O que é “dar certo” para você? – Poderia ser eu a questionar qualquer paciente que passasse por meu consultório. Dessa resposta surgiriam algumas pistas de crenças e leis internas que possam estar boicotando o crescimento desta pessoa. As mulheres, em geral, têm várias destas crenças que gosto de dizer que já vem de fábrica. A fábrica, uma sociedade extremamente pautada em padrões sociais do que é ser menina e mais tarde do que é ser mulher.
Salvo exceções a maior parte compartilha de um mesmo histórico: uma infância com brincadeiras, em sua maioria voltadas ao cuidado: comidinhas e casinhas. A adolescência com filmes que estimulam o consumo, a beleza e a disputa entre umas às outras. Esta combinação é apenas uma vertente de um contexto muito maior, de uma história pessoal. Mas influencia e muito na forma como nos enxergamos.
Quando falamos da Síndrome da Impostora, falamos não só de uma dúvida gigante que paira (especialmente nas mulheres) sobre suas reais qualidades e talentos mas sim de um sentimento interno de desvalia e de banalização sob suas próprias conquistas. A grande comediante Tina Fey disse em entrevista que mesmo sendo respeitada no mercado, tendo ganho grandes premiações – oscila em momentos de felicidade com o que produz para o “sou uma farsa”. Esse sentimento de farsante ou de não ser boa o suficiente, de saber cobrar o preço justo pelo seu trabalho – cria uma bolha de depreciação pessoal. E não só em comparação com outras pessoas – a cobrança consigo mesma é ainda maior, e este sentimento só toma proporções maiores e pode impedir que se tire uma ideia fantástica do papel, que ganhe menos do que vale seu esforço, que não almeje posições e cargos de liderança por medo de parecer ambiciosa, que não assuma as rédeas da própria vida por achar que não é capaz.
Foque nas suas qualidades, foque no seu trabalho ao invés de compará-lo com o dos outros, melhore cada vez mais o que você faz bem. Não dê espaço para estas pequenas farpas de sombra se infiltrarem. Você é incrível.
Claudia Sandri – psicóloga
