A física de Newton foi, por muito tempo, um modelo quase completo do que se poderia chamar de ciência. Mas apesar do sucesso estrondoso de suas leis, foi superada em muitos pontos por teorias concorrentes, como a relatividade de Einstein.
Se é assim na física, imaginem nas chamadas “ciências humanas”, cujo teor de certeza é bem menor e que costumam abrigar um sem número de teorias concorrentes, tentando explicar os mesmo s fenômenos.
Na semana passada, li um artigo que afirmava que pesquisas de neurociência estão ajudando a confirmar o modo como Freud pensava a psique humana. Por ironia, Freud foi rechaçado por boa parte de seus colegas da psicologia, porque suas teses não seriam científicas. Se o artigo que li estiver certo, então o que não era científico antes, agora o é, e certamente, muitas teorias que já estiveram na crista da onda, foram ou serão ofuscadas.
Na área social e política, as questões são ainda mais delicadas, pois é mais fácil manter uma ideia política falsa artificialmente em alta do que em outras áreas das ciências humanas.
O socialismo e seus derivados são um exemplo claro desse erro histórico reiterado. Sua denúncia das injustiças sociais até se justifica, mas sua visão da economia, da história e do ser humano é totalmente equivocada. O século XX se encarregou de nos mostrar os resultados desastrosos desses equívocos. As ditaduras comunistas produziram uma profusão de mortes em massa, cerceamento de liberdades, fracasso econômico. Não obstante, a teoria continuou e continua sendo cantada em prosa e verso, especialmente em meios ditos intelectuais. Como se não bastassem as desastrosas experiências da União Soviética, da Alemanha Oriental, da China, da Coreia do Norte, de Cuba, Camboja e tantos outros países, seus defensores se recusaram a deixá-la, sempre envidando esforços para estabelecê-la a qualquer custo.
Na Venezuela, o bufão Hugo Chaves implementou seu “socialismo do século XXI”, cunhando o que veio a se chamar de “bolivarianismo”. A ideia se espalhou. O Brasil do PT tem feito o possível para implantá-la por aqui, e se não conseguiu finalizar o processo, como na Venezuela, foi por conta das nossas instituições que, apesar do pesares, ainda tem alguma solidez. A Argentina já se livrou dos Kirchner, que quase quebraram o país em nome da mesma ideologia. A Bolívia está dando tchau para Evo Morales, e Nicolás Maduro, da Venezuela, está nas cordas, apesar do domínio que seu partido já conseguiu nas instituições do país (aliás, Maduro foi o único chefe de Estado a se solidarizar com Lula, o injustiçado).
As manifestações desse domingo mostram o repúdio da população brasileira a essa ideologia e seus agentes. Ainda vai levar um tempo para que ela se dissolva, mas os que ainda a defendem terão que melhorar muito o discurso para se justificarem. Está mais claro do que nunca que estão na contramão da história, da democracia e do bom senso.