“Sou paga para não fazer nada”: funcionária da secretaria de Agricultura de Guabiruba faz boletim de ocorrência contra secretário e diretora

Mulher reclama de desvio de função, diz ter sido impedida de usar a cozinha da secretaria e que a sala onde trabalha não possui condições adequadas

“Sou paga para não fazer nada”: funcionária da secretaria de Agricultura de Guabiruba faz boletim de ocorrência contra secretário e diretora

Mulher reclama de desvio de função, diz ter sido impedida de usar a cozinha da secretaria e que a sala onde trabalha não possui condições adequadas

A funcionária pública Adriana Carla Ribeiro Moço, de 45 anos, que possui quase 9 anos de serviços prestados à Prefeitura de Guabiruba, realizou um boletim de ocorrência na terça-feira, 7. No documento, ela diz ter sido vítima de assédio moral e faz colocações contra o secretário de Agricultura do município, Antonio Roberto Assunção e contra a diretora da pasta, Meri Debatin. 

Em entrevista exclusiva ao jornal O Município, a profissional explica trabalha na pasta desde março deste ano e que, desde que entrou, sofre por não ter horário para tomar café e almoçar. Além disso, diz não possuir local de trabalho digno, que foi tratada de forma humilhante pelos dois citados e que é paga para não fazer nada

Motivos

Adriana diz que foi enviada para a pasta de Agricultura em março deste ano, porém, quando chegou, disseram que não precisavam de motorista e que ela ficaria sentada, se não, ficaria sem fazer nada.

“Estou desde março sentada aqui sem fazer nada. Não tenho horário de almoço e café. Tenho crise de ansiedade quase todos os dias, imagina, ficar oito horas desse jeito. Estou ficando doente e cheguei no meu limite. Eu precisava falar sobre isso”. 

Buscando ter algo para fazer, a denunciante levou um computador para o trabalho para estudar leis de trânsito e legislação de transporte escolar. 

“Como onde fico não funciona a internet, fui até a sala de reuniões da secretaria para seguir estudando. Na terça-feira, 7, por volta das 8h, o secretário foi até o local e me mandou sair. Disse que ali não era meu lugar e que não posso ficar ali dentro. Falou que quando o prefeito pediu para que ele me aceitasse aqui, o único lugar que tinha livre era o ‘quartinho’ (guarita) ali fora, que é onde fico hoje a maior parte do meu dia”.

Sala não possui ar-condicionado/Arquivo pessoal

“O local não tem ar-condicionado, fogão, uma pia decente. Sou eu quem está passando vassoura ali e o banheiro faz 15 dias que não é lavado. A geladeira é muito velha e o micro-ondas foi um colaborador que comprou. Me dispus a trazer um fogão e outro funcionário a construir o balcão da pia, porém, o secretário não deixou” complementou. 

Segundo Adriana, banheiro do local não é limpo há 15 dias/Arquivo pessoal

A mulher ainda diz que perguntou para o secretário se ela era proibida de entrar no prédio, o mesmo teria dito que não, porém, que a sala de reunião não era o lugar dela. Em outro momento, ao questionar a diretora, Meri Debatin, se poderia utilizar a cozinha do prédio, o pedido lhe foi negado. 

“O quartinho onde me enfiaram não tem janelas que abrem por completo para ventilação. É bastante quente no verão e muito frio no inverno. Eu mesmo comprei um aquecedor para ficar ali, porém, agora no verão, entra muito bicho. Para lavar louça, me disseram que posso utilizar o tanque que tem na parte de fora do prédio. No mesmo tanque são lavados equipamentos que utilizam veneno. Eles lá dentro possuem internet, ar-condicionado, uma cozinha equipada, já a gente que trabalha do ‘lado de fora’, não tem nada. Procurei um advogado do sindicato para ver se poderia ser tratada assim, e ele me orientou a fazer um boletim de ocorrência. Foi o que fiz”, complementa.

Cadeiras disponíveis para descanso de alguns funcionários/Arquivo pessoal

Secretário e diretora se manifestam

Questionado, o secretário disse ao jornal O Município que não tinha conhecimento da denúncia. Disse também que a função de Adriana é ser motorista, embora ela diga que não exerce a função corretamente desde que entrou na secretaria.

“Ela leva até pessoal de outras secretarias. Faz visitas fora, leva pessoas para apresentações. Quando o pessoal precisa de um motorista a gente deixa ela ir. A função dela aqui é ser motorista”.

Adriana rebate dizendo que de fato já levou pessoas de outras secretarias em viagens curtas, porém, que entendia um chamado como uma ajuda.

“Outros colaboradores possuem pena de mim por ficar aqui sem fazer nada, sendo tratada como uma inútil. Daí solicitam o meu trabalho para que eu tenha o que fazer. Era para eu ser motorista aqui da secretaria, porém, o secretário e a diretora preferem colocar outros colaboradores na minha função. Eu amo trabalhar com veículos pesados, porém, nunca toquei em nenhum aqui. Inclusive, quando me trouxeram para esta secretaria, tiraram 30 % do meu salário que correspondia a categoria de motorista de veículos pesados”.

Perguntado se já teve desentendimentos com a colaboradora, Antonio nega, e diz que conversava pouco com Adriana pois trabalham em salas diferentes. Sobre o estado atual da sala onde Adriana trabalha, o secretário disse que não recebeu qualquer notificação dos servidores a respeito desses fatos. “Contudo, informo que o caso será apurado internamente pela administração”. 

A equipe de reportagem também buscou contato com a diretora Meri Debatin, porém, ainda não obteve resposta. O espaço fica aberto para qualquer manifestação futura da diretora sobre o caso. 


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