Empoderamento. A palavra, estranha, entrou no vocabulário diário, via mídia e conversas “feministas” – as aspas estão aí só para marcar o fato de que nem deveria ser necessário existir um “ismo” relacionado ao papel e direitos femininos, concorda? Ok, vamos em frente. Empoderamento, a conquista de poder coletivo. Seja via leis, seja através de obras de ficção que vão reforçando a aceitação do rompimento dos clichês (ligados à mulher, nesta conversa… mas poderia ser qualquer outro clichê, inclusive os ligados ao papel masculino na sociedade).
Porque tem a luta e tem o convencimento mais sutil. A luta é necessária. A aproximação, também. Qual será mais eficiente? Provavelmente, só uma boa combinação. Sem luta, dificilmente teremos avanços sociais. Sem conversa, é bem complicado trazer esses avanços para a vida cotidiana, para dentro de casa, para nossas relações mais próximas.
Tudo isso para dizer que o empoderamento está na moda, sim. Ainda bem! E chega em cantinhos que a gente até se surpreende, quando vê as notícias. Você poderia imaginar que o Google faria um trabalho para reduzir a desigualdade de gêneros em termos profissionais… através de emojis?
Emojis, como já sabemos, viraram coisa séria. São uma linguagem. Qualquer um que já tenha passado por um grupo no Whatsapp sabe que é possível se comunicar praticamente usando só os desenhinhos coloridos. Um deles foi até escolhido pelos dicionários Oxford como “a palavra do ano” em 2015. A coisa não é brincadeira. Se vamos abandonar a linguagem tradicional ou se teremos uma nova era “rupestre eletrônica”, é outra história.
O que interessa agora é essa iniciativa do Google, que está propondo para o Unicode Consortium, que aprova ou não as novidades nessa área, a criação e adoção de emojis que mostrem homens e mulheres em suas atividades profissionais. Assim… não precisaremos mais representar uma médica com o emoji de um médico, desvinculando as profissões de um gênero predominante.
Parece pouco? Talvez não seja. A representação da realidade, muitas vezes, define a própria realidade. E aí reside o poder da arte e da comunicação.
Claudia Bia – jornalista e usuária de emojis desde quando eles eram mais simples e se chamavam emoticons