Ela nasceu ele, mas não se percebe como homem. Ela é mulher presa num corpo masculino. Ele nasceu ela, mas não se sente nem um pouco à vontade com seu corpo. Ele é homem, preso num corpo feminino. Ela sofre represálias por não se portar como homem, mas o que fazer quando nosso cérebro diz que aquele não é nosso corpo, não é nossa identidade, não é quem somos!?
Vivemos num mundo infelizmente tão discriminatório, de mentalidades tão pequenas… Vivemos num país que prega a liberdade, mas onde a mesma não pode ser exercida por ser considerada afrontosa demais para a moral e os bons costumes.
Os trans existem. Só que são incompreendidos. Nasceram num corpo que não se identificam. Sofrem. Os que não morrem pelas agressões sofridas nas ruas, se suicidam. Falta esclarecimento: não são aberrações.
Temos diversos exemplos de transgêneros brasileiros que superaram todas as dificuldades e se tornaram ícones de suas gerações. Quem nunca desejou a Roberta Close? Quem não parou para olhar a modelo Lea T?
Infelizmente, muitas portas ainda se encontram fechadas para essa minoria. É difícil encontrar trabalho, levando assim, a grande maioria a se prostituir para garantir o seu sustento.
Não precisamos ir muito longe. Aqui em Brusque mesmo, existem diversos trans. E com eles a discriminação. Uma amiga é trans e trabalha comigo como agente de saúde e sofre na pele toda essa discriminação. Quando bate na porta, quase sempre a mesma não se abre. Ela já foi xingada e já perdeu as contas de quantas vezes foi agredida. Agressão gratuita, apenas por querer exercer a liberdade de ser quem é.
Precisamos abrir nossas mentes para respeitar, pois, acima de qualquer coisa, são seres humanos dignos de respeito. Precisamos mudar essa cultura de intolerância, de ódio gratuito, para aceitarmos o outro tal e qual ele é.
Mais AMOR! POR FAVOR!
*JANEIRO É O MÊS DA VISIBILIDADE TRANS NO MUNDO E O DIA 29, PRÓXIMO DOMINGO, É O DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE TRANS.
Carina Raquel Podiatsky – agente comunitário de saúde da UBS São Luiz
