Parece que ta tudo contra mim… O forno me detesta, não me ajuda em nada…

É só comigo que esse bolo não da certo. Fiz tudo direitinho, mas não cresceu…

Deixo queimar as preparações mais simples, não sei porque!

Ahhhh não, tenho que cozinhar de novo… Eu na cozinha… isso não vai prestar…

 

E daí leitor, você reconhece essas frases? Elas fazem parte do seu vocabulário gastronômico? Você tem algumas experiências críticas?

Não se aflija, creio que não estás sozinho, caro amigo. Entre uma receita e outra, encontro muitas pessoas que não gostam ou não tem jeito pra cozinhar. Mas e então, o que fazer?

Conversando com algumas pessoas, percebi que determinados sentimentos se repetem, como por exemplo: não ter vontade; não saber o que fazer; não saber nem por onde começar, sem receita não faz nada, não ter vontade de ir ao supermercado e assim por diante!

Vamos começar tendo em mente o seguinte: não tenho obrigação de fazer um banquete, nem de fazer a “melhor receita da família” cada vez que vou para a cozinha. Não tenho obrigação de ir cantarolando e me sentindo a pessoa mais feliz do mundo, só por estar cozinhando. Não tenho obrigação de fazer pratos complicados e demorados. UFA! Não tenho obrigação de cozinhar!

Ache sua zona de conforto, entre nela, fique nela (só pra esclarecer, não é do sofá que estou falando, tá?) e a partir daí vá cozinhar! Tenho a sensação de que sempre que aceitamos que podemos fazer algo e relevamos a pressão, um alívio aparece, uma luz brilha e surgem possibilidades, boas e tranquilas opções. É nisso que quero focar, nas possibilidades.

Quando você se sente livre para fazer qualquer coisa na cozinha, todas as possibilidades são bem vindas, as frutas, legumes, verduras, ovos, carnes, frutos do mar, farinhas e temperos giram à sua frente e misturas inusitadas se apresentam. Então, com equilíbrio e tranquilidade, a mais simples receita fica sensacional, pois fica valorizada por você que se dispôs a prepará-la, sem comparação com outras receitas, sem julgamento. Simplesmente a “sua receita”.

A partir daí se você quiser incrementar, se você tiver vontade de conhecer técnicas e recitas clássicas, se tiver disposição para ver vídeos de receitas, fazer cursos, comprar revistas, se envolver com a gastronomia, pode ser bem legal, mas não é uma condicionante para você ir para cozinha e se divertir livremente.

 


Michelle Kormann da Silva
– gastrônoma