Guilherme Luz Fritzke (33) tem uma veia empreendedora reconhecida desde criança. Natural de Florianópolis, o sommelier mudou-se para Nova Trento logo cedo. Foi ali que com os vizinhos da época que movimentou na rua uma espécie de circo, com apresentações que davam direito a bilheteria que tinha o lucro dividido entre o grupo.

A formação no colégio ocorreu em Brusque, e foi quando conheceu a esposa, a administradora Juliane Tholl Fischer (Fritzke). Mais tarde voltou a morar em Florianópolis, onde formou-se em Administração na Udesc e retornou então para Brusque para morar perto da namorada, Juliane. Retornou também para empreender mais tarde, quando em 2010 inaugurou o primeiro negócio: Caffè Gourmet, uma cafeteria moderna com referencias internacionais e uma arquitetura que casa com a experiência gastronômica proposta por Fritzke.

Guilherme Fritzke está otimista com o mercado de vinhos nos próximos meses, e conta que “brasileiro tem bebido mais vinho, e o crescimento global é evidente”. Fotos Ana Roberta Venturelli

André Groh: Como surgiu o Caffè Gourmet?
Guilherme Fritzke: Na faculdade sempre sonhei em ter meu negócio, desde criança. Surgiu a oportunidade do café, quando o Carlos Fischer estava finalizando a obra do CRF Prime. Comecei a estudar o café, a torra e o processo. Enxerguei que era um bom produto, e que havia a demanda de um lugar focado em café. O brusquense sempre teve esse gosto pelo café da tarde. E resolvi focar nesse negócio de relacionamento, e aqui as pessoas se encontram para fechar negócio.

A.G.: De onde você trouxe essa intenção?
G.F.: Passei mais de um ano estudando e pesquisando. Sobre todo o processo, desde a torra, serviço e o produto. Eu queria ter produtos característicos, com um cardápio fácil de execução, um modelo de negócio inspirado nos americanos.

A.G.: Como a arquitetura criou essa identidade?
G.F.: O Felinho Valle fez essa leitura do meu negócio e conversamos muito. E numa segunda etapa o Vitor Cervi finalizou a obra. Sempre com a intenção que fosse um projeto usual.

A.G.: Como surgiu o vinho nesse negócio?
G.F.: Felinho Valle tinha a Decanter, e propôs que trabalhássemos juntos. Eu já bebia vinho, e sabia que o café e vinho são muito próximos. Então comecei a estuda-lo, e abrimos a loja no CRF Prime também no ano seguinte a abertura do Caffé Gourmet.

A.G.: Qual o maior segredo do negócio de vinhos?
G.F.: Vinho é abrir garrafa somado a relacionamento. Quanto mais pratico isso, mais adquiro a confiança do meu cliente e posso vender o que tenho na mão.

A.G.: Como ocorre esse processo de educar as pessoas no vinho? Ele ainda existe?
G.F.: Ainda existe, mas vejo que as pessoas estão com mais acesso a informação. Existiu uma certa impressão de arrogância por quem entende de vinho, mas hoje eu vejo que esse gelo está quebrado.

A.G.: Como a pandemia afetou este comércio?
G.F.: Fortalecemos o delivery, e notamos que as pessoas estão bebendo mais, porém precisamos buscar rótulos com o melhor custo benefício para atender o novo tíquete médio. O relacionamento também é muito importante nesse momento.

A.G.: Estamos nos aproximando do inverno, que é o melhor período para venda de vinhos. É verdade? Por que?
G.F.: É verdade, e ano após ano dependíamos do inverno para sobreviver. Mas hoje vejo que as pessoas têm mudado seus hábitos, e tem vinho até em baladas. O período ainda tem o maior faturamento, mas ano após ano tem mudado, com a crescente procura pelo que chamamos de vinhos de verão.

A.G.: Como você vê o crescimento das vinícolas brasileiras?
G.F.: Há muito potencial. O Brasil tem melhorado muito o foco de produção. Os produtores observaram que os vinhos brancos e espumantes são o caminho e estão numa crescente, e os rótulos passaram a ser valorizados no exterior. Nossos espumantes de frente são nacionais, e vendemos muito mais do que os importados.

A.G.: Como o mercado internacional enxerga o vinho brasileiro?
G.F.: Também passa por uma grande transformação. Como entre vários países ainda tem um certo corte tributário, por exemplo, se moro no Reino Unido posso comprar um vinho italiano com um muito menos impostos. Por isso fica difícil eu colocar um espumante italiano e um brasileiro lado a lado em alguns países.

A.G.: Você também criou um espumante em homenagem a sua única filha, Lily. Como surgiu esse produto?
G.F.: Ainda é um projeto de produzir um vinho e outra espumante. Como estou no meio, é algo também que me agrada muito. Depois do nascimento da Lily, achei que fosse o momento e fiz uma produção limitada a 100 garrafas. Ainda quero lançar um vinho nacional em breve, que possa celebrar algum momento também.

A.G.: Qual sua expectativa para os próximos meses?
G.F.: Estou bem entusiasmado, vejo um movimento crescente no consumo do vinho, e também está aumentando a concorrência. Mas é uma concorrência muito saudável, porque quanto mais pessoas estiverem falando e vendendo vinho, melhor para o mercado. Brasileiro tem bebido mais vinho, e o crescimento global é muito evidente.

A.G.: E o café?
G.F.: Café é mais estável, é um centro de negócios e reuniões. A vitalidade de um prédio comercial garante mais fluxo diário.