Realização de eventos em frente ao pavilhão dependerá de acordos com a família Hoffmann

Entidades temem clima de indecisão e, algumas, já buscam plano alternativo

Realização de eventos em frente ao pavilhão dependerá de acordos com a família Hoffmann

Entidades temem clima de indecisão e, algumas, já buscam plano alternativo

A situação envolvendo o terreno em frente ao pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof volta à tona após longas negociações entre a Prefeitura de Brusque e a família Hoffmann, proprietária da área. Segundo o advogado Marcus Antônio Luiz da Silva, que representa os proprietários, a realização do Rodeio Crioulo e da Festa Nacional do Jeep (Fenajeep), por exemplo, dependerá do aval dos seus clientes.

“A partir do ano que vem, é muito provável que, para que ocorram, as coisas devam ser combinadas com meus clientes. Mas nada impede que, se não estiverem utilizando a área, ceda-se o espaço”, diz o representante legal da família.

Os Hoffmann eram donos do terreno que inclui não só as pistas de kart e de bicicross, e o espaço onde é realizado o Rodeio Crioulo e a Fenajeep, mas também do espaço do pavilhão. Após anos de negociações, eles fecharam acordo com a prefeitura em 2015 para que o terreno em frente ao pavilhão volte à posse da família, como pagamento pela área ocupada pelo poder público.

Segundo Silva, a posse jurídica do imóvel já é da família Hoffmann. No entanto, ainda faltam trâmites burocráticos para que o terreno como um todo seja desmembrado em dois: o do lado do pavilhão fica para a prefeitura, o do lado oposto, volta aos antigos donos. Esse é o último passo, mas os Hoffmann já respondem pela posse do terreno.

“Não obstante a posse jurídica ser dos meus clientes, enquanto for possível e não prejudicar o interesse deles, as coisas podem acontecer. Por exemplo, o Kart Clube vai ter campeonato até o fim do ano. Como estão demarcando, não atrapalha”, afirma o advogado.

No momento, a prefeitura faz a demarcação de duas ruas que passarão pelo terreno. A construção de ambas estava prevista no acordo assinado pela família e a prefeitura, e que teve a chancela da Câmara de Vereadores.

Os prazos para a construção das ruas e para a saída das entidades e dos eventos tiveram de ser alterados porque houve demora na homologação do acordo. Além disso, houve as trocas de prefeito desde então.

A princípio, o Brusque Kart Clube, o Brusque Jeep Clube, o CTG Laço do Bom Vaqueiro e os praticantes do bicicross terão de procurar um outro lugar para as suas atividades ou terão que negociar com os Hoffmann. Não existe definição se haverá cobrança de aluguel ou apenas a cessão.

Perda para a cidade
Questionando com a possibilidade concreta de que a cidade perca eventos de projeção nacional como a Fenajeep, o diretor da Secretaria de Turismo, Norberto Maestri, o Kito, diz que se trata de uma justiça com a família. Ele era vereador em 2015 e votou a favor da negociação.
“Precisamos nos adaptar ao que temos”, afirma. Kito considera que haverá uma perda grande para o município, se a família decidir ocupá-lo, mas é “uma decisão coerente”.

Vila Olímpica
À época que o acordo começou a ser costurado, ainda no governo de Paulo Eccel, apresentou-se como opção para as entidades a Vila Olímpica. O espaço receberia as novas estruturas e a prefeitura cederia o terreno.
Contudo, até agora nada foi feito no terreno que fica na localidade Volta Grande, no Bateas. Com isso, o plano B das entidades é, praticamente, inviável, se houver um pedido de saída por parte da família. Procurador pela reportagem, Ademir Souza, o Toto, diretor da Fundação Municipal de Esportes (FME), informou à reportagem que ainda não está a par da situação da Vila Olímpica.


Brusque Kart Clube
O presidente do Brusque Kart Clube, Aknaton Camargo, diz que a entidade já trabalha com algumas opções, para caso os Hoffmann peçam o imóvel. O plano B seria a Vila Olímpica, mas como quase nada foi feito, dificilmente avançará.
O mais provável é que o Kart Clube vá para Penha, no Litoral Norte. O clube estuda uma parceria com o Beto Carrero World para usar a pista que há no parque. Apenas um galpão para manter os carros e materiais ficaria em Brusque.


Bicicross
Helcius Zimmermann, da Associação Bicicross Berço da Fiação, diz que a entidade não possui um outro espaço para treinamento. Se, de fato, houver um pedido de posse por parte da família Hoffmann, o que lhe é de direito, os praticantes da bicicross ficarão sem local para treinamentos.
Além disso, Brusque também recebe etapas do Campeonato Catarinense da modalidade, que deverão ser realizadas em outras cidades.


CTG Laço do Bom Vaqueiro
O espaço em frente ao pavilhão também sedia anualmente o Rodeio Crioulo, evento de projeção estadual que é realizado pelo CTG Laço do Bom Vaqueiro. O patrão do CTG, Mano Hoffmann, afirma que a entidade não tem um outro lugar em vista para substituir o atual.

O plano B seria a Vila Olímpica, afirma Mano, mas ele admite que essa alternativa não tem andado. O rodeio deste ano está mantido no mesmo endereço, segundo o patrão do CTG, mas as outras edições dependerão de negociação com a família.

Mano faz parte da família Hoffmann, mas não é um dos donos do espaço. Willy Hoffmann, que era dono da área, era primo do pai dele, ou seja, seu primo de segundo grau. Os herdeiros são, portanto, primos de terceiro grau de Mano.


Fenajeep
A Fenajeep é um dos maiores eventos que ocorrem em Brusque. Turistas de várias cidades vêm ao município para participar. No entanto, se não houver acordo com a família Hoffmann, existe a possibilidade de que o evento para outra cidade, segundo o presidente do Brusque Jeep Clube, Vilmar Walendowsky, o Negão.
“Se a família não ceder, temos que ver o que fazer, porque não temos outra área em Brusque”, diz Negão. Uma conversa decisiva deverá ocorrer em julho, logo depois da 24ª edição da Fenajeep.
“Somos bairristas, estamos há 24 anos em Brusque, somos daqui e queremos continuar”, diz o presidente. Entretanto, sem acordo, não devem faltar cidades interessadas em receber a Fenajeep. No ano passado, Balneário Camboriú manifestou interesse.
Negão é cético quanto ao uso da Vila Olímpica. Segundo ele, para que o espaço tenha a mínima estrutura para um evento, serão necessários vários serviços. Na visão dele, são necessários pelo menos cinco anos para garantir a infraestrutura do local.

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