Artur Klann, de 37 anos, tem o dia a dia dividido em dois setores da economia que apontam alguns bons desafios. Em mobilidade urbana, é um dos diretores das empresas Geneve e Santa Teresinha Transportes, e no esporte, criou a Escola Guga Brusque. Diariamente é movido por desafios “normais” para um empreendedor. “A pandemia trouxe dificuldades. Ficamos muito tempo parados, vieram problemas em todos os sentidos, principalmente financeiros. Agora percebemos que as coisas têm se encaminhado”, garante.
Seu avô, Orlando Muller, o Pipoca, já falecido, foi um grande ativista do esporte no estado. Ele fez parte da equipe de auxiliares de Arthur Schlösser, que em 1960 criou os Jogos Abertos de Santa Catarina. E essa é uma das principais memórias e referências que Klann tem na idade adulta. “Cresci dentro deste meio. Meu avô é um dos melhores amigos que tive na vida”, lembra.
O empresário defende o esporte como uma das principais alternativas para o desenvolvimento das crianças, principalmente cognitivo e social. “Precisamos ver o esporte por primeiro como educação, e não como competição. A partir do momento que os pais entendem esse caminho, o esporte tende a trazer muito desenvolvimento em todos os aspectos para os filhos”, acredita.
Pai de dois filhos, Enrico, de 6 anos, e João Pedro, de 3 anos, Artur Klann acredita que que o esporte é uma das bases da educação. “Meus filhos começaram de forma lúdica jogando tênis e futebol. Pensando no estimulo e desenvolvimento deles. E se jogar bem ou mal, pra mim é indiferente”.
Artur Klann completa 5 anos de Escola Guga em abril, e se prepara para abrir uma nova unidade em Brusque, com três quadras de beach tennis e duas de tênis, que serão inauguradas no próximo mês. “O que sempre busquei desde o inicio é oportunizar as pessoas a jogarem tênis. Essa história de que é um esporte de elite e de difícil acesso, sempre quis ir contra e oportunizar”, finaliza.
André Groh: Como foi seu encontro com o esporte?
Artur Klann: Cresci dentro deste ambiente. Minha família sempre foi muito movida por isso, meu avô Pipoca é um dos fundadores dos Jogos Abertos. Me dediquei um pouco mais, porque o Pipoca e eu sempre tivemos uma relação muito boa. Ele é um dos melhores amigos que já tive na vida. Acompanhei tudo o que ele movimentou, ia em todos os Jasc. E minha mãe também jogou tênis por muito tempo. Eu logo cedo, com 5 anos, estava jogando tênis e depois participando dos torneios.
Qual o papel do avô nesse período inicial?
Eu herdei um negócio dele, uma paixão. O Pipoca é um protagonista nisso tudo. Me estimulou, participou, e fez muito o papel pai. Até meus 20 anos, durante toda essa trajetória, ele esteve no meu lado. Me levava nos torneios, e vibrava com toda a movimentação que acontecia.
Qual a importância do esporte nesse período de formação das crianças?
Hoje tenho essa visão mais clara. Precisamos ver o esporte por primeiro como educação, e não como competição. A partir do momento que os pais entendem esse caminho, o esporte tende a trazer muito desenvolvimento em todos os aspectos para os filhos. Como desenvolvimento cognitivo, pessoal, social. O esporte traz muitas experiências de situações que depois você leva para situações da vida. Aprende a lidar com vitórias e derrotas, e isso traz benefícios de desenvolvimento para a criança. Sempre indico a prática para as pessoas que são próximas, para pensar na educação e desenvolvimento dos seus filhos. O ganho do desenvolvimento das crianças é igual para todas. A competição é outro passo adiante.
Que esporte você jogava?
Joguei vários. Futebol, basquete, vôlei, tênis de mesa. Tudo o que estava ao meu alcance, mas mais futebol e tênis foi o que mais me dediquei.
Seguir o caminho do tênis teve uma influência da sua mãe?
Sim, e meu avô também. Ele acompanhou minha mãe por primeiro, depois a mim. Tínhamos raquete dentro de casa, e fica como exemplo a influência do meio ambiente. O atleta se faz dessa forma. Se não tiver o estimulo e incentivo dos pais, isso não acontece.
Você busca levar esse estímulo para seus filhos também?
Com certeza. Meus filhos jogam tênis, o mais velho joga futebol também. Começaram com 3 anos, de uma forma lúdica. Pensando sempre no estimulo e desenvolvimento deles. E agora o mais velho já tem uma aptidão maior para o esporte. E se ele jogar bem ou mal, pra mim é indiferente. Os pais precisam orientar, apoiar e acompanhar os filhos.
