Arno Gracher foi atleta e um grande entusiasta esportivo. Jogou no futebol juvenil do Sport Clube Brusquense, e no vôlei amador do Caxias Esporte Clube. Junto à Sociedade Esportiva Bandeirante, integrava o time de voleibol e foi responsável por difundir a prática do handebol no clube, conforme informações do livro “Duas gerações a serviço da comunidade de Brusque”, de 1985.

“Arno era centroavante e eu era ponta-direita no handebol no Bandeirante. Jogávamos muitos amistosos com o pessoal de São Paulo. Foi uma época muito boa”, relembra o também centenário, ex-atleta, Walter Orthmann.

Um dos seus legados no esporte foi no vovô do futebol catarinense, onde Arno foi jogador e teve o privilégio de ser presidente do Clube Atlético Carlos Renaux anos depois, de 1973 a 1976. “Além de ser um bom jogador, ele sempre se preocupou com a administração e com o patrimônio particular do clube. Sem dúvida, Arno Gracher e o esporte são sinônimos um do outro”, comenta o também ex-presidente do Carlos Renaux, José Carlos Loos.

Arno Gracher foi atleta e entusiasta das práticas esportivas na cidade. Jogou e presidiu o Clube Atlético Carlos Renaux. Na foto, está com Cesar Gevaerd (esquerda) no Augusto Bauer

Durante sua gestão, Arno Gracher idealizou a construção da nova arquibancada a de concreto no Augusto Bauer, bem como teve a iniciativa de trazer alguns times cariocas para jogar em Brusque: lotar o estádio era a alegria dos torcedores no final da década de 1980. Além disso, em 1976, atletas que atuavam em grandes times paulistas e cariocas foram contratados para jogar no Carlos Renaux, sob o comando do técnico Joel Castro Flores. O time teve um expressivo desempenho no campeonato estadual daquele ano. “A alegria do Arno era o Carlos Renaux, o Lions e trabalhar. Ele sempre estava inventando alguma coisa para o benefício da cidade, pois achava que Brusque sempre merecia mais”, relembra Oscar José Zen, ex-funcionário, que trabalhou por 45 anos nos empreendimentos da família Gracher.

Herança social

Outra contribuição de Arno Gracher foi seu envolvimento social. Um deles, como sócio-fundador do Lions Clube de Brusque/Centro, consolidado em 24 de abril de 1954, o terceiro clube de Santa Catarina e o 12º do Brasil. Foram inúmeras ações filantrópicas em prol da instituição, inclusive com a presença em encontros nacionais e internacionais, como em 1982, em Atlanta, nos Estados Unidos, quando Arno participou da Convenção Mundial do Lions.

Um dos grandes projetos sociais deixados por Arno foi a Associação Lar dos Idosos do Lions Clube de Brusque, casa de acolhimento e assistência às pessoas com mais de 60 anos, localizada no bairro Cedrinho. Ele foi o idealizador do espaço e engajou a comunidade na realização da obra. O primeiro projeto arquitetônico do local, inclusive, foi elaborado na época, por sua filha mais nova, Gisela Gracher, formada em Arquitetura. O Lar foi inaugurado em julho de 2001 e segue em atividade até hoje.

Arno foi um dos fundadores do Lions Clube de Brusque e atuante em prol de diversas ações e obras filantrópicas na cidade. Um dos seus grandes legados foi o lar dos idosos, idealizado por ele e inaugurado em 2001. Na foto, ao lado de Nayr, em um dos eventos promovidos pela instituição

Política

No âmbito político, Arno concorreu em uma das três chapas pela Arena ao cargo de prefeito, nas eleições municipais de 1976, tendo Heinz Appel ao seu lado, no cargo de vice-prefeito. A aspiração de liderar o Executivo, no entanto, foi puramente estratégica. E, ao final do pleito, o objetivo contribuiu para a vitória de Alexandre Merico e Dr. Antônio Moser, ambos da Arena.

“Nosso pai era muito partícipe da política, mas não queria cargos, fazia a participação de bastidores. Ele aceitou esse desafio para ajudar a conquistar os votos dos indecisos, já que na época se lançavam dois ou três candidatos de um mesmo partido contra dois ou três do outro (no caso o MDB) justamente para somar votos”, relembra a filha Gisela.

Conforme a publicação no livro “Eleições em Brusque – bastidores, personagens e resultados”, no capítulo sobre as eleições de 1982, após a nova Lei Orgânica dos Partidos Políticos, de 1979, chegou ao fim o bipartidarismo nacional, entre Arena e MDB. Assim, a Arena tornou-se o Partido Democrático Social (PDS) e o MDB o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), seguido de outras siglas.

Em 1982 Arno Gracher assumiu a presidência do PDS na cidade, durante o último ano de mandato do então prefeito, Alexandre Merico. Em suas declarações aos periódicos da época é possível confirmar sua coerência de discurso em um modelo de gestão pública que nunca deixou de acreditar. “Quem reside em nossa pacata comunidade compreende, perfeitamente, que está havendo exagero em críticas e que o PDS é um partido que jamais esqueceu os seus compromissos com os brusquenses”, declarou Arno em entrevista ao jornal O Município, na edição de 14 de setembro de 1982.

Além da atuação política, o empresário foi membro do Conselho Municipal de Turismo, em 1981, e do Conselho de Desenvolvimento Municipal.

Despedida

Em 21 de março de 1983, Arno Gracher perdeu a vida em um trágico acidente de carro, que também vitimou seu genro, Coaraci Ricardo Garcia Baran, marido de Vânia (sua filha mais velha), durante uma viagem de férias com a família, na BR 116, em Miracatu (SP). Ele faleceu aos 60 anos, e a cidade, comovida, perdeu um grande político, líder empresarial, esportivo e social.

Ao celebrar seu centenário, Brusque reverencia a figura de Arno Gracher, que continua presente nos empreendimentos, nas novas gerações da família, nas memórias de amigos e empreendedores brusquenses, e em diversas entidades e obras sociais em benefício da cidade.


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