Tradição do Pelznickel em Guabiruba vira objeto de trabalho de professor americano: “muito especial nos dias atuais”

Pelznickelplatz está aberta neste e no próximo fim de semana e reforça a cada ano a tradição local do Natal

Tradição do Pelznickel em Guabiruba vira objeto de trabalho de professor americano: “muito especial nos dias atuais”

Pelznickelplatz está aberta neste e no próximo fim de semana e reforça a cada ano a tradição local do Natal

A temporada de 2024 da Pelznickelplatz já iniciou, colocando em evidência a tradição, cultura, gastronomia e os personagens da cultura do Natal de Guabiruba.

A atração é organizada pela Sociedade do Pelznickel e envolve mais de 100 voluntários, que trabalharam semanas antes para montar toda a estrutura e também durante dois fins de semana no local para garantir uma experiência sensorial e afetiva aos visitantes.

“Montamos as estruturas em três fins de semana, dividindo as equipes por coordenações, para montar os espaços e fazerem determinados serviços”, destaca o vice-presidente da sociedade, Jocimar Fischer.

Um dos visitantes da atual edição é o professor americano Christopher W. Sims, diretor do Centro de Estudos Documentais e professor de Prática da Arte, História da Arte e Estudos Visuais da Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Ele também leciona no programa de verão de Duke em Berlim, no programa de pós-graduação em Artes Experimentais e Documentais.

Em 2023, ele visitou a região pela primeira vez, com o objetivo de fotografar principalmente as edificações e a presença da cultura alemã, mas se encantou quando conheceu a Pelznickelplatz.

“Fizemos um roteiro e, quando visitamos um museu em Brusque, nos disseram que precisávamos vir até Guabiruba. Ele achou o máximo. Depois de um tempo, quando ele já estava de volta aos EUA, entrou em contato novamente contando que queria voltar para fotografar os Pelznickels porque tinha encontrado algo muito diferente do que já tinha visto”, conta o professor de Geografia do Ifsc de Garopaba, João Henrique Quoos, que acompanha Christopher na viagem.

Christopher W. Sims, professor da Duke University, e João Henrique Quoos, professor de Geografia do Ifsc de Garopaba | Foto: Bruno da Silva/O Município

Expressão autêntica e mágica da cultura

Para Christopher, que tem descendência alemã – sua avó era originalmente de Stuttgart –, conhecer a tradição guabirubense do Pelznickel foi especial.

“Na primeira vez que vim aqui, foi realmente mágico. Nós esperamos em uma longa fila como qualquer outra pessoa, não sabíamos o que esperar. Minha avó é alemã e eu morei na Alemanha, em Regensburg, por alguns meses. Enquanto eu crescia, a tradição alemã era uma cultura distante, já que minha mãe não fala alemão e eu só aprendi na universidade. Foi muito curioso encontrar a cultura alemã aqui no Brasil. Nos EUA, ela meio que desapareceu. Algumas coisas aqui me lembraram da minha avó, alguns detalhes, a comida, o calor quando entrei no espaço. Uma Oma que eu vi no passado poderia ter sido minha avó ou minha bisavó, muito parecida”, relata.

Experiência sensorial é um dos objetivos principais da Sociedade do Pelznickel com a Platz | Foto: Bruno da Silva/O Município

A experiência inicial de Chris vai ao encontro do objetivo principal da Sociedade do Pelznickel com a Pelznickelplatz.

“Queremos que a pessoa saia daqui conhecendo todos os personagens dentro dos seus contextos. Para isso, montamos os espaços para que os visitantes sintam o cheiro. Isso cria uma memória afetiva e sensorial”, destaca o vice-presidente Jocimar. “A gente se assusta bastante com a dimensão que o Pelznickel e a Pelznickelplatz estão tomando. Nesta semana, recebemos uma mensagem dizendo que o Ministro da Cultura lembrou e elogiou o nosso trabalho”.

União de famílias e de toda a cidade

Todo ano, a Sociedade do Pelznickel busca novidades para passar a mensagem e garantir uma experiência aos visitantes que vá além de um passeio e de alguns eventuais sustos causados pelos Pelznickels.

“Todo ano tentamos fazer algo diferente. Mudamos os espaços de lugar, o percurso, colocamos uma decoração ou um item a mais. Neste ano, trouxemos um pouco mais de tecnologia, incluindo QR codes em determinados pontos para explicar melhor as atrações e melhorar a experiência”.

Sackmann é um dos personagens da cultura alemã do Natal | Foto: Bruno da Silva/O Município

Na percepção de Christopher, toda a tradição do Pelznickel e da cultura alemã do Natal expressada em Guabiruba, que envolve outros personagens, como as Christkindls, o Sackmann e São Nicolau, é genuína e valiosa.

“Eu percebo que muito da expressão cultural atualmente não é autêntica, é muito comercial, principalmente no Natal, mas isso é diferente, é muito real, único e local. São histórias e personagens incríveis. Até os bonecos que são vendidos são uns diferentes dos outros, variados, feitos à mão. O que se tem aqui é meio que uma versão transmutada da história de São Nicolau e dos contos de fadas alemães. Histórias que eu conheço, mas contadas de uma forma diferente, mantendo o mesmo conceito. É fascinante para mim experimentar essas conexões”.

Christkindls com as crianças | Foto: Bruno da Silva/O Município

Christopher está utilizando três tipos de câmeras fotográficas – analógica, digital e Polaroid – para produzir um livro com os registros.

“O que quero com o projeto do livro que estou fazendo é ter uma verdadeira conexão. Se não, por que eu viria para cá? Falei sobre os Pelznickels aos meus filhos durante todo o ano e agora eles querem visitar. Espero que consigam no ano que vem. É mais do que uma tradição, mostra como a cultura evolui e tem um valor positivo. É uma coisa linda que une as famílias e toda a cidade. Sinto isso só de andar por aqui. Isso é muito especial nos tempos atuais”.

Ligação com o meio ambiente

Há 12 anos, a Sociedade do Pelznickel vai até Rio dos Cedros para buscar a barba-de-velho utilizada para decorar ambientes e as roupas dos personagens.

“As condições lá são muito favoráveis para a proliferação de barba de velho e usamos um volume grande. E realizamos uma retirada consciente para preservar o ecossistema”, conta Jocimar.

Essa relação do Pelznickel com o meio ambiente também é algo que salta aos olhos de Christopher. Para ele, há uma clara relação de preservação não só da cultura, mas também do ecossistema local.

“Para mim é muito óbvio, porque eu vivo em um lugar rodeado de concreto. Vejo uma conexão com o ambiente e também um esforço para a conservação. Eles fazem a própria vestimenta com elementos da natureza. Não é apenas legal, é algo bastante profundo”.

Programação 2024 da Pelznickelplatz

Local: rua Nicolau Schaefer, 647, bairro Imigrantes, Guabiruba
Ingressos: R$ 10 (crianças até 12 anos não pagam) – venda no local
Acesso gratuito à praça de alimentação e as atrações musicais

08/12 – domingo – 17h às 21h
13/12 – sexta-feira – 19h às 23h
14/12 – sábado – 19h às 23h
15/12 – domingo – 17h às 21h

Neve artificial é uma das atrações para as crianças | Foto: Bruno da Silva/O Município

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