médica da UTI
Luiz Antonello/O Município

Por Luiz Antonello
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O dia a dia da emergência e do ambulatório de pediatria do Hospital Azambuja, em Brusque, é imprevisível. Por lá, passam diversas crianças vítimas de acidentes graves, surtos, alergias, infecções e sintomas fortes de doenças, que chegam entre a vida e a morte. Na coordenação do setor, está a médica intensivista pediatra Daniela Dal Forno Maestri, de 42 anos.

Assista ao vídeo e conheça a história de recém-nascido que precisou de cirurgia de urgência:

“Vivemos muitas histórias tristes e outras muito felizes. Não é apenas uma profissão; é uma criança, um pai e uma mãe. É uma história que, de uma hora para outra, por um acidente bobo ou uma tragédia, muda completamente. A criança é muito sincera no olhar, no choro e ao demonstrar a dor. Não consigo não me envolver, faço tudo o que eu posso fazer, luto como se fosse o meu filho, não meço esforços para salvá-los”, diz.

Gaúcha, Daniela é médica rotineira da enfermaria pediátrica e plantonista da UTI Neonatal do hospital. Além disso, é supervisora do internato de pediatria do curso de medicina do Centro Universitário de Brusque (Unifebe) e coordena o ambulatório e pronto-socorro pediátrico no Hospital Azambuja. Ela também é plantonista da UTI Pediátrica e UTI Neonatal do Hospital Imigrantes.

Foto: Luiz Antonello/O Município

Ao falar das experiências da emergência, Daniela, recorda de um caso que a marcou logo após ela se mudar para o município. “Tínhamos um recém-nascido com abdômen muito distendido, com sinais de gravidade. Ao realizarmos o raio-x, vimos que precisava de cirurgia de urgência”, inicia.

Daniela relembra que conseguiu estabilizar a criança, que estava em uma situação gravíssima. Ela precisou ser transferida para Blumenau e a médica não soube mais sobre o estado de saúde dela.

“Dois anos depois, eu estava em uma loja em Brusque e uma moça me abordou. Ela se identificou como a mãe do bebê e me agradeceu por ter salvo a vida do filho dela. As crianças que salvamos, geralmente não se lembram de nós e, da mesma forma, devido ao crescimento, não lembramos delas. Mas os pais, geralmente, nunca esquecem”, diz.

Na emergência, incontáveis crianças chegaram para serem atendidas por Daniela. Entretanto, na memória, os casos mais marcantes são aqueles com desfechos tristes. “Sempre é uma dor muito grande, mas conseguir salvar uma criança é uma satisfação que supera qualquer dificuldade”, completa.
Natural de Cruz Alta (RS), Daniela fez faculdade de medicina em Chapecó, no Oeste catarinense. Desde que entrou na faculdade, o foco era a pediatria.

“Eu queria trabalhar em emergências, com crianças graves, seja no pronto-socorro, sala vermelha ou UTI, sempre foi minha paixão. Nunca almejei ter um consultório. Então, trabalhar exclusivamente em ambiente hospitalar, ficar à beira do leito até ver uma resposta positiva, poder fazer a diferença na vida de uma criança, isso, sim, me encanta”, explica.

Logo após formada, a médica se mudou para Fortaleza (CE), onde o marido dela, Giuliano, trabalhava, e entrou na residência de pediatria e, logo em seguida, na residência de UTI Pediátrica. “Durante a residência, sempre trabalhei em pronto-socorro, o que me proporcionou muita experiência em urgência e emergência durante 7 anos”, diz.

Além disso, mãe do Matteo, de 8 anos, Daniela aponta que a maternidade a fez ser uma pediatra melhor. Ela explica que se tornou muito mais fácil ela se colocar no lugar de pais e mães que estão num momento delicado com seus filhos em situação de risco.

Foto: Luiz Antonello/O Município

No fim de 2019, o casal se mudou para Brusque e, hoje, a família reside no Centro. Em julho de 2021, no auge da pandemia da Covid-19, vendo a necessidade de um serviço destinado à emergência pediátrica, o Hospital Azambuja a convidou para coordenar o serviço. Então, foi iniciado o atendimento 24h para a população de Brusque e região.

Apesar da tensão diária, Daniela afirma que nunca passou por alguma situação desconfortável no trabalho por ser mulher.

“As dificuldades que enfrento, acredito serem as mesmas que toda mulher que trabalha fora passa no dia a dia, como ficar longe de casa muitas horas, distante da família, trabalhando muitas vezes fins de semana e feriados. Mas acredito que quando trabalhamos com o que gostamos isso se torna mais fácil. Sempre tentei fazer meu melhor e fico feliz por hoje ser reconhecida por isso”, finaliza.

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