Samu
Luiz Antonello/O Município

Por Luiz Antonello
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Seja pelo chamado 192 ou para dar apoio ao Corpo de Bombeiros Militar, o Samu de Brusque vivencia diversas situações diariamente. Conforme a enfermeira supervisora da Unidade de Suporte Básico, Aline Fagundes, as ocorrências que envolvem crianças são as que mais mexem com os profissionais.

Contudo, foi durante a pandemia da Covid-19 que a equipe vivenciou os momentos mais difíceis. “A gente se desgastou muito em atendimentos, porque a cada um precisávamos fazer uma limpeza gigantesca na ambulância. Felizmente, não tivemos nenhuma baixa na equipe”, conta.

Assista ao vídeo e confira relato de atendimento durante a pandemia da Covid-19:

O atendimento mais marcante foi o de uma mulher de 38 anos com Covid-19. Mãe de um menino de 2 anos, ela demorou para chamar o socorro, pois não queria ficar longe do filho. A mãe foi levada em estado grave para a ambulância e a criança veio atrás chamando por ela. “Mamãe, mamãe”, ele disse.

“Sabíamos que ela não iria voltar. Infelizmente, a mulher faleceu dias depois no hospital. Essas situações nos marcam bastante, eu lembro até hoje da voz da criança. Na pandemia, vivemos muito disso”, relata.

Apesar das histórias tristes que marcam os corações dos socorristas, Aline pondera que incontáveis pessoas foram salvas durante a pandemia. Parte delas sofreu com sequelas da doença e, até hoje, são atendidas pelo Samu. “Acabamos criando vínculos com muitos pacientes”, continua.

Entretanto, no cotidiano, o Samu faz variados atendimentos. Só em 2023, a equipe fez 3,3 mil, aponta Aline.

Foto: Luiz Antonello/O Município

A enfermeira salienta que outro tipo de ocorrência que marca muito o profissional do Samu é o de acidentes de trânsito. “São difíceis. Felizmente, quando dá certo e a vítima se recupera. Aí é gratificante”, pondera.

Em 2018, ela recorda que um motociclista teve a perna esquerda amputada após uma colisão com um caminhão. O atendimento do Samu foi em apoio ao Corpo de Bombeiros e o jovem foi levado ao Hospital Azambuja.

“Não tínhamos ideia de quem ele era. Depois, a mãe dele entrou em contato comigo, pois era uma conhecida minha. Então, temos notícias dele até hoje”, revela.

Em novembro do último ano, o Samu também foi acionado após um veículo off-road cair em uma ribanceira de aproximadamente 70 metros de altura, em Guabiruba. Aline detalha que, apenas para subir o morro, foram quatro horas de caminhada em um local de difícil acesso.

A dificuldade foi intensificada pela forte chuva. “Foi muito difícil neste dia, a ambulância ficou impossibilitada de continuar os atendimentos, era muito barro. Felizmente, ninguém morreu”, completa.

Foto: Luiz Antonello/O Município

Natural de Chapecó (SC), Aline se formou em enfermagem em 2011, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). No ano seguinte, ela se mudou para Brusque.

“Iniciei a minha carreira, na época, no Hospital Imigrantes, que era o Hospital Evangélico. Trabalhei um tempo na Prefeitura de Brusque e no Hospital Azambuja na parte de pronto-socorro, de 2013 a 2018”, detalha.

Em 2017, Aline foi alocada ao Samu de Brusque, onde segue até hoje. Gerenciada pelo município, na Unidade de Suporte Básico, a viatura é tripulada por um condutor socorrista e por um técnico em enfermagem.

“Desde criança, eu sempre gostei muito da área da saúde. Eu não tinha um caminho definido, mas sempre quis ir para essa área. Acompanhava meu pai nas consultas do postinho e achava muito legal. Eu me identifiquei com a área da urgência e emergência na época do estágio, na faculdade, que eu gostava muito. Graças a Deus, eu consegui seguir neste caminho”, diz.

Hoje, ela é responsável pela rede de urgência e emergência do município. “Estou feliz e realizada na minha profissão. Gosto muito do que faço. Não faria outra coisa na vida além de ser enfermeira. Me realizo dia após dia”, finaliza.

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