Hey!

Você!

Que é mãe de alguém.

Que é pai de alguém.

Tio, tia, irmão mais velho…

Já ouviu falar em selinho?

Aquele beijinho bobo, que faz um estalido nos lábios da outra pessoa, mas que mal encosta nela, sabe qual?

Você acha que se seu filho/filha/sobrinho/maninha visse alguém dando esse beijo ia pensar o quê? Ia ficar com nojinho natural de criança, provavelmente. Ou ia querer repetir o beijo, meio sem jeito e, convenhamos, sem maldade alguma;

Ou só ia ver e não se importar? Olhar pro lado… ou nem olhar?

Semana passada tivemos o polêmico-primeiro-beijo-gay-da-disney, onde alguns personagens estão cantando uma música em um show e de repente todos se beijam, cada qual com seu parzinho.

No vídeo aparecem vários casais diferentes, velhos, novos, morenos, loiros, de óculos, de bigode… Diversidade deve ser o maior símbolo da nossa sociedade, não é mesmo?

Acho relevante que um dos casais seja composto por dois rapazes. Tanto quanto acho relevante que outro seja por dois velhinhos. Visibilidade e representatividade é algo importantíssimo em todos os gêneros, sexos, sexualidades, etnias, idades, biotipos…

Mas como já é de praxe, um pastor já bem conhecido por todos, que parece se ver como grande detentor de conhecimento e razão, veio dar sua opinião (não requisitada), dizendo que aquele beijinho (especificamente o dado pelos dois rapazinhos) foi ofensivo à família brasileira, pois além de “asqueroso e nojento” (palavras do próprio pastor), ele erotiza as crianças.

Veja bem, ele disse que um selinho, um beijo superficial, um encostar de lábios, foi sinônimo de erotização infantil!

Desculpem-me se não consigo disfarçar a indignação. Acredito que erotizar crianças seja um problema para o adulto – que sabe que um beijo pode levar a outras coisas. A criança, quando vê um comportamento sexual (se é que podemos enquadrar o tal beijo nisso), não o interpreta com o que (nós, adultos) chamamos de malícia, pois quem vê sexo em selinho é o adulto, não a criança!

Talvez eu precise lembrar o pessoal que foi criança na época do É O Tcham como eles dançavam felizes, descendo na boquinha da garrafa sem entender a conotação sexual daquilo tudo. Sinceramente, quando eu cantava que “pau que nasce torto nunca se endireita” eu jurava que estava falando de um pedaço de madeira. A ingenuidade infantil funciona como uma defesa.

O fato é que só entendemos certas coisas quando nossa maturidade permite, é aquela história de ver o que queremos ver, que na realidade significa que vemos o que PODEMOS ver: o que estamos preparados para entender.

Então, se alguém vê sensualidade nos beijinhos da Disney eu sugiro fortemente que busque ajuda e pense melhor sobre o porquê de imagens como aquelas estarem lhe afetando tanto.

 

 

Eduarda Paz – psicóloga