Ela nasceu Daniel, mas já aos 10 anos se depilava. Daniela Garcia Machado, conhecida como Glamour Garcia, tem 31 anos e desde pequeno se sentia uma mulher dentro de um corpo masculino.

Foi o papel como Britney em “A dona do pedaço”, na rede Globo que trouxe sua história à tona e rendeu fama a atriz, que em 2019 recebeu o Troféu de Atriz Revelação nos Melhores do Ano do Domingão. Glamour foi a primeira trans a receber o prêmio.

Em 2009 Daniela iniciou a transição de masculino para feminino e de lá pra cá se tornou uma ativista pelos direitos da comunidade trans. Seu reconhecimento lhe rendeu um convite para participar do livro “Transgêneros: Orientações médicas para uma transição segura”, lançado pelo médico de Blumenau (SC) José Carlos Martins Junior.

Há seis anos à frente do Transgender Center Brazil, clínica em Blumenau especializada no atendimento trans, Dr. José Carlos Martins reúne em 180 páginas todo o seu know-how e expertise no assunto, trazendo para a população transgênera informações seguras acerca do tema. Entre os temas abordados no livro “Transgêneros: Orientações médicas para uma transição segura” estão Terapia hormonal, Cirurgia de feminização e Masculinização facial, Feminização e Masculinização corporal e Redesignação sexual masculina e feminina. O livro conta com a colaboração do médico Claudio Eduardo de Souza, Especialista em Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Cirurgia Craniomaxilofacial e que também atua na equipe do Transgender Center Brazil.

José Carlos Martins, de Blumenau, é autor do livro. Fotos Divulgação

Esse é o primeiro e único livro destinado à comunidade trans com o tema Técnicas cirúrgicas faciais, corporais e sexuais. Existe um livro escrito na década de 1990 pelo médico americano Douglas K. Ousterhout, que foi o pioneiro nas técnicas de cirurgia de feminização facial, porém, este livro não fala sobre cirurgias corporais e sexuais.
Na contracapa do livro destaque para o depoimento de Glamour Garcia: “Inúmeros são os desafios de uma cidadã, ou cidadão trans. A violência e a hierarquia brutal fazem com que as estatísticas de qualidade de vida trans sejam absurdamente desumanas”.
É contra esse preconceito que o livro fala, não apenas da sociedade, que discrimina, mas da classe médica também, que muitas vezes se volta contra os profissionais que atuam com este público específico.