Principal rodovia para Brusque, a Antônio Heil (SC-486) encerra a série de reportagens Raio-X das Rodovias.
As maiores reclamações dos moradores e comerciantes da região são a falta de segurança e a imprudência dos motoristas – que causa vários acidentes fatais. Pedestres e ciclistas também se arriscam diariamente.
A reportagem percorreu a rodovia até o entroncamento com a BR-101, em Itajaí, neste sábado, 10, por volta de 10h. Foram avaliadas as sinalizações vertical e horizontal, o acostamento e a qualidade do asfalto, além das obras que ocorrem em três pontos da SC-486.
A rodovia carece de sinalização vertical (placas) em diversos pontos. Há poucas placas indicando curvas perigosas ou mesmo limites de velocidade. Mas o maior problema ocorre nos trechos em obras, que quase não têm sinalização.
Para conseguir passar pela parte de obras, o motorista deve ser experiente e conhecer a rodovia. Um novato pode ter problemas, porque as placas não explicam o que deve ser feito de forma clara e objetiva.
Outro problema é a sinalização horizontal (faixas). Em alguns locais onde há duplicação, ainda não foram desenhadas as faixas refletivas, com isso, trafegar por ali durante o dia é um desafio. À noite, torna-se um risco ainda maior, pois o motorista nem sempre sabe dos desvios e buracos.
No quesito pavimento, a SC-486 também deixa a desejar. Há muitas crateras ao longo da rodovia. O asfalto está em péssimo estado na parte já pertencente a Itajaí, bem como em Brusque, mas em menor escala. As partes em bom estado são os trechos com as recentes duplicações.
Diferentemente do que acontece em outras rodovias com grande circulação de veículos na região, como a SC-108, que liga Brusque a Nova Trento, de modo geral, a Antônio Heil conta com acostamento desobstruído para os motoristas.
Fora esses problemas estruturais, a população reclama da imprudência dos motoristas. A rodovia é conhecida por registrar muitos acidentes graves ou até com mortes. Outra reivindicação é a falta de infraestrutura da via.
A Antônio Heil já se tornou a via mais movimentada de Brusque há algum tempo, porém, nesse meio tempo, quase nada foi feito. Agora é que começou o primeiro trecho duplicado, mas os comerciantes dizem que a situação próximo à FIP é urgente e é necessário tomar providências.
Obras seguem em ritmo acelerado
A rodovia Antônio Heil é a única na região que está em obras. O governo do estado iniciou o projeto em 2014 e, segundo o engenheiro de fiscalização Cleo Quaresma, do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), as intervenções seguem em ritmo avançado.
A duplicação em Brusque, em parceria com a empresa Irmãos Fischer, está mais adiantada. De acordo com Quaresma, o acesso aos quatro viadutos funcionam bem. “Vamos fechar o vão central para que a gente possa terminar aquela obra, provavelmente, no primeiro semestre de 2017, porque no verão não temos como ficar mexendo muito, por causa dos comerciantes”.
Quaresma diz que os desvios funcionam bem, por isso não é preciso fazer grandes mudanças. Com relação à obra perto da Epagri, a colocação do viaduto está 80% concluída. Neste momento, são feitas as marginais para, depois, executar a superestrutura e jogar o tráfego para cima do viaduto.
A obra próximo à distribuidora da Petrobras, em Itajaí, está 62% concluída. “Está faltando concluirmos o último bloco, ainda faltam 48 estacas, e fechar a estrutura. Aí vamos fazer um projeto, que já está pronto, para fazer os desvios correspondentes”, diz o engenheiro do Deinfra.
Falta infraestrutura para atender a demanda
O comerciante José Joaquim Venzon tem o seu negócio perto da FIP. Segundo ele, o maior problema é a falta de infraestrutura da rodovia. O fluxo de carros é intenso, e como há somente duas pistas, formam-se grandes filas.
Venzon diz que os lojistas fizeram uma proposta ao então prefeito Paulo Eccel para que fosse feita uma “miniduplicação”. A ideia é asfaltar o acostamento e fazer mais duas pistas, assim como acontece em frente à Havan.
Até hoje, a ideia nunca saiu do papel. Venzon diz que, se possível, irá levar essa sugestão ao próximo prefeito, para melhorar a condição dos comerciantes da Antônio Heil.
Perigo para ciclistas e pedestres
Com um alto índice de acidentes graves, a Antônio Heil oferece perigo para ciclistas e pedestres. O estudante Héricles Silveira dos Santos passa pela rodovia diariamente de bicicleta para ir à escola.
“O movimento é o mais complicado. É muito perigoso”, afirma o jovem ciclista que mora em uma rua transversal da SC-486, perto da Irmãos Fischer.
A atendente da Sodepan, Camila Carneiro, trabalha e mora às margens da Antônio Heil. A região da confeitaria é conhecida porque ali aconteceram vários acidentes graves. Para Camila, o maior problema é a falta de segurança para as pessoas. “É muito movimento, a gente não consegue atravessar de um lado para o outro”, afirma.
Motoristas são irresponsáveis
A junção do asfalto ruim, falta de sinalização, fiscalização falha e motoristas irresponsáveis são acidentes, por vezes, com morte. Bento Nicoletti, da Bento Moto Oficina, considera a alta velocidade o maior perigo a quem passa pela rodovia.
“O certo era ter uma lombada, porque o pessoal acelera demais”, afirma. Perto dali, existe uma lombada eletrônica, entretanto, está desativada.
Avelino Tombosi também mora na região. Ele concorda que muitos motoristas abusam da velocidade e diz que já viu muita imprudência. O morador também reclama da falta de drenagem. Segundo Tombosi, quando chove, as transversais enchem d’água e isso tem causado transtornos.