11Há quem diga que muitas lições poderão ser aprendidas nos incalculáveis erros e acertos, vivenciados nas recentes eleições.  Talvez, enquanto sociedade, levaremos um tempo para processar todas elas. Mas, ainda assim, serão aprendizados.  Um destes aprendizados é sobre as formas de transmissão e geração de conteúdo.

É fato que as redes sociais tomaram proporção gigantesca na vida das pessoas. Também é sabido que, participando das redes, vivemos em bolhas, cada qual com suas afinidades e preferências, fazendo com que enxerguemos somente partes de uma realidade. Partes ou perspectivas sobre determinados assuntos. Os culpados (coitados) são os algoritmos que nos direcionam para um determinado conteúdo, quando realizamos pesquisas, entramos em sites, entre outras formas.

Até aqui, pode-se dizer: tudo bem, são os bônus e ônus da revolução tecnológica.

O que gera interrogações é a ascensão das redes em detrimento às fontes como TV, jornal, rádio, revistas etc. A imprensa tradicional foi colocada em xeque, muitas vezes, por fabricantes de conteúdos falsos. Mais que isso, o trabalho de muitos profissionais do jornalismo, especialistas em economia, política, história, postos em desmerecimento.

Até mesmo a história registrada em livros e artigos científicos, documentada por estudiosos, mestres e doutores, foi ignorada em momentos de discussão. É direito de todos questionar e manifestar opiniões, mas contestar fatos e relatos históricos é demasiadamente insano. A ciência perdeu para os memes.

Além de boa dose de discernimento por parte da população que espalha notícias falsas, precisa-se, com toda a força, da produção de bons conteúdos, da investigação imparcial, da intuição jornalística aliada aos números. Ainda, precisa-se “repensar as coberturas e uma nova forma de dialogar com a sociedade real”, como afirma Carlos Alberto di Franco, jornalista e Doutor em Comunicação.

Assim, quem sabe, teremos lições aprendidas. E, com boa dose de otimismo, futuros debates eleitorais entre a população com profundidade e seriedade que estes merecem. É um longo caminho. Comecemos trocando curtidas nas redes por livros. E coraçõezinhos por abraços reais.


Clicia Helena Zimmermann
– professora