Criança ainda não parava de fazer xixi na cama. Deram-lhe então, como era comum fazer nestes casos, rato frito. Era muito vergonhoso!!! Não parou, pois excitado que ficava com as acrobacias do dia, a noite não se aguentava e soltava-se com total prazer.
O dia era muito agitado mesmo. Depois da escola, mal chegava em casa e comia alguma coisa apressado e logo encontrava-se com a prima para brincarem. Ele, com seu envelhecido espalha merda amortecendo os pés e ela com sua maria-mole que lhe dava pés de bailarina. As brincadeiras eram muitas, mas a primeira do dia, pois ela sempre era mandona, era jogar pênis. Riscavam com tijolo os vários passos para chegar ao CÉU, e perdia quem penava no risco. E iam do início ao fim gritando: Penei? Penei?
Tanto jogavam, que o cansaço suava os pés. Rapidamente corriam para casa e colocavam o pau na greta e livres corriam muito, arriscando-se nos morros com carrinhos de rolimã, e era comum aparecerem em casa com a boceta do joelho ralada.
Mas eram muito felizes. Comiam azedinha e brotos de capim, e se volta e meia ficavam com o pinguelo da guela inflamados, isso não era sério e nada que uma água de sal não curasse.
Final da tarde, cansados voltavam para suas casas. Ela a brincar com sua boneca de papelão. Ele a jogar quilicas.
Não sabiam ainda, mas em uma domingueira, anos depois, dariam o primeiro beijo. Como ele era um pé de valsa, ela gamou.
Silvia Teske – artista
Ilustração: freepik