Seleção: brusquense André Baran é convocado para o Mundial de Beach Tennis
Atleta conta caminho que percorreu para chegar entre os melhores do mundo, após menos de cinco anos na modalidade
Atleta conta caminho que percorreu para chegar entre os melhores do mundo, após menos de cinco anos na modalidade
André Baran chegou à Sociedade Esportiva Bandeirante nesta quarta-feira, 8, com aplausos de colegas, amigos e sócios do clube. Era mais um dia dos treinos em sua escola de beach tennis, sediada no local, mas diferente porque era um dos primeiros dias do atleta de 28 anos como integrante da seleção brasileira de sua modalidade para disputar o campeonato mundial na Rússia, de 2 a 7 de julho.
Desde 2016, o brusquense disputa torneios da Federação Internacional de Tênis (ITF – International Tennis Federation), e de 1º a 5 de maio esteve no Copacabana Open, um dos torneios mais importantes da modalidade, que teve estrutura de ponta e cobertura televisiva. Ele representou o Brasil em uma exibição contra a Itália, vencida por 3 a 2.
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“Foram mais de 1,5 mil inscritos e quase 4 mil pessoas presentes no evento. O nível é altíssimo. Os melhores do mundo estavam ali. No torneio em si, fomos vice-campeões. Na semana que vem, devo estar entre 12º e 14º no ranking da ITF. Quadra lotada, com 3 mil pessoas nos apoiando, foi incrível. Jogar contra a Itália, cantar o hino, foi ótimo”, explica.
No Campeonato Mundial, as partidas entre os países são disputadas em uma melhor de três: as duplas femininas começam o duelo, seguidas pelas masculinas. Se houver empate entre os países, a decisão fica por parte das duplas mistas.
Baran se junta a Joana Cortez, Marcela Vita, Rafaella Miller, Thales Santos e Vini Font, ex-número 1 do mundo, na seleção. Nos últimos torneios, Font tem sido a dupla do brusquense. Juntos, conquistaram cinco títulos em sequência neste primeiro semestre, inclusive internacionais, sacramentando uma parceria de sucesso.
“Em março eu era o 94º do mundo, era impossível ser convocado e conquistei um torneio em Piçarras, e depois disso recebi o convite do Vini Font. Aceitei, estava sem dupla na época. Fiquei em 23º, hoje sou o 22º. Eu sempre sonhei em representar o Brasil, desde o tênis, mas não consegui. No beach tennis, consegui”, relata.
Mesmo com a ascensão meteórica, o brusquense não esperava a convocação. O Brasil, campeão mundial em 2018, tinha tudo para repetir o elenco em 2019. “Era um time praticamente consolidado. Recebi a ligação. Demorou para acreditar. Mandaram uma imagem, dizia ‘convocado’. Pensei, ‘convocado pra quê?'”, conta Baran, aos risos.
Do tênis ao tênis (de praia)
André Baran foi tenista profissional, o que lhe daria uma base imensa e sólida para entrar no beach tennis. Dos quatro aos 12 anos, treinou em Brusque, cidade natal. Então, se mudou para Balneário Camboriú, onde passou a treinar na escola de Larri Passos, técnico que ganhou fama com a excelente parceria ao lado de Gustavo Kuerten, o Guga.
“Naquela época, viajei o mundo, fiz toda minha carreira juvenil, cheguei a estar entre os 400, 300 melhores do mundo. Tive a oportunidade de participar da despedida do Guga na Costa do Sauípe, joguei em dupla com ele contra alguns jogadores de renome. Minha escola foi o tênis”, explica.
No entanto, o desgaste físico e os altos custos com as frequentes viagens abreviaram a carreira. Aos 21 anos, deixou a raquete de lado. Formou-se em administração e passou a trabalhar na empresa da família.
No último ano de faculdade, por acaso, em Porto Belo, alguns brusquenses jogavam beach tennis. A paixão foi praticamente imediata. E a adaptação foi ainda mais fácil. “É como sair do vôlei de quadra e ir para o vôlei de praia. A noção é a mesma, é questão de estudar detalhes diferentes.”
Não demorou para começar a disputar campeonatos, já intrometido em meio aos profissionais. O desenvolvimento e a progressão foram naturais. Hoje, é o melhor jogador de beach tennis no estado, e um dos melhores do mundo.
Futuro e legado
Simultaneamente ao início e à ascensão de Baran no beach tennis, a Sociedade Esportiva Bandeirante o convidou para dar aulas. A modalidade caiu no gosto dos sócios, e cada vez mais praticantes começaram a fazer aulas, especialmente crianças e jovens. As duas quadras, após um investimento, viraram quatro em novembro de 2018.
“Vejo sócios novos, pessoas que eu não conhecia, pessoas que vieram morar em Brusque e conheceram o beach tennis na cidade. É incrível a quantidade de pessoas que está jogando. As quadras do Bandeirante ficam lotadas depois dos horários de trabalho e escola, e fazemos os campeonatos internos”, explica. Ele acredita que mais de 200 pessoas que praticam o beach tennis no clube, sendo mais de 100 alunos da escola.
Hoje, Baran vive do beach tennis. Não das premiações, mas de seu trabalho na escola do Bandeirante, dos torneios internos e com o apoio dos patrocinadores, que custeia, principalmente, as viagens. As aulas são da manhã à noite.
Para o tamanho de Brusque, o tenista vê a cidade como um polo de destaque. “Temos das melhores escolas de beach tennis, dos melhores complexos. O Bandeirante começou a pouco tempo e já é um dos principais do estado em três anos de atividade na modalidade. Brusque tem os melhores jogadores do estado.”
Modalidade
O beach tennis brasileiro começou em 2008, no Rio de Janeiro, e tem se expandido para diversas cidades, tanto litorâneas quanto de interior. Atualmente o país é a segunda força no esporte, atrás apenas da Itália, onde foi criada a modalidade no fim dos anos 80. O Brasil é o atual campeão mundial, e também conquistou o lugar mais alto do pódio em 2016. Outros países importantes são França, Alemanha, Espanha, Venezuela, Aruba, San Marino e Japão.
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Regras e diferenças
São dois sets de seis games. Em caso de empate, é disputado o tie-break. Em torneios de curta duração e muitos participantes, as pontuações podem ser adaptadas. Essencialmente, as regras do tênis e do beach tennis são as mesmas, com detalhes de diferentes.
Uma das principais diferenças para o tênis tradicional é que, quando está 40-40, o ponto seguinte define o game. No tênis mais conhecido, o ponto seguinte ao 40-40, o chamado, deuce, é a vantagem, não o fim do game.