Os recursos para gerir a pandemia da Covid-19 estão na “estica”, de acordo com o prefeito de Brusque, Ari Vequi. Sem novos repasses do governo federal e estadual, que por enquanto não estão previstos, quando o dinheiro reservado acabar a administração municipal terá que utilizar recursos próprios, o que gera uma preocupação.
Três pontos são mais desafiadores na gestão da pandemia: os gastos, que não se sabe a quantia exata para o futuro, os recursos humanos, por falta de profissionais para atuarem na área, e o aumento no valor dos insumos. “Esses três pilares são os que mais nos angustiam todos os dias e faz com que a gente não saiba o que vai acontecer amanhã”, afirma o prefeito.
Porém, o maior deles é a questão dos recursos. “Não sabemos até quando e quanto vamos gastar”, diz Vequi. “Se vier uma outra onda, nós não temos onde buscar mais recursos. O governo federal esse ano não vai dar nada”.
Para o gestor, a incerteza preocupa. “Eu posso levantar amanhã com dez pessoas na UTI ou posso levantar com 30 pessoas na UTI. Isso movimenta a questão financeira porque nós temos que ter recursos para poder suportar a pandemia. Claro que o estado é parceiro, que as UTIs quem paga é a União, mas tudo isso faz parte de um contexto que acabamos nos envolvendo e fazendo com que tenhamos que buscar recursos de outras fontes para atender a rede”.
Caso os gastos se estendam além do que existe disponível, a prefeitura estuda remanejar recursos de outras áreas, como o Turismo. Se não houver Fenarreco, por exemplo, o valor pode ser redirecionado para a Saúde.
O mesmo pode ocorrer com a Secretaria de Obras, que pode ter obras financiadas com recursos próprios adiadas para o próximo ano caso seja necessário usar dinheiro com gastos da Covid-19.
“Se houver crescimento da receita, tiver superávit, nós poderemos utilizar na saúde conforme precisarmos”, adianta Vequi.
Brusque recebeu R$ 19,2 milhões do governo federal em 2020
No ano passado, a Prefeitura de Brusque recebeu R$ 19.294.458,67 do Fundo Nacional de Saúde (Funasa) para gastos no enfrentamento da Covid-19, de acordo com relatório da Secretaria de Saúde.
De março, início da pandemia, até dezembro foram gastos R$ 16.739.942,33, deixando um saldo financeiro para 2021 de R$ 2.680.788,80. Também foram enviados R$ 1,1 milhão para as UTIs Covid.
Neste ano já foram gastos R$ 4.797.416,71. De acordo com o secretário de Saúde, Osvaldo Quirino de Souza, os gastos são referentes ao Centro de Triagem (adequação do espaço físico, compra de testes e folha de pagamento), que demandou R$ 1.842.622,53. Custos relacionados à Covid-19 somam R$ 1.943.797,95. A pasta ainda tem gastos com assistência farmacêutica, UTIs e outros atendimentos.
As despesas não financiadas pelos repasses do Funasa são custeadas com recursos próprios da Secretaria de Saúde.
Souza conta que a pasta tem um dinheiro guardado para cirurgias eletivas, que ainda não foram realizadas por causa da proibição devido à pandemia. Se necessário, os valores terão que ser remanejados, o que até agora não foi feito.
Essa situação pode gerar dificuldade na manutenção dos serviços, de acordo com o secretário de Saúde.
Até o momento não houve necessidade de contenção de gastos. “Foi gasto o que tinha que gastar. Centro de Triagem é um local que consome bastante, foi distribuído muito medicamento, foi formatado a Unidade Móvel para percorrer os bairros, não teve falta de testes para Covid”, destaca Souza.
A situação financeira depende do cenário da pandemia nos próximos meses. “Se houver uma estabilização do quadro da doença, as coisas voltam ao seu lugar. Tem orçamento programado para atenção básica, serviços odontológicos. Se o município não precisar daquele dinheiro, vai ser tocado em frente”, esclarece o secretário. Porém, sinaliza que deve ser com atraso, por conta da paralisação de muitos serviços ao longo deste período.
Vacina contra a Covid-19
O secretário de Saúde afirma que há recursos próprios da Prefeitura de Brusque reservados para a compra de vacinas contra a Covid-19. A administração municipal está aguardando as tratativas para conseguir adquirir o imunizante.
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