Uso de drogas na praça da Cidadania preocupa órgãos de segurança e poder público
Ações para tornar espaço mais seguro são propostas em reunião
Ações para tornar espaço mais seguro são propostas em reunião
O uso e porte de drogas e o tráfego intenso de bicicletas na praça da Cidadania, em frente ao terminal urbano, preocupam o poder público e os órgãos de segurança. Ontem, representantes da prefeitura e das polícias Militar e Civil participaram de uma reunião para tentar encontrar maneiras de tornar o espaço mais seguro para a população.
A reunião foi comandada por Marcos Fumagalli, superintendente da Fundação Cultural de Brusque (FCB). Ele disse que há vários problemas relacionados ao consumo de drogas no local. Fumagalli afirmou que adolescentes fumam maconha ao ar livre, mesmo com o policiamento no local.
O período em que mais jovens são vistos bebendo e fumando na praça deixou de ser a noite, conforme o superintendente. Ele disse que o policiamento reforçado diminuiu bastante estes problemas no período noturno, mas durante o dia ainda são avistados muitos adolescentes em grupos no espaço público.
Fumagalli contou que estes jovens não respeitam os funcionários da Fundação Cultural quando são abordados. A situação tem incomodado e não há muitas alternativas. O superintendente também disse que a internet gratuita na praça incentiva os adolescentes a ficar por ali. “O que está acontecendo é que tem o zap-drogas”.
Ele afirmou que muitos frequentadores do espaço tem usado a wi-fi grátis disponibilizada pela Prefeitura de Brusque para pedir drogas. Ainda relacionado a isto, o superintendente diz que os guarda-volumes da biblioteca Ary Cabral – que funciona na praça – estavam sendo usados por menores para depositar drogas em suas mochilas. “Agora, a recepcionista da biblioteca só deixa colocar a mochila ali quando a pessoa for usar a biblioteca”.
Todas estas situações foram relatadas para o tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiro, comandante da Polícia Militar de Brusque. Gomes disse que a PM está com efetivo reduzido e não tem policiais o suficiente para aumentar a sua presença na praça. “Hoje, o local mais policiado é a praça da Cidadania”.
O comandante da PM também chamou a atenção para a arquitetura da praça. Ele disse que a presença de vários prédios, vielas e becos dificulta o policiamento ostensivo. É preciso muita atenção – e consequentemente mais tempo – dos policiais militares no dia a dia, o que gera mais trabalho.
O capitão Pedro Carlos Machado Júnior, que cuida do policiamento no batalhão, informou que tem conhecimento deste fato, mas que é difícil fiscalizar. Ele afirmou que a maioria das denúncias repassada à inteligência da PM são incompletas e inviabilizam prisões. O capitão Pedro disse que “o tráfico na praça é de formiguinha”. Ou seja, os jovens carregam pequenas quantidades e por isso não chegam a ficar presos, são apenas conduzidos à delegacia de Polícia Civil porque a legislação não os considera traficantes.
O superintendente da FCB também pediu providência sobre o tráfego intenso de bicicletas na praça. Hoje, a passagem de bikes é proibida. O diretor da Guarda de Trânsito de Brusque, Adalberto Zen, disse que não existe amparo legal para que os agentes multem ou recolham as bicicletas.
Fumagalli contou que um jovem de bicicleta atropelou um idoso na praça, por isso ele pediu a proibição formal dos veículos. Os representes do poder público, polícias e outros órgãos chegaram a algumas alternativas para conseguir melhorar a praça da Cidadania, são elas:
Limitação da internet
Inicialmente, Fumagalli sugeriu que a internet grátis fosse retirada da praça sob o argumento de que ela incentiva a presença dos jovens e o tráfico de drogas. “Não sou contra a internet, é uma ação para coibir estas situações”, afirmou. No entanto, a proposta não foi bem aceita. “Retirar a internet é retroceder”, disse Marlon Sávio Sassi, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). O comandante da PM chamou a atenção para o fato de que a praça é cultural e que tirar a internet seria um contrassenso.
O diretor de Tecnologia da Informação (TI) da prefeitura, Alcino César da Silva, sugeriu a limitação do tempo de conexão a 60 minutos. O setor de TI já realizou esta mudança. Agora, o usuário fica uma hora conectado, depois a internet cai por cinco a dez minutos, e então ele pode reconectar. O objetivo é evitar que os jovens fiquem muito tempo conectados.
Outra ação, esta já anunciada anteriormente, é que em breve os usuários deverão ter um cadastro com e-mail e CPF para poder acessar a internet.
Câmeras
Outra opção levantada, mas que esbarra na falta de recursos, é a instalação de câmeras de monitoramento. O tenente-coronel Gomes disse que esta seria a solução ideal. Na praça Sesquicentenário, existem câmeras e o índice de ocorrências é praticamente nulo.
Lei para a proibição de bicicletas
O diretor da Guarda de Trânsito de Brusque (GTB), Adalberto Zen, citou como exemplo uma lei municipal de Balneário Camboriú que permite à Guarda recolher a bicicleta do usuário que transitar por local proibido. O vereador André Rezini também participou da reunião e disse que aceita sugestões de medidas que possam ser apresentadas na Câmara. A ideia do grupo é elaborar um projeto de lei para dar embasamento à ação dos órgãos de fiscalização.
Além do projeto de lei, também devem ser instaladas novas placas na praça. Elas informarão que ciclistas são proibidos de passar por ali, e que só poderão transitar se estiverem apenas empurrando o veículo.
Cadastramento dos jovens conduzidos
O delegado Ricardo Casarolli, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), disse que pode fazer o levantamento dos menores que mais vezes foram conduzidos à delegacia oriundos da praça. A ideia dele, e também da PM, é que seja criado um cadastro com estes jovens.
Os órgãos de assistência social também devem ter acesso a este cadastro. Gomes defendeu esta ação porque tem o cunho social. Para ele, não basta a polícia reprimir, o poder público deve prevenir e tentar resgatar os infratores.
Operações conjuntas
Representantes do CMDCA, do Conselho Tutelar e da Secretaria de Assistência Social também participarão de operações conjuntas com a Polícia Militar e a Polícia Civil. A ideia é que esta força-tarefa aborde os jovens não apenas com a repressão, mas também com a opção social.