Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil

Rosemari Glatz

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Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil

Rosemari Glatz

Em 2024 o Brasil comemora os 200 anos da imigração alemã no Brasil. O ponto alto, principalmente no Rio Grande do Sul, será o dia 25 de julho, pois, nesta data, em 1824, chegavam à atual cidade de São Leopoldo os primeiros imigrantes de língua alemã. A partir desta data, o Rio Grande do Sul e o Brasil receberam milhares de imigrante de língua alemã. Em Santa Catarina, eles chegaram quatro anos depois, no final do ano de 1828. É importante ressaltar, aqui, que estamos falando de imigrantes que chegaram dentro de uma política específica, dirigida para a captação de famílias formadas principalmente por agricultores.

Antes de 1824, o Brasil já havia recebido outros imigrantes de língua alemã, que em sua maioria se fixou nos centros urbanos, incluindo a “colônia do Rio de Janeiro”. Ou seja, quando se trata de imigração alemã em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, é necessário abordar fenômenos distintos dos que ocorreram com os núcleos coloniais alemães no Sul do país. E aqui vamos nos deter apenas especificamente nos imigrantes de língua alemã que foram para os estados do Sul, cujo bicentenário de chegada é festejado neste ano.

Importante ressaltar que a Alemanha só se tornou o país que conhecemos hoje, com suas fronteiras mais ou menos definidas, em 1871, ano em que o Chanceler de Ferro, Otto von Bismarck, conseguiu reunir, sob a mesma Coroa – a de Guilherme I da Prússia -, os muitos países de língua comum, – com exceção da Áustria, a poderosa rival da Prússia –

Mas o que seria a língua comum? Segundo uma expressão bastante usada, “língua comum” é a definição de uma “nação que não tinha Estado”. Não existia, antes de 1871, um Estado alemão baseado em uma Constituição. Tampouco havia o conceito político-jurídico de cidadania. Alguns historiadores e escritores, inclusive, se referem a divisão territorial alemã como uma verdadeira “colcha de retalho de muitas cores”. Isso porque não havia, antes de 1871, uma cidade ou região na qual se pudesse dizer: “Esta é a Alemanha”.

Marina Michahelles, no artigo a “Colônia Alemã do Rio de Janeiro pelas Lentes do Clube Germânia”, disse que, no período anterior à unificação alemã, o principal referencial para alguém ser considerado alemão era a língua. Assim, eram considerados “alemães” – em função do uso da língua -, os austríacos, os teuto-russos, os suábios do Danúbio, os hannoverianos, a gente de Hansa (de Hamburgo, Bremen e Lübeck), entre outros. Sob este critério, também os franceses, holandeses e ingleses que falavam alemão eram “alemães”. Isso porquê até o ano de 1871 não existia qualquer correspondência entre nação alemã e Estado. A nação era pensada como categoria desterritorializada, dada pela cultura e pela língua.

O escritor Rodrigo Trespach, no seu livro intitulado “1824” (2019), afirma que, embora “o termo ‘Alemanha’ apareça em muitas cartas de colonos e soldados, o alemão que chegou ao Brasil no início do século XIX tem pouco a ver com aquele alemão que chegou por aqui após a década de 1870, quando a identidade política e ao senso comum do Estado-Nação já estavam estabelecidos. Antes disso, segundo Frederick Schulz, citado por Trespach (2019) o imigrante alemão seria um “personagem fictício”, uma vez que debaixo desse rótulo havia uma grande variedade de origens, identidades e culturas.

Em Santa Catarina, a primeira colônia alemã surgiu em 1º de março de 1829, com o estabelecimento da Colônia de São Pedro de Alcântara. Ela foi fundada com imigrantes de língua alemã que saíram da Europa para o Rio de Janeiro e que chegaram em solo catarinense em novembro de 1828, num total de 359 pessoas. Muitas destas famílias, mais tarde, migraram para Itajaí e Brusque, a exemplo da família de Pedro José Werner, e da família de Lauro Muller, primeiro Governador republicano de Santa Catarina.

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