devidamente por professores e estudantes vem contribuir para o conhecimento.

Natália observa que atualmente, por meio da ferramenta, é possível buscar informações dos mais diversos tipos e trocar experiências com pessoas de muitos lugares em sala de aula. Ela avalia que é necessário um projeto político-pedagógico que explique com clareza sua usabilidade, além de capacitar professores, para que não seja criada uma lacuna entre gerações. “É mais uma ferramenta que vem ajudar, assim como o caderno, o computador. No entanto, é preciso definir a maneira correta de usá-lo”.

Projeto
O projeto do deputado estadual Antonio Aguiar que autoriza o uso do celular para fins pedagógicos entrou em tramitação na Alesc em julho de 2016. Ele diz no texto que é dever do estado e da família preparar o cidadão para o exercício da cidadania e de sua qualificação para o trabalho. Desta forma, segundo o deputado, é preciso legislar sobre assuntos referentes à educação, cultura, tecnologia, pesquisa, entre outros.

“A alteração proposta é no sentido de autorizar o uso da tecnologia como estratégia para trabalhar conteúdos curriculares desde que autorizado pelos professores ou diretores das instituições de ensino”.

13 motivos para tornar o celular ferramenta pedagógica
– Amplia o alcance e a equidade em educação
– Melhora a educação em áreas de conflito ou que sofreram desastres naturais
– Assiste alunos com deficiência
– Otimiza o tempo na sala de aula
– Permite que se aprenda em qualquer hora e lugar
– Constroi novas comunidades de aprendizado
– Dá suporte a aprendizagem in loco
– Aproxima o aprendizado formal do informal
– Provê avaliação e feedback imediatos
– Facilita o aprendizado personalizado
– Melhora a aprendizagem contínua
– Melhora a comunicação
– Maximiza a relação custo-benefício da educação

Fonte: Unesco

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