Há apenas três dias do início das apresentações do “Espetáculo Paixão e Morte de um Homem Livre 2019”, me fiz estas perguntas ao tatear os álbuns da Associação Artístico e Cultural São Pedro. Quantas recordações e quanto amor! Não sei se impressiona mais, a dedicação e a criatividade dos primeiros anos, ou o quanto a peça vem evoluindo com o passar do tempo, quem sabe nunca saberemos, porque tudo nessa história: é amor.

A paixão, nunca foi apenas um teatro, quem sabe esteja mais próximo do sentido da própria família, que se acolhe, se abraça e compartilha o amor que vivencia. E assim, sempre foi também, por aqui, no nosso lar.

 

A primeira vez que participei do teatro, foi como espectadora, junto aos meus pais e com uma incontrolável e impulsiva mania de sair do meio deles para ver tudo “mais de perto”. Me recordo, também, de acompanhar as procissões com encenação em cima do caminhão pelas estradas da São Pedro. Nesta época, minha irmã Rejane e seu hoje marido Luciano já faziam parte do grupo e começavam a sua longa trajetória no “Paixão e Morte”: ela fora criança, coreografia, povo, Verônica, narradora, freira, contrarregra, auxiliar de direção e nesta edição está dirigindo o espetáculo. Vamos dizer, que ela tenha sido e até hoje é, a força teatral que estimula a nossa casa #muitoorgulhodela

E assim, eu e meu irmão nos tornamos também: paixão!

Meu irmão, Fábio, sempre personificou o soldado: Romano, Pretoriano e o altivo e bravo Centurião. Já andou de cavalo e posou para muitos flashes! É incrível como os soldados atraem o público! Eu particularmente, adoro a “longa e imponente” marcha que percorre o morro, desce em frente ao público, segue pelas passarelas e se desloca aos cenários. É empolgante!

Depois de ser anjinho, participei do povo e esse ano me marcou, foi o ano em que acompanhei o meu coelho “Ião” em sua primeira apresentação. Nós participávamos da movimentação do povo, em uma das cenas iniciais, eu o levava no colo, seguia pela longa rampa no meio do público, e quando já não conseguíamos mais enxergar nada, devido às fortes luzes cenográficas, parávamos na ponta da rampa, o soltava na passarela, ele dava os seus graciosos pulinhos “pra cá e pra lá, pra cá e pra lá”, o pegava no colo novamente e sumia junto ao público. Até hoje, quando alguém comenta que é “só povo” no teatro, eu conto e reconto esta história, dizendo que, um dia, eu fui acompanhante de um coelho! Porque todo e qualquer personagem faz a diferença em um espetáculo como este, mesmo aquele que apenas acompanha um peludo orelhudo como o Ião! (risos)

A minha mãe também sempre teve uma participação importante, deixava a casa em dia, preparava um delicioso almoço ou janta, quando chegávamos apressados da correria dos “tempos de teatro”, lavava e passava nossos figurinos e quando ainda não recebíamos lanche nas tardes de ensaio, preparava deliciosos bolos e sanduíches para dividirmos com os outros. E hoje ela continua nessa labuta diária, cuidando dos netos, dos filhos e nos prestigiando.

Depois de ser acompanhante de coelho, passei a fazer parte do povo, como povo. E por vários anos, parte da coreografia, eu adorava dançar, mais do que encenar. Mesmo assim, fiz o papel de Maria Madalena. Depois integrei a diretoria da Associação, sendo responsável pela Publicidade e Propaganda da Peça, posteriormente pela Venda de Ingressos e hoje integro a equipe da Cenografia, dando uma ajudinha aos Contrarregras durante os ensaios finais e as noites de apresentação.

Hoje é o que mais gosto de fazer: estar nos bastidores, auxiliando! E digo, que há muito trabalho a ser feito em todas as edições pelas diversas equipes. Mas no caso da cenografia, que equipe heim? #amo

Conforme a família vem crescendo, outros personagens ocupam a nossa casa. Meu namorado, Rafael, iniciou me auxiliando na venda dos ingressos, depois interpretou um homem da corte e nesta edição encenará o apóstolo André, além de integrar a equipe de cenografia.  Já a minha cunhada, Simone, iniciou na coreografia e hoje acompanha o seu filho Murilo, no povo, que aliás já diz que quando crescer quer ser como o pai: Centurião. O mais “experiente” dos cunhados é o Luciano, que já interpretou Sumo-sacerdote e Apóstolo e desempenhou diversas tarefas na coordenação: tesoureiro, venda de ingressos, bem-estar, entre outras.

A pequena Heloise, que já não é mais tão pequena assim, já é muito experiente nos palcos da Paixão. Sua experiência iniciou ainda dentro da barriga da sua mãe: interpretou criança, participou do povo e agora é uma das bailarinas da coreografia. Os pequenos Arthur e Bruno, embora ainda tenham subido nos palcos apenas para conhecer, já dizem que são fãs dos soldados vermelhos. Logo, logo a paixão terá mais dois novos atores…

É uma experiência que exige dedicação, comprometimento e trabalho. Apaixonar-se nunca é uma tarefa fácil, mas com toda certeza: divinamente gratificante.

#paixaoemorte #orgulhoemfazerpartedestafamilia #quevenhamaisumespetaculo #boasorteatodosnos

 


Méroli Habitzreuter
– escritora, pintora e ativista cultural