Projeto resgata a história do jornal alternativo brusquense Cogumelo Atômico

História da publicação, fotos, vídeos, e as 20 primeiras edições do jornal estão disponíveis no site do projeto

Projeto resgata a história do jornal alternativo brusquense Cogumelo Atômico

História da publicação, fotos, vídeos, e as 20 primeiras edições do jornal estão disponíveis no site do projeto

O jornal alternativo brusquense Cogumelo Atômico, que circulou entre os anos 1974 e 1977 via Correios em todo o Brasil, foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da acadêmica de jornalismo da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Maria Zucco, 22 anos. Ela desenvolveu uma peça multimídia com a história da publicação que revolucionou a cena underground de Brusque.

O trabalho foi realizado ao longo de seis meses e o resultado final é uma compilação de todas as pesquisas, entrevistas, fotos e vídeos realizados pela jornalista ao longo do projeto. Tudo está disponível no site www.porumanovaconsciencia.com, criado especialmente para o projeto e que conta, inclusive, com as 20 primeiras edições do jornal já disponíveis.

No site, é possível entender, por meio de uma grande reportagem dividida em cinco capítulos, como surgiu o Cogumelo Atômico, quais as influências de seus criadores: Almir Feller, Aloísio Buss e Celso Luís Teixeira, e qual a importância e o significado da publicação para a época, sobretudo, por ter circulado em um período marcado pela ditadura militar e forte conservadorismo. “É uma peça multimídia. Quis focar nos novos formatos de jornalismo para justamente aproximar as novas gerações”, diz.

Maria conta que sempre pensou em fazer algo relacionado com Brusque em seu projeto de conclusão de curso e, em conversas com amigos, surgiu a ideia de resgatar a história do Cogumelo Atômico. Com a ajuda de muitas pessoas que vivenciaram aquela época e colaboraram com a publicação, a jornalista mergulhou na cena underground brusquense dos anos 70. “Conversei com muitas pessoas que tiveram papel importante no desenrolar do jornal, colaboradores que faziam poesias, desenhos, escreviam para o jornal”, destaca.

A jornalista ressalta que, apesar do reconhecimento nacional que o Cogumelo Atômico teve, as novas gerações não faziam ideia de que a cidade foi o berço de um projeto cultural tão ousado e criativo. “Eles fizeram muita coisa por aqui nos anos 70 além do jornal, shows, teatros, se mobilizavam para fazer programa de rádio, movimentaram o que era possível na época. Foi um movimento muito abrangente e que a cidade não conhece”, afirma.

Maria diz que conhecer a fundo a história da Brusque alternativa foi uma experiência única. “Cada entrevista que eu fazia era uma descoberta que me deixava mais empolgada. Fiquei fascinada em como eles conseguiram criar um movimento tão grande, com tanta informação em uma época que não existia a internet, tudo pelo Correio. Essa história merece ser relembrada sempre”.

Movimento Cogumelo Atômico
Em meio às suas pesquisas, Maria descobriu que os fundadores do jornal e colaboradores estavam se organizando para trazer o Cogumelo de volta à cena, com o Movimento Cogumelo Atômico, que celebra os 40 anos da última edição da publicação.

O lançamento do movimento aconteceu na última sexta-feira, 11, no Espaço Gaivota, e reuniu fundadores e simpatizantes da publicação.

Do dia 4 de novembro até 18 de novembro, a Graf Livraria será palco para uma exposição que reúne fotografia, materiais que foram usados na coletiva nacional de arte de rua por artistas plásticos de todo o país, movimento de arte postal e de teatro, além das 32 edições originais do Cogumelo. “A exposição que o pessoal está organizando está muito legal, com muito material original”.

Além disso, camisetas personalizadas do Cogumelo Atômico estão sendo vendidas na Graf e na Academia Gaivota”.

O Cogumelo Atômico
Nos anos 70, um grupo de jovens hippies criou um pequeno jornal mimeografado que percorreu o Brasil inteiro pelo Correio e, através dele, movimentou toda a cena artística da cidade com exposições de artistas plásticos, poetas e músicos.

O projeto durou quatro anos e resultou em 32 edições. As 15 primeiras edições do jornal foram mimeografadas. A partir de 1975, o jornal passou a ser impresso em uma gráfica no sistema offset em Brusque.

Nas primeiras edições, foram feitas apenas 30 cópias, mais tarde, com a repercussão do projeto, o jornal passou a ter uma tiragem de 2 mil exemplares, que eram distribuídos um a um, pelos Correios, para todo o Brasil.

Além dos membros do grupo, as contribuições para o jornal não paravam de chegar, foram mais de 400 em apenas um mês. Na época, os brusquenses chegaram a receber mensagens de nomes Ziraldo, do Pasquim, o cartunista Henfil e outros nomes da cena alternativa.

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