policial civil
Luiz Antonello/O Município

Por Luiz Antonello
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Abusos sexuais de crianças e adolescentes, além de violência doméstica, com muitas mulheres aparecendo agredidas, com medo de denunciar o agressor. Esses são parte dos desafios diários de policiais da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) de Brusque. No setor, trabalha a policial civil Priscila Montanha da Rosa, de 42 anos.

Assista ao vídeo e conheça a história de homem que abusava sexualmente da própria enteada:

“Na delegacia, nós fazemos o primeiro atendimento e muitas querem medidas protetivas, são muitos casos. Não temos um dia sem fazer medidas protetivas. Temos investigações culminadas em prisões, porque muitos homens as descumprem”, inicia.

Além disso, Priscila reforça que Brusque registra muitos casos de abuso que envolvem pais, tios, padrinhos e padrastos. Nestas situações, há mais dificuldade para a denúncia acontecer.

Ela relata que, no último ano, foi preso um homem que abusava sexualmente da própria enteada. Então, para cessar a violência, a adolescente tentou se suicidar. Após a vítima ser internada no hospital, o caso chegou na Dpcami.

“Ele tentou fugir no dia da prisão. Ele estava com as malas prontas, em Gaspar, pronto para ir embora. Dali, ele ia para o Oeste catarinense”, conta a policial.

Foto: Luiz Antonello/O Município

Ao detalhar o caso, a policial conta que a vítima vivia com a mãe e o padrasto, que a criava desde pequena. Os abusos podem ter iniciado quando a menina tinha entre 6 e 8 anos.

“Ele [o pastor] era quem sustentava a casa. O mais triste desta história é que a menina tentou contar para a mãe. Ela tinha 10 anos quando fez uma carta e contou sobre os abusos. Mas a mãe tentou conversar com o companheiro e decidiu continuar com ele”, detalha.

Após a ação da Polícia Civil, o agressor saiu da vida da vítima e permanece preso. Conforme a policial, a mãe da adolescente também está respondendo um inquérito por omissão.

Para a policial, os casos de abuso sexual envolvendo crianças são os mais difíceis de lidar. “É cada história, que dói em contar. Porém, nos casos como esse, nos quais o agressor vai preso, ficamos felizes em ver o desfecho”, salienta.

No último ano, uma mulher atendida por Priscila chegou na delegacia com diversos machucados. Ela não queria fazer o boletim de ocorrência e denunciar as agressões, feitas pelo próprio companheiro. A vítima só estava ali pela ação de colegas, que a viram com hematomas no local de trabalho.

“Ela veio para cá com medo, se sentia coagida e estava nervosa. Existe muito medo do agressor, pois as vítimas não sabem qual será a reação deles ao descobrirem da medida protetiva”, conta a policial.

Na delegacia, foram feitas fotos das lesões na mulher. Na sequência, o agressor também se tornou suspeito de abusar da filha dele com a vítima. “A criança, de 3 anos, falou sobre os abusos. A mãe ficou muito triste com tudo isso”, diz.

“Foi pedida a medida protetiva, foi instaurado inquérito e a vítima prestou depoimento. Após um tempo, ela me abraçou e agradeceu, dizendo que o homem havia ido embora, que ela estava aliviada e bem. Isso para mim foi gratificante”, completa.

Foto: Luiz Antonello/O Município

Natural de Porto Alegre (RS), Priscila mora no Centro de Brusque. Ela é formada em Tecnologia da Informação e, atualmente, trabalha no setor administrativo da Dpcami.

“São muitas dificuldades, até hoje. É um universo predominante masculino. O mundo mudou um pouco, mas encontramos muito machismo e ainda temos que provar que somos tão capazes quanto eles”, afirma.

Priscila tem uma filha de 4 anos e o marido é também policial, mas atua em Guabiruba. No dia a dia, ela tenta manter a delegacia fora de casa.

”Tento não levar isso para a minha vida pessoal, têm coisas muito pesadas que escutamos. Mas, às vezes, não tem como e acabo conversando com o meu marido. Tento não absorver, pois é pior. Sou dona de casa, sou mãe e sou policial. Para não estressar, acabo direcionando para atividade física”, diz.

Mesmo com as pressões, a policial civil tenta se manter sensível para que os casos difíceis não a deixem mais fria em relação ao mundo.

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