Ser mãe de um homem que veio para servir o povo deixa o coração da brusquense Maria da Glória Almeida, de 73 anos, repleto de alegria. Afinal, ela deu vida a João Carlos Almeida, o padre Joãozinho, 53, escritor, cantor e compositor, que deixou Brusque aos 11 anos para trabalhar na missão de levar a palavra de Deus a todos os cantos do Brasil.

A vocação sacerdotal foi construída ao longo dos anos, porém, foi sob as asas da mãe, que foi sua primeira catequista, que o padre ensaiava os primeiros passos em sua trajetória religiosa, que no fim de 2017 completa 25 anos.

Além da forte influência familiar – era costume dos avós a devoção em rezar o terço ajoelhados ao redor da cama todos os dias -, o convite de dois frades, quando estudava na Escola de Educação Básica Feliciano Pires, dava início a sua jornada como coroinha.

“Na década de 70 era comum o arrebatamento de crianças para irem para o seminário. E em um dia os frades foram na escola e perguntaram quem queria ser coroinha. Todos os meus colegas levantaram a mão, e eu também levantei”, conta Almeida, que teve o seu desejo em ser padre cultivado no Clube de Coroinhas, em Brusque, atrelado ao seu talento musical.

“Todo seminarista passa muito mais por dúvidas do que certezas. O mergulho final é um mergulho de fé”, diz o sacerdote, que fez a sua formação na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, os Dehonianos, e passou pelas cidades de Rio Negrinho, Corupá, Curitiba (PR), Jaraguá do Sul e Brusque – onde ficou no convento de 1984 a 1986. Após esse período, fez estágios no Paraná e terminou fazendo Teologia em Taubaté (SP), onde reside até hoje.

Em 1992 foi ordenado padre na paróquia São Luiz Gonzaga. Depois seguiu na área acadêmica e fez três doutorados: em Teologia, Educação e Espiritualidade. Tem cerca de 20 discos e 400 canções gravadas, 43 livros, leciona Teologia, além de trabalhar como comunicador em rádio e televisão e descobrir novos talentos musicais, como o conhecido padre Fábio de Melo.

Todos os filhos são muito amados igualmente. Me sinto muito orgulhosa pelos três, mas o João, por ser sacerdote, o sacerdote do Senhor, é uma bênção maior.

Maria da Glória Almeida

Almeida ainda mora em Taubaté com o padre Zezinho – um dos grandes nomes do catolicismo brasileiro. Atualmente, também envia por meio das redes sociais um mini sermão diário, que atinge em média mais de 2 milhões de pessoas.

Diante de um currículo tão vasto, parece ser mais fácil ser mãe. Mas para Maria da Glória, não importa se o filho é famoso ou não, o que mais tem valor é a sua felicidade e como ele se sente em relação à vida que escolheu.

Ela afirma que ser mãe é um presente de Deus e o fato do filho ter nascido no Dia das Mães foi uma graça maior ainda. O padre, o primeiro dos três filhos da aposentada (depois nasceram mais duas mulheres) foi muito esperado.

“Todos os filhos são muito amados igualmente. Me sinto muito orgulhosa pelos três, mas o João, por ser sacerdote, o sacerdote do Senhor, é uma bênção maior: ele não veio para ser servido, mas para servir o povo, e isso é muito lindo, é estar disponível para ajudar a humanidade e fazer o mundo mais feliz”, diz a mãe, orgulhosa.

Para Almeida, que valoriza a conduta ativa com que a mãe leva a vida, ela representa o que ele será no futuro.

“Sou filho de uma jovem de 20 anos e num piscar de olhos eu terei 73 anos. Minha mãe é um modelo de vida ativa. Ela dirige (o automóvel) e se dirige também. Todo filho é um pouco fruto da árvore da qual nasceu e eu sou os braços e a voz da minha mãe, levo dela essa curiosidade permanente e a capacidade de se reinventar sempre”, diz o padre.

Mãe, eu cresci mas ainda sou filho
Em um momento de improviso, antes mesmo de ser ordenado sacerdote, em 1991, o padre Joãozinho compôs uma música que é pura emoção e retrata fielmente o sentimento entre mãe e filho.

Na época ele tinha que apresentar uma canção para mães idosas, porém, esqueceu de preparar a música, o que não foi um problema, já que no mesmo instante a inspiração tomou conta de si e ele fez uma das músicas que se tornou um hino para as mães.