Saindo da base, jogadores do Brusque relatam primeiras experiências no time principal
Dos que já balançaram as redes ao estreante recente e o brusquense que viu o time na arquibancada, todos aproveitam momento de oportunidade às suas maneiras
Dos que já balançaram as redes ao estreante recente e o brusquense que viu o time na arquibancada, todos aproveitam momento de oportunidade às suas maneiras
A quantidade de jogadores do Brusque que saiu das categorias de base para atuar no time profissional aumentou na 11ª rodada do Catarinense, em 22 de fevereiro, quando o meia João Vithor entrou em campo contra o Hercílio Luz. Ele se junta a uma lista que, no atual elenco, tem Dionatan, Lukas Graff, Neto e Robson Luiz. Além deles, outros jogadores têm estado no banco de reservas aguardando por sua primeira oportunidade, como Henrique Zen, Artur, Vinícius e Shinji Yukawa.
Não faz muito tempo que João Vithor esteve perto de desistir. Veio de Curitiba a Brusque em 2021, para o time Sub-17. E depois de um bom início no time Sub-20, começou a decair. Durante as férias, precisou escolher: desistir e ajudar o pai a descarregar caminhões, ou tentar de novo.
“Fui até trabalhar com meu pai, em 2022, no primeiro ano de Sub-20. Ele falou ‘ah, você não quer? Então vamos lá, trabalhar comigo’. Fui lá trabalhar com ele. Mas depois pensei em tentar de novo”, explica. “Eu não estava nem sendo relacionado [para as partidas]. Mas depois, de junho para a frente, comecei a ir bem, e fui me destacando.”
“Acho que o primeiro ano de Sub-20 é o mais complicado para todo mundo. Tem a questão de tamanho. Acho cheguei a maturar bastante fisicamente também no final de 2022″, completa.
João Vithor tem atuado no lado esquerdo do meio-campo, mas fez a função de ponta esquerda na base. Ele esteve bem nos poucos minutos em que esteve em campo contra o Hercílio Luz, o que lhe ajudou a entrar em campo também nas quartas de final, contra a Chapecoense. Contudo, vem se cobrando em relação às finalizações. Quer ser um jogador que marca mais gols.
Com 20 anos completos em fevereiro, “Coxa”, como é apelidado pelos companheiros de time, é um dos poucos que poderá jogar o Brasileirão Série B Sub-20, enquanto concilia seus trabalhos no time principal. A competição terá sua primeira edição em 2025 e o Brusque irá participar.
Enquanto João Vithor tem seus primeiros minutos em campo, Robson Luiz já acumula 17 partidas pelo quadricolor, sendo 13 em 2025. Já foi até titular em cinco oportunidades. Hoje, o centroavante tem um único concorrente na posição: o uruguaio Rodrigo Pollero.
Aos 20 anos, Robson Luiz marcou o gol do empate em 1 a 1 contra o Joinville, na quarta rodada do Catarinense; e fez o passe para o gol de Diego Mathias, que deu números finais à vitória por 2 a 0 sobre o Trem, na Copa do Brasil.
A emoção do primeiro gol como profissional foi inigualável. “Só acreditei na bola, mas nem acreditei na hora do gol. Saí correndo igual a louco, fui pros meus companheiros que estão aqui comigo desde o início, e é isso aí.”
E o segundo gol quase saiu. Teria marcado um golaço por cobertura no jogo contra o Hercílio Luz, mas a arbitragem entendeu que, após a bola bater no travessão, não ultrapassou totalmente a linha.
E o futebol está muito presente na família. Ele é filho de Robson Luiz, meia-atacante com passagens por clubes como Vasco, Bahia, Santos, Vitória, Goiás e Santa Cruz. E, por ter o mesmo nome do pai, o jogador do Brusque sempre foi chamado de Robinho. A mudança se consolidou após a chegada do veterano Robinho ao quadricolor.
“Meu pai é tudo pra mim. Dá várias dicas, me orienta bastante. Dá bastante sermão também“, comenta. Mas, quando a pergunta é sobre se a cobrança é maior do pai ou do treinador, o atacante responde, bem-humorado: o treinador.
“É bom ter essa cobrança, não por apenas cobrar, mas que sabe que você pode dar seu melhor, fazer seu melhor. É normal [a cobrança], ir trabalhando treinando, aproveitar mais oportunidades.”
O zagueiro Dionatan, que também começou a ganhar mais espaço em 2025, reconhece o rigor do técnico, considerando algo positivo para o desenvolvimento como jogador.
“Se tá mal, ele pega no pé, de verdade. E aí é ter cabeça boa. Entrar, escutar e trabalhar. Eu e o Robinho [Robson Luiz] fomos os que mais escutaram no começo. Todo mundo fica ligado, de olho aberto”, afirma.
Vivendo períodos com o time profissional desde 2022, Dionatan conseguiu suas primeiras oportunidades em 2025. E em seu primeiro jogo com titular, marcou o belo gol da vitória por 1 a 0 sobre o Caravaggio.
A transição do Brusque para a SAF impediu a montagem de um elenco completo, e quem mais pôde aproveitar a turbulência do início da temporada foram os jovens. Apareceram oportunidades e espaços que poucos das categorias de base tiveram nas últimas décadas do clube. Os “miúdos” vem recebendo algumas chances do técnico Filipe Gouveia.
“É muito importante. Subimos agora, e acho que esse ano foi o que mais vi a garotada da base no profissional. O time reserva era praticamente o topo da base [nas primeiras rodadas]. E é muito bom ter isso aí no futebol, dar essa oportunidade pra garotada. É importante, a gente está se dedicando ali no dia a dia, nossa união vindo desde a base”, comenta.
O volante Henrique Zen completa 21 anos em maio e é um dos que luta por uma chance de estrear no time principal. Começou a treinar com os profissionais em 2022, mas duas graves lesões, no joelho e no tornozelo, o tiraram de ação por longo tempo.
Estar jogando futebol e disputando posições no nível de um clube como o Brusque já podem ser consideradas uma conquista. Não só pelas lesões e cirurgias recentes mas também porque, aos 11 anos, Henrique precisou se recuperar de uma fratura no fêmur.
“Só de eu estar sendo relacionado, só de eu estar tá ali já é muito importante, sabe? Por mais que a chance não tenha aparecido, só de eu estar ali, por tudo que passei anos atrás”, comenta.
Diferentemente dos colegas de equipe, o volante viveu o Brusque sempre de muito perto. É nascido e criado no município, e é apaixonado pelo quadricolor desde antes de jogar na base do clube.
“Para mim é muito gratificante estar no clube da minha cidade, onde eu cresci, onde eu nasci. E eu, desde pequeno, vim com meus pais nos jogos, mas o clube ainda não havia tido aquela ascensão como teve ali a partir de 2019, com o título da Série D. E pra mim, fazer parte deste momento é muito gratificante.
“Treinar e poder jogar junto com muitos jogadores hoje que eu só via na arquibancada. É um sentimento de gratidão estar com eles. E saber que tem que continuar trabalhando, mesmo se a oportunidade ainda não chegou [de estrear entre os profissionais], que uma hora vai chegar”, completa.
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