Na segunda reportagem da série Raio-X das Rodovias, o Município Dia a Dia percorreu a rua Alberto Müller, também conhecida como estrada geral da Limeira Alta (SC-486), que faz ligação com Camboriú pelo interior do município. A via, por vezes esquecida, carece de infraestrutura básica.

A reportagem esteve na estrada que liga à rua João da Costa, na cidade vizinha, na tarde de ontem. Além de avaliar os problemas da via, também conversou com moradores.

A maior reclamação dos residentes é, sem dúvida, a poeira. Segundo eles, é uma tarefa quase impossível conseguir manter a casa limpa por causa do pó, principalmente com o sol forte do verão brusquense.

Já quem trafega pela via de moto diz que a poeira é especialmente ruim quando se está atrás de outro veículo. O pó prejudica a visibilidade e coloca o motociclista em perigo.

A infraestrutura básica, como acostamento e pavimento, é inexistente. Além de terra batida, os moradores afirmam que não é feito o patrolamento há muito tempo.

A chuva de alguns dias atrás causou buracos no trilho de onde os carros passam, que secaram com o sol. Sem manutenção, andar pela estrada exige cuidado e velocidade baixa para não causar danos ao veículo.

O carro da reportagem percorreu a via até a altura do número 11 mil. Neste trajeto, a trepidação foi tanta que o vidro elétrico do veículo parou de funcionar por alguns minutos.

Já as sinalizações vertical (placas) e horizontal (como faixas de pedestre) não existem. A via tem várias curvas fechadas, porém, não existe qualquer indicativo para tomar cuidado. Também há partes mais estreitas, onde não passam dois veículos pesados, sem qualquer sinalização.
Acostamento é algo longe da realidade da estrada. Nas áreas onde há casas, a via é mais larga e é possível estacionar, contudo, são pontos específicos.


Com projeto, sem previsão

A reportagem entrou em contato com a Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) para questionar sobre o asfaltamento ou pavimentação da rodovia. Foi perguntado sobre a existência de projeto, prazo de início e fase de execução.

A Gerência de Obras de Transporte (GOT) do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) limitou-se a responder que o projeto executivo para a pavimentação do acesso Brusque a Camboriú está pronto desde 2014.

A Gerência não informou prazo, se existe dinheiro ou previsão de quando a obra pode entrar nos planos do estado.

História antiga

A reivindicação pelo asfaltamento do acesso entre os dois municípios é antiga. Em 2014, o governador Raimundo Colombo assinou a ordem de serviço para a pavimentação de 33 quilômetros da estrada.

O serviço seria executado pela empresa Sulbrasileira de Serviços de Engenharia. No entanto, nada foi feito na prática. Em 2015, a ADR de Brusque informou que seriam liberados R$ 6 milhões para a pavimentação de 10 dos 33km. O serviço começaria por Camboriú.

Ainda em 2015, a ADR de Itajaí incluiu o asfaltamento como uma das suas prioridade no Orçamento Regionalizado para 2016. Segundo a agência, a obra na via seria importante para desviar parte do trânsito que hoje usa a BR-101, mas o ano está no fim e nada saiu do papel.
A Prefeitura de Brusque já quase executou a obra, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Pavimentação, mas o projeto não foi executado.


Dificuldade para os ônibus

Marta Inês Cavichioli mora na rua Alberto Müller, já na parte mais conhecida como estrada geral da Limeira Alta, há seis anos. A pensionista diz que o principal problema da via é a poeira. Manter a casa limpa é um desafio.

Marta Cavichioli diz que buracos atrapalham passagem do transporte coletivo / Foto: Marcos Borges
Marta Cavichioli diz que buracos atrapalham passagem dotransporte coletivo / Foto: Marcos Borges

No entanto, outro problema que preocupa Marta é o transporte coletivo. O ônibus do consórcio Nosso Brusque passa em frente à sua casa, mas não se sabe por quanto tempo. “O ônibus nem ia vir mais por causa dos buracos”, conta.

Uma neta dela também estuda na escola Alberto Pretti. Segundo Marta, a estudante tem de aguentar o calor e a poeira diariamente. Em frente à casa dela, o barro está irregular por causa da chuva.


Poeira é insuportável

Laura da Silva de Souza mora um pouco mais adiante na estrada. A sua casa fica afastada cerca de 40 metros da rua. No caso dela, algo bom, pois evita a poeira. “A poeira para quem mora na beira da estrada é muito ruim”, afirma a aposentada.

Laura da Silva de Souza diz que poeira atrapalha a vida dos moradores / Foto: Marcos Borges
Laura da Silva de Souza diz que poeira atrapalha a vida dos moradores / Foto: Marcos Borges

Ela reside neste endereço também há seis anos. O maior problema, na visão dela, é a poeira. “A gente sai limpinha e encontra alguém [carro] no caminho, aí fica suja”.

A aposentada diz que o asfaltamento da estrada é uma promessa antiga. Ela também tem um filho que vai à escola Alberto Pretti e tem de aguentar a poeira diariamente.


Perigo aos motoristas

Rosana Rocha reside para cima do número 11 mil da estrada, já perto do limite com Camboriú. Ela trabalha no Centro de Brusque e precisa cortar a Limeira Alta duas vezes ao dia de moto. A motociclista diz que é perigoso.

Rosana Rocha passa de moto pela estrada duas vezes ao dia / Foto: Marcos Borges
Rosana Rocha passa de moto pela estrada duas vezes ao dia / Foto: Marcos Borges

“É uma buraqueira”, afirma. “É horrível quando pego um carro em frente, não dá para enxergar nada por causa da poeira”, diz Rosana.
Andreza Adão reside no mesmo trecho da estrada. Para ela, que está grávida, a poeira constante é um problema, mas o mau estado de conservação do pavimento é pior.

“Além de tudo, os buracos são ainda piores”, diz. “Quando dá muita chuva, a rua fica toda esburacada”, complementa Andreza.


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