Como a paternidade mudou sua vida? Seu olhar para o esporte mudou também?Completamente. Quando nasceu meu primeiro filho, as coisas mudaram na minha cabeça. O que eu via e a maneira que conduzia. Sempre imaginei que quando tivesse um filho daria a oportunidade de jogar tênis. E foi quando surgiu a ideia de voltar a trabalhar com o esporte, e surgiu a Escola Guga, focado em desenvolvimento das crianças.
Como surgiu a Escola Guga?
Eu fiz o projeto de uma academia de tênis com 18 anos, e ficou ali na ideia. Comecei a fazer faculdade e trabalhar com a família, seguindo outros rumos. Depois que meu filho nasceu, vi que precisava fazer algo diferente. Surgiu a possibilidade da Escola Guga, e as coisas ocorreram muito rápido, levou em torno de seis meses para começarmos as aulas e já estamos completando 5 anos de atividades agora em abril.
Qual teu maior ídolo?
Gustavo Kuerten com certeza. E Rogério Ceni no futebol.
Como é ter a oportunidade de trabalhar com seu ídolo?
Eu conhecia o Guga de antes, ainda quando era mais novo. Mas claro, fazia muitos anos que não o via. É uma sensação diferente, sabe. Para o pessoal da franquia, é natural. Pra mim, cada vez que estamos juntos, é diferente. Seu ídolo te chamando pelo nome é prazeroso. É um privilegio. São poucas pessoas que podem conhecer seu ídolo. Ainda mais nesta situação, tão próximo.
O que esperas para o futuro da escola?
Estamos agora mudando pra uma nova estrutura. O que sempre busquei desde o inicio é oportunizar as pessoas a jogarem tênis. Essa história de que é um esporte de elite e de difícil acesso, sempre quis ir contra e oportunizar. Meu maior desejo sempre foi esse. E além disso, ajudar o desenvolvimento das crianças como um dos pontos principais. Não vai nascer um Guga por semana aqui dentro da quadra, isso pode ser um negócio difícil. Mas claro, a gente sempre sonha que possa acontecer e trabalhamos com essa possibilidade num movimento de formação na base. Mais cedo ou mais tarde vai surgir. Sem dúvida nenhuma daqui a pouco surge um nome mais forte, e pode ser aqui em Brusque.
Qual a expectativa com a ampliação da escola?
Devemos aumentar o número de alunos, e capacidade para mais que dobrar. Temos procura, e justamente por isso estamos nos mudando, para poder disponibilizar esse espaço com mais estrutura. O que temos desde o inicio é um ambiente familiar. Atendemos as pessoas de forma diferente e muito particular. Mesmo aumentando a estrutura, vamos manter este padrão.
Como você avalia o beach tennis nesse movimento em Brusque?
É um case de sucesso, cresceu muito e muito rápido. Brusque realmente abraçou o esporte, e com certeza é uma das cidades mais fortes em Santa Catarina. Até por conta dessa proximidade com o litoral, o que pode ser uma influência. Tem ainda a questão familiar e de socialização, porque que é um esporte diferente. Dificilmente terá outro esporte que um homem ou mulher de diferentes idades poderão jogar no mesmo nível um do outro. As pessoas acabaram aderindo, e a gente tem que saber trabalhar neste sentido. Agora no novo espaço vamos ter mais quadras, mais possibilidades de realizar eventos e disponibilizar as quadras para nossos alunos.
Como você vê o olhar do setor público para o esporte?
Ano após ano vem deixando a desejar. Nem Ministério de Esporte tem mais. E isso é uma das questões que tenho muito interesse. Precisamos de pessoas boas e engajadas, movidas para que essa valorização aconteça. Eu sinto uma desvalorização das competições, como os próprios Jogos Abertos, que tem caído a procura, interesse e investimento. E em paralelo a isso vem nossas crianças, com projetos lá em baixo focados no futuro. É uma questão que sonho poder participar, colaborando de alguma forma em Santa Catarina, no futuro a longo prazo.
O título do Brusque F.C. pode resgatar nossa autoestima e valorização do esporte?
Sim, e precisamos lembrar do vôlei. Este mês o time feminino conquistou vaga para a Superliga. É um esporte de tradição da nossa cidade. Conseguiu bons resultados pra chegar a competição nacional. É outro fator, e brusquense gosta de torcer. Estive na final do Campeonato Catarinense, o estádio estava lotado e a cidade ficou parada. As meninas do vôlei entraram em campo e a cidade inteira bateu palma. Vibraram com elas, torceram e bateram palma de pé. É um movimento que tem crescido, e traz muito prestigio pra cidade.