É no coração de Brusque que uma história de amor pela cidade continua pulsante. E é em uma de suas principais vias, na margem esquerda da Beira Rio que, em março de 1994, o empresário Arno Carlos Gracher foi imortalizado. Uma rua estratégica, que fez parte do itinerário desse empreendedor entusiasta, que queria trazer o mundo para Brusque, e levar a cidade para além de suas fronteiras.

Descendente de alemães, Arno Gracher é filho de Carlos Gracher e Theresa Kormann. Seu pai chegou em Brusque em 1893, onde trabalhou como seleiro e teve uma casa de comércio. Conforme consta no livro “Gracher – uma empresa faz cem anos”, em 1905, alugou o Hotel Schaefer e iniciou as atividades da família Gracher no segmento da hotelaria. Dez anos depois, o empresário inaugurou o Cine Esperança, tornando acessível o cinema mudo para a população local.

Infância e juventude

Arno Gracher nasceu em 7 de novembro de 1922 e cresceu em meio aos negócios da família. Ainda menino, acompanhou a instalação do Cine Guarany, que passou a exibir filmes sonoros, em modernos aparelhos de transmissão, no início da década de 1930. Já na adolescência, apreciava as lotadas sessões de cinema e foi ali, que conheceu seu grande amor: Nayr Flor.

Mais do que um filme, Arno e Nayr dividiram a vida. Com o consentimento dos pais, começaram a namorar em 1943, mesmo ano em que Arno foi convocado para servir no Exército, em Blumenau.

Neste período, a relação se fortaleceu através de correspondências, entre os jovens apaixonados. Apenas em 1945 Arno voltou para Brusque, quando passou a trabalhar com representações.

Arno e a esposa Nayr com a família: os três filhos, nora, genro e netos mais velhos, no Natal de 1978

Família

O casamento de Arno e Nayr foi celebrado em 3 de maio de 1947, na igreja Matriz da Paróquia São Luís Gonzaga. Da união nasceram três filhos: Vânia (1948); Carlos Gracher Neto (1951); e Gisela (1959). “Meu pai era um homem de bem com a vida. Adorava sítio, viajar e estávamos sempre juntos. Tenho memórias felizes dos passeios e dos momentos que vivemos”, relembra a filha mais velha, Vânia Gracher Baran.

Além de uma companheira de vida, Arno tinha em Nayr uma grande parceira de trabalho, em especial após ele assumir a gestão dos negócios do pai, em 1952. Nayr trabalhou intensamente nos empreendimentos liderados pelo marido e nas inovações que ele trazia para a cidade.

“É difícil falar do nosso pai, sem falar da nossa mãe. Eles construíram uma vida juntos, onde ambos participavam: nosso pai tinha uma visão das coisas, gostava de criar. Mas, depois, aquilo passava pelo aval da nossa mãe. Os dois tinham uma interação muito grande”, completa Carlos Gracher Neto.

Os três filhos do casal, mesmo que em diferentes épocas, também cresceram em meio aos empreendimentos da família. E assumiram os negócios após o fatídico falecimento de Arno Gracher, em 1983.

Diante da morte inesperada e prematura do marido, Nayr deu continuidade aos projetos, com o apoio dos filhos e netos, na gestão do Grupo Gracher que hoje, orgulhosamente, mantém a quinta geração da família envolvida.

“Ele sempre dizia que seus funcionários eram os melhores. Ele era muito hospitaleiro, gostava de mostrar as coisas boas que haviam na cidade. Além disso, tinha uma bondade interior que o transformava em amigo de todos. Também sempre buscava trazer para Brusque coisas diferentes, que não tinham por aqui. E esses valores herdamos dos nossos pais”, complementa a filha caçula de Arno, Gisela Gracher Stieven.

Novas gerações

No coração de Brusque, o Hotel Gracher segue em operação, assim como o Hotel Gracher Praia, em Balneário Camboriú. Os dois empreendimentos recebem hóspedes dos mais variados locais do Brasil e do mundo e mantêm colaboradores treinados para apresentar a cidade e a região, cujo fundador tinha orgulho de mencionar em suas viagens.

Em 1999, a família inaugurou mais um importante espaço que entrou para a história de Brusque: o Shopping Gracher abriu suas portas com novas lojas, praça de alimentação, salas comerciais e o Cine Gracher, que trouxe novamente à cidade a magia do cinema, já que o mesmo estava inativo desde o início das obras, em 1994.

Nayr Gracher (ao centro) deu continuidade aos negócios com apoio de filhos e netos na gestão do Grupo Gracher, que hoje conta com a quinta geração da família envolvida

O empreendimento foi planejado durante anos pela família, com o objetivo de “resgatar a tradição da força comercial na área central da cidