Técnico Filipe Gouveia é apresentado oficialmente no Brusque: “quero aprender com o futebol brasileiro”
Português comandará a equipe ao lado do auxiliar Miguel Fernando Dias Pinto
Português comandará a equipe ao lado do auxiliar Miguel Fernando Dias Pinto
A fala do ‘mister’ ocorreu após o presidente do clube, Danilo Rezini, revelar que uma empresa portuguesa sondou o Brusque para uma possível aquisição da Sociedade Anônima de Futebol (SAF).
Durante sua explanação, o presidente enfatizou que o clube não foi vendido e garantiu que qualquer decisão sobre o futuro da SAF será tomada em assembleia, com a participação dos conselheiros e demais diretores.
Na sequência, André Rezini, diretor de futebol, abordou brevemente os objetivos do Brusque para o ano e, ao final, apresentou oficialmente o técnico português.
Com semblante sério e atento às perguntas, Filipe Gouveia se apresentou e afirmou que sua vinda ao Brasil representa um desafio que já vinha planejando há alguns anos. Ele revelou, ainda, que no passado, durante uma conversa com um empresário, mencionou que, caso surgisse a oportunidade de treinar uma equipe brasileira, ele não hesitaria em aceitá-la.
“Queria vir também para aprender com o futebol do Brasil. Não concordo com a ideia de que os profissionais da Europa estão à frente dos brasileiros. Temos pontos de vista diferentes, mas aqui também há muitos técnicos competentes. O que acredito, acima de tudo, é que um bom desempenho depende de um elenco qualificado e de investimentos”, afirmou o treinador.
A questão financeira foi outro tema central da coletiva. Fora de campo, o Brusque enfrenta dificuldades econômicas e negocia a transformação em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para sanar problemas e garantir maior estabilidade no futuro. A atual diretoria, cujo mandato se encerra no fim de 2025, já anunciou que não pretende continuar comandando o futebol do clube a partir de 2026.
Sobre o assunto, Filipe Gouveia reconheceu o momento delicado que o Quadricolor atravessa, mas destacou que, além de esperar por investimentos, o sucesso do clube depende da união entre diretoria, elenco, comissão técnica e torcida.
“Só conheço uma forma de vencer: estando todos unidos. Todos são muito importantes. É um conjunto que será fundamental para o nosso ano. Mesmo com o melhor centro de treinamento e as melhores condições, muitas vezes, é o trabalho árduo que nos permite superar os desafios. E é isso que estamos aqui para fazer: ensinar, mas também aprender”, concluiu.
Ao citar exemplos de sucesso de times comandados por portugueses, como Botafogo e Palmeiras, Filipe Gouveia destacou, com as devidas proporções, sua visão sobre o estilo de jogo que pretende implementar no Brusque. Questionado sobre qual padrão tático costuma aplicar em suas equipes, o treinador deixou claro que o primeiro passo é avaliar o elenco disponível e as possíveis contratações.
“Sou um treinador que busca se adaptar aos jogadores e também fazer com que eles se adaptem a mim. Preciso me ajustar ao que temos agora: os 13 jogadores disponíveis e aqueles que ainda vamos trazer. Posso, claro, opinar sobre o perfil que prefiro. Gosto, por exemplo, de extremos rápidos, que busquem profundidade; de jogadores fortes no meio-campo; e prefiro uma linha defensiva alta. Não gosto de atuar com linhas muito recuadas. Quero que a equipe pressione sempre que possível, embora, no momento, ainda não tenhamos condições para isso. Precisamos treinar mais e melhorar a parte física. Mas sei que, com trabalho, chegaremos lá”, explicou.
O técnico também ressaltou que gosta de adicionar um toque pessoal ao estilo de jogo de cada atleta, respeitando suas características.
“Se temos um goleiro que não se sente confortável em escanteios com três homens à frente, mas eu gosto desse esquema, converso com ele, ajusto, e juntos encontramos o melhor. O importante é que o elenco se sinta confortável em campo. Não posso exigir que um volante faça gols se essa não é a característica dele. Vou pedir o que ele pode entregar e, depois, buscar aprimorar ainda mais seu desempenho. Isso, sim, eu farei”, finalizou Gouveia.
Sobre a utilização de jogadores da base, o técnico Filipe Gouveia destacou que não enxerga nenhum atleta como craque ou intocável. Para ele, a escalação será sempre baseada no desempenho nos treinos e nos jogos, independentemente da idade.
“Já trabalhei com jovens de 17 anos no profissional, e eles entregaram resultados. Se vejo potencial em um jogador, seja ele jovem ou experiente, ele terá oportunidade. Claro que, com os mais jovens, é preciso ter cuidado, pois jogar diante da torcida é diferente de treinar. Às vezes, um mau desempenho pode abalar o psicológico. Mas não tenho problema algum em utilizar jogadores da base, desde que transmitam confiança e qualidade”, afirmou.
Ao comentar sobre o elenco do Brusque, que ele ainda está conhecendo, Gouveia revelou que, nos dois treinos realizados até o momento, o foco foi exclusivamente no posicionamento defensivo. Segundo o treinador, o mais importante é que todos os atletas compreendam suas funções durante essa fase do jogo.
“Muitas vezes, ouvimos críticas dizendo que a defesa falhou, mas esquecem que a marcação começa no atacante. A defesa é responsabilidade de todos. Quando cada jogador entende o que precisa fazer, o trabalho flui melhor”, explicou.
O técnico também reconheceu que o período inicial de adaptação pode ser desafiador. “No treino de ontem, percebemos que os jogadores sentiram a intensidade. Isso é natural, pois o nível que impomos no treinamento é diferente daquele a que estavam acostumados. Com trabalho, eles vão se adaptar, e as coisas começarão a fluir. Meu objetivo aqui é fazer o melhor pelo Brusque. Independentemente de ganhar ou perder, estamos trabalhando para o sucesso do clube”, concluiu.
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