Imigrantes são assentados em áreas mais distantes
Europeus foram levados ao local conhecido atualmente como morro dos polacos, no Santa Luzia
Europeus foram levados ao local conhecido atualmente como morro dos polacos, no Santa Luzia
A partir de 1889 começou a imigração em massa de polacos para o Brasil e muitos vieram para a Colônia Brusque. Algumas dessas famílias permanecem até hoje na cidade. Além disso, há de se considerar que, depois da saída dos pioneiros, em 1871, alguns poucos poloneses ficaram na colônia.
Esses imigrantes chegaram e foram assentados em áreas mais distantes da sede da colônia. Por isso muitos foram parar em regiões que hoje são Botuverá, Nova Trento e São João Batista.
A família Walendowsky é um exemplo disso, pois foi assentada primeiramente no território que hoje é Botuverá e depois se mudou para Brusque, conforme conta Ivan Walendowsky, descendente. Os Witkosky ainda hoje estão presentes na região colonizada preponderantemente por italianos.
Uma marca da presença polaca na região é um túmulo no cemitério do Centro de Botuverá, no qual estão os restos mortais retirados, em 1943, do “cemitério dos polacos” do Lageado Baixo.
O antigo cemitério não existe mais, tampouco há marcas da sua existência no terreno, onde hoje tem um galpão industrial. Entretanto, João Venzon, 64 anos, morador do Lageado Baixo, lembra-se do local na sua infância.
“A gente brincava ali, tinha pedaços de cruzes. Na época, se fazia as lápides com concreto”, lembra o morador.
Venzon conta que sempre teve descendentes de poloneses no bairro. Entretanto, eles se adaptaram à cultura local. “Nunca ouvi eles falando polaco”.
Entre os que vieram para Brusque, os primeiros foram alocados no Santa Luzia, no caminho para Nova Trento e o Vale do Rio Tijucas. O bairro é considerado o berço dos polacos no município e até hoje alguns descendentes residem no local.
No Santa Luzia fica um local icônico: o morro dos polacos. Como o nome denuncia, é nessa estrada de barro e relevo montanhoso que parte dos poloneses foram colocados.
Alguns acreditam que o morro dos polacos seria Sixteen Lots, onde os polacos vindos em 1869 se assentaram, todavia, pesquisadores, como Maria do Carmo Ramos Krieger e Aloisius Carlos Lauth, já demonstraram que o local ficava na região do Ribeirão do Cedro Grande.
Berço
Pouco depois da igreja católica, mas antes da estrada de barro, vive o casal Gilberto e Hilda Immianowsky. Ele é um legítimo descendente dos primeiros polacos que habitavam o bairro.
Aos 66 anos, ele conta que seu bisavô Inácio foi quem por primeiro chegou ao morro. Ele trabalhou na demarcação de terras e sempre morou na localidade.
O escritor Celso Deucher, autor de um livro sobre as famílias polacas em Brusque, diz que Inácio trabalhou até mesmo como um intérprete informal do polonês para o alemão. Deucher diz que existem registros de que ele desempenhou essa intermediação.
Filho de Inácio, Alexandre Immianowsky também foi responsável por demarcar lotes da cidade naquela época.
O senhor conta que seu avô e seu pai também residiram no morro, apenas em terrenos diferentes. Gilberto se casou com Hilda, 64, uma descendente de italianos (que também ocuparam aquela região), e até hoje mora no local.
Já não se fala mais polonês na região, e a família de Gilberto e Hilda não manteve grande parte da tradição dos antepassados.
No Beco Pavesi, perto da residência dos Immianowsky, moram Orlando Antônio Lepeck, 77, e Salvelina Maria Lepeck, 72. Ele também é de uma linhagem de polacos.
Lepeck não lembra do bisavô, mas o avô já morava no Santa Luzia. “Os meus avós falavam em polonês. Eu entendo pouco, aprendi poucas palavras. Meu falecido pai falava e minha mãe era italiana, mas falava também”, conta.
Segundo Deucher, os Lepeck chegaram a Brusque entre 1871 e 1890 – intervalo entre os dois grandes ciclos da imigração. O autor diz que a família foi registrada com passaporte russo quando chegaram no Brasil.
No passado, era comum sair na rua e escutar a conversa dos poloneses no idioma eslavo. Havia uma quantidade considerável de famílias de origem polaca.
Hoje em dia, ainda há um punhado delas, mas a maioria dos descendentes saiu da localidade e se mudou para bairros mais perto do Centro, ou até mesmo para outras cidades.
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