Hoje começa a Oktoberfest, em Blumenau. Amanhã, será a vez da Fenarreco. O Vale estará em festa. Como sempre, serão dias de muita música, dança, chope e comida típica da cozinha alemã. Também, de muito barulho e bebedeira, porque festa é alegria turbinada pelo efeito deletério do álcool, que libera serotonina no cérebro e nos deixa cheios de euforia e excitação. Crise, nem pensar. Deixa para amanhã, que tem eleição, mil discursos na televisão e rosários de solução.

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No momento da sangria do primeiro barril aqui em Brusque, chope jorrando para a alegria de muita gente de caneco na mão, estarei em Florianópolis para tomar posse na Cadeira 31, da Academia Catarinense de Letras. A vida é assim mesmo, marcada pela biodiversidade. Uns bebem, dançam e se divertem. Alguns imaginam que escrever é preciso para alimentar a alma e divertir o espírito. Outros trabalham duro, porque a vida é preciso ganhar.

Minha eleição aconteceu em junho, num momento de colher os derradeiros frutos da semeadura feita durante a minha vida. E, agora, é chegada a hora de adentrar o umbral do belo, imponente e centenário Casarão que abriga a Casa das Letras de Santa Catarina, para receber essa láurea acadêmica, que a recebo em reconhecimento pelo que escrevi, no campo das letras jurídicas e da literatura, pelas centenas de crônicas que publiquei neste e em outros jornais do Estado.

Aposentado, escrever crônicas é o que tenho feito, além de viajar para respirar outros ares. Agora, sinto-me um cronista, lobo solitário sentado em frente à tela do computador – a velha máquina de datilografia já nas prateleiras e armários dos museus – escrevendo para dialogar, numa conversa semanal, com a inteligência, com a razão e com os sentimentos do meu leitor. Nesse processo de interação entre o artífice da palavra e o leitor, escrever é semear emoções e ilusões, é provocar alegrias e sorrisos, tristezas e lágrimas, amor e paz.

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Para mim, com sua linguagem coloquial, muitas vezes, marcada pela ironia, a crônica é o gênero literário escrito na véspera, para chegar às mãos do leitor no dia seguinte e ser lida numa página de jornal. E, agora, tempo de comunicação virtual, também, na tela mágica deste aparelho esperto chamado celular. Assim, é a crônica, com o seu timing, com sua linguagem objetiva, salpicada com o tempero da crítica e da ironia, com sua temática garimpada do cotidiano da vida social, com um texto conciso, ajustado rigorosamente ao espaço da coluna de um jornal.

Como direi, amanhã, faço questão de compartilhar esse prêmio acadêmico com todos os leitores de minhas crônicas. São eles a razão maior da minha inspiração para escrever sobre o cotidiano da cidade e a vida das pessoas. Neste momento da minha vida, sinto que escrever é viver porque, enquanto puder sentar ao computador para escrever uma crônica, estarei vivendo para conversar com os meus amigos e leitores.