O julgamento
do “mensalão” e a condenação de tantos políticos conhecidos e importantes me
fizeram lembrar a máxima de certo Mestre, que dizia que não há nada que esteja
oculto que não venha a ser revelado. Por uma regra bem parecida,  tudo o que esteja construído sobre bases
fracas e ilusões, mais cedo ou mais tarde tende a ruir. Prova disso é a crise
na zona do euro. Por muito tempo, vários países se endividaram mais do que o
razoável, maquiando números, até que a sujeira embaixo do tapete se tornou
“inescondível”. Agora, o remédio é tremendamente amargo e quem se acostumou com
facilidades não quer fazer sacrifícios. Países que eram considerados modelos de
desenvolvimento estão parecendo o Brasil da década de 1990. A lição parece ser
simples de entender, embora nem tão simples de seguir: não adianta criar bolhas
de desenvolvimento, maquiar as fraquezas e tentar adiar ao máximo o inevitável:
o castelo de cartas vai cair e a maquiagem vai sair na primeira chuva. Do ponto
de vista da política e da economia, é bom que o Brasil abra o olho para as suas
estratégias de crescimento não sustentáveis, baseadas na criação de bolhas, que
empurram a sujeira para frente. O crescente endividamento das contas públicas e
das pessoas, o acento excessivo na produção e venda (financiada) de veículos
nos dão uma ilusão perigosa de progresso, mas projeta para o futuro as consequências
da sua insustentabilidade: o caos urbano, a insuficiência da nossa malha
viária, a inadimplência, o aumento de preços e tudo o mais.

Não
pretendo ser profeta de maus agouros, mas nunca é demais lembrar que nenhuma
casa se sustenta na areia movediça e a sujeira, com o tempo, cheira mal e
apodrece o tapete.

Ao
desejar que 2013 seja um ano de luz, desejo que não apenas nas políticas
públicas, mas também no governo da nossa vida pessoal, possamos fazer uma
faxina, reconhecer nossos pontos fracos e começar a enfrentá-los com
sinceridade. A luz tem o dom de mostrar, de tornar público tudo o que queremos
esconder. Por isso as falcatruas e as ilusões são filhas da noite e das trevas.
Como é mais agradável se iludir, não são poucos os que preferem as trevas. Mas
se tudo será revelado mais cedo o mais tarde, é melhor que eu comece logo a
revelar a mim mesmo e a corrigir o que precisa ser corrigido, para que o futuro
não me apanhe de calças curtas.

Viver
na luz é construir hoje a felicidade de amanhã. E o esforço construtivo já vale
pela felicidade de hoje. Quem não levou a sério os estudos, não cuidou da
saúde, não se preparou enquanto jovem, colhe as consequências da bolha ilusória
de felicidade que julgava ter no passado, assim como o Brasil que deveria ter
construído ferrovias no século XIX e planejado melhor sua infraestrutura.
Sempre é tempo de começar de novo, mas “antes cedo do que tarde”. Não vamos
desperdiçar o presente do tempo que começamos a desembrulhar agora. Que 2013
seja um ano para fazer o que precisa ser feito e não para protelar de novo, sabotar
o estudo, o trabalho, os relacionamentos, em nome da preguiça, dos vícios ou de
qualquer ilusão.

O
mundo não acabou e o tempo é todo nosso. Que possamos vivê-lo na luz, para
limpar a sujeira e preparar o canteiro de obras do nosso futuro. Feliz 2013!