As rodovias são fundamentais para o desenvolvimento econômico de qualquer município. Por elas é que as riquezas produzidas são transportadas para o Brasil e o mundo. No entanto, há relatos frequentes de empresários e moradores de Brusque e região de que as condições de tráfego estão longe das ideais e, para a maior parte das vias, não há projetos que as qualifiquem para o futuro.
Por isso, o Município Dia a Dia publica a partir de hoje uma série de reportagens que irá mostrar a situação das sete rodovias que dão acesso a Brusque, Guabiruba, Botuverá, Nova Trento e São João Batista. A primeira é a rodovia Ivo Silveira (SC-108), que liga Brusque a Gaspar e Blumenau.
A reportagem visitou a via – no dia 20 de outubro, pela manhã – e avaliou as sinalizações vertical e horizontal, a qualidade do asfalto e os acostamentos, até em frente ao Master Shopping.
O principal problema, a olhos vistos, é a qualidade do asfalto. Em vários trechos, há buracos e o calçamento está desgastado. Os motoristas têm de desviar para que os carros não sejam danificados.
Nas situações mais graves, como em frente à Padaria 5.580, existem verdadeiras crateras. Há relatos de que motociclistas já se acidentaram.
A reportagem também encontrou várias placas de sinalização encobertas pela vegetação. Há, também, alguns equipamentos de orientação que estão quebrados e já não é possível enxergá-los.
Ainda no trecho urbano, no bairro Steffen, os moradores reclamam da falta de faixas de pedestres. Eles não conseguem transitar de um lado para o outro com segurança. As poucas travessias existentes, em sua maioria, não estão bem sinalizadas.
Deinfra afirma que contratará projeto
A reportagem entrou em contato com a Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Brusque para saber se há planos de melhoria para a rodovia Ivo Silveira. Os questionamentos foram respondidos pela Gerência de Obras de Transporte, do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra).
Segundo o governo estadual, não há projeto já elaborado para a Ivo Silveira. “O Deinfra está preparando uma licitação para a contratação do projeto, com recursos do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], com o objetivo de duplicar a rodovia. Depois do projeto pronto é que se pode fazer a contratação da obra de duplicação”, informa.
Projeto “perdido”
No entanto, em junho de 2014, o então prefeito de Brusque, Paulo Eccel, entregou um projeto de duplicação da rodovia ao governador Raimundo Colombo. À época, a prefeitura contratou e pagou o projeto para a obra, que estava orçada em cerca de R$ 60 milhões. O trecho em questão vai da frente do Master Shopping até a rótula do Steffen. A ideia era que o governo do estado viabilizasse a obra nos mesmos termos em que foi feito com a empresa Irmãos Fischer, ou seja: a empresa aplica o dinheiro e o governo o “desconta” por meio do abatimento de ICMS.
Faltam faixas de pedestres
Marli Imhof, moradora do Steffen, diz que o maior problema na SC-108, nas proximidades do Mercado Malko, é a sinalização insuficiente. “Tem muito movimento, e não tem faixa de pedestres, não tem nada”, diz a mulher, que já vive na região há 40 anos.
Tatiana Maciel também mora perto do estabelecimento e tem dois filhos pequenos, de 7 e 9 anos. “Precisar ter mais faixas para atravessar. Os meus filhos estão sempre andando por aqui [rodovia], para ir fazer trabalhos da escola na casa dos colegas”, afirma.
Ela chama a atenção para o fato de que a lombada eletrônica que existe ali perto não está funcionando há anos, o que seria mais seguro para os pedestres, na visão da moradora.
Angelita França, funcionária do Mercado Malko, comenta que há muitos acidentes perto da travessia elevada, em frente ao estabelecimento. Além disso, assim como as moradoras, ela aponta a falta de faixas para pedestres como o maior problema. “Atravessar em horário de pico é um problema”, diz Angelita.
Buracos causam danos
No trecho próximo à rotatória da ponte João Libério Benvenutti, que dá acesso à empresa Bilu Alimentos, o maior problema é a qualidade do asfalto, na avaliação de Josemaiqui Pacheco, proprietário da JP Pneus Autocenter. Ele conta que vários clientes chegam reclamando dos buracos.
“Recebemos pessoas que deslocam ou estouram o pneu”, afirma. A má qualidade da via resulta em mais clientes e lucro para ele, involuntariamente. Pacheco diz que também há um alto índice de acidentes na região, dois a três por semana. Dez minutos antes de a reportagem visitar o local, um acidente havia acontecido.
Trânsito e falta de sinalização
Vilmar Balduíno é proprietário da Padaria 5.580, que fica às margens da Ivo Silveira, há pouco mais de 90 dias. Apesar do pouco tempo, ele diz que já viu várias situações de risco por causa da má qualidade do asfalto.
Existem vários buracos grandes e que ficam cheios d’água após as chuvas, o que pode pegar os condutores desprevenidos. Balduíno diz que motociclistas já se “enganaram” e caíram por causa dos buracos.
Ele conta que os clientes precisam esperar muito tempo para poder atravessar no horário de pico. Osvaldo Becker, proprietário do imóvel onde fica a padaria, diz que o problema afeta o movimento. “Percebemos que algumas pessoas vêm, mas deixam de entrar na padaria porque é ruim de atravessar. Viram a volta e vão embora”.
Para Becker, o ideal seria a construção de uma rotatória, devido ao intenso tráfego de caminhões. Um pouco mais adiante, perto da rua Carlos Zen, o motorista Domingos Antunes Ferreira, morador do Volta Grande, diz que a sinalização e o asfalto são muito ruins. “Precisa de um recapeamento urgente”, diz.