Um século de história: Convento Sagrado Coração de Jesus, de Brusque, completa 100 anos de fundação
Insituição, além da formação de religiosos, tem valiosa contribuição para a comunidade brusquense
Insituição, além da formação de religiosos, tem valiosa contribuição para a comunidade brusquense
O Convento Sagrado Coração de Jesus, localizado em Brusque, completa nesta segunda-feira, 3, um século de história, dedicada à formação de religiosos, mas também de contribuição para a cultura e educação da comunidade em geral.
Ao longo das décadas, o convento teve três sedes que marcaram a história do município, todas no mesmo terreno, que fica na avenida das Comunidades, no Centro de Brusque, e muitas pessoas doaram seu tempo para o processo de formação de religiosos.
O convento de Brusque se orgulha de ter formado mais de dez bispos, dois candidatos a santo, os padres Aloísio Boeing e Léo, de Bethânia, e ainda um servo de Deus – título dado à pessoa com processo de canonização foi oficialmente aberto –, o dom Couto, de Taubaté.
O brusquense dom Murilo Krieger é uma das figuras importantes da Igreja Católica do Brasil que passou pelo convento. Atualmente ele é arcebispo de São Salvador da Bahia e destaca a importância da formação que teve em sua cidade natal.
“O convento marca presença muito forte na cidade de Brusque. A história de boa parte da cidade se confunde com a do convento e também Brusque, com seu jeito de ser e características, influenciou na formação de muitos que hoje são sacerdotes do Coração de Jesus. Esses 100 anos de história significam que várias gerações de sacerdotes foram formados e levam a marca dos estudos e o carinho do povo que sempre acolheu o convento de forma muito próxima e grata”, ressalta.
Os padres dehonianos chegaram em Brusque em 1903, da Alemanha, e assumiram a paróquia São Luís Gonzaga. Nessa época, já cultivavam a ideia de ter um seminário para atender a demanda de possíveis vocações da região, mas, devido à escassez de recursos financeiros, o projeto só foi colocado em prática mais de duas décadas depois.
O padre Dehon, motivado pelas cartas de seus missionários brasileiros, sentia um desejo de fortalecer a missão no Brasil. Em 1906, ele veio a Brusque e, durante sua estadia na cidade, ficou hospedado na casa paroquial da Igreja Matriz. Ele aprovou a construção de um convento, mas ainda não havia recursos.
Durante os anos, foi cogitada a construção do convento na área que hoje é o município de Guabiruba e também anexo à Igreja Matriz, mas essas possibilidades foram descartadas. A iniciativa só se tornou realidade em 1924, quando o padre Germano Brandt fundou o então Colégio Sagrado Coração de Jesus, no mesmo local onde hoje funciona o convento.
Nessa primeira turma de 25 seminaristas estavam nomes importantes para a história do convento, como o padre Aloísio, que está com processo de beatificação bem adiantado, e o padre Honorato Piazera, que foi bispo de Lages.
Entre os anos de 1924 a 1932, funcionava no local o Seminário Menor. Em 1932, passou a funcionar o noviciado. No ano seguinte, foi implementado o tradicional curso de Filosofia, que hoje está na faculdade São Luiz e já formou mais de 2 mil pessoas. No início ele era interno e depois passou pela Febe até ter a configuração atual.
Entre 1937 e 1939, foi construído um novo convento, o segundo da história centenária da instituição. A atual estrutura foi inaugurada em 1972.
O padre Zaqueu Suczeck, que trabalha em Brusque desde 2020, é o atual diretor do convento. Hoje, 17 seminaristas moram e estudam na estrutura, sendo que oito deles são dehonianos e outros nove vieram da Diocese de Criciúma.
O convento desde sempre destinou-se à formação de sacerdotes, mas, em 2002, houve uma mudança de perfil, já que os seminaristas passaram a vir para Brusque ao invés dos fraters, que estão mais perto da ordenação.
A rotina do convento se estabelece em um esquema que leva em consideração aspectos importantes para a formação dos religiosos. “Rezamos quatro vezes ao dia, em grupo. Eles também têm a vida acadêmica, que ocupa a manhã inteira e também parte da tarde. Fazem curso de Filosofia, aulas de inglês, canto e música. Também tem a vida comunitária. Fortalecemos essa ideia realizando as refeições em conjunto, atividades da casa, praticando esportes. São elementos que contribuem para a vivência comunitária. Nos fins de semana, eles vão para as comunidades de Brusque e Guabiruba, participando de missas, encontros com coroinhas, catequese, etc. Depende das demandas locais”, explica.
Padre Zaqueu explica que, no período em que os seminaristas ficam no convento, acontece o processo de discernimento, para que eles entendam sua vocação e o que querem para sua vida. Ele conta que muitos acabam escolhendo outros caminhos, mas que os ensinamentos se mantêm para suas vidas.
“Por um longo período, boa parte da cultura e da educação estava concentrada dentro dos conventos. A partir disso, era estendido para a comunidade. Atualmente, não é mais assim. Graças a Deus, hoje temos uma sociedade mais estruturada. Todavia, o convento é um celeiro de pessoas que contribuíram e contribuem para nossa sociedade”, destaca o padre.
Dom Murilo faz questão de destacar que o convento de Brusque fez parte da sua vida e história e que guarda muitas lembranças desse tempo.
“Quando criança, eu e meu irmão Milton Roque íamos passear pelo convento, assistir às santas missas e jogar futebol no campo do padre João, que tinha muita pedra e pouca grama, mas nos divertimos muito jogando ali”, lembra, bem-humorado. “Hoje, olhando para trás, eu lembro das paredes do antigo prédio, dos meus colegas que marcaram muito a minha vida, meus professores e sobretudo desse local como um lar. Tenho certeza que o que eu falo de minha experiência muitos outros que estudaram ali, mesmo os que não optaram pelo caminho do sacerdócio, levam os ensinamentos”, resume.
Já o padre Zaqueu cita que muitos que passaram pelo convento e acabaram deixando o seminário contribuíram para a sociedade de forma importante, como donos de empresas, médicos e políticos. “São nomes que se destacam e são significativos para a nossa história de modo geral”.
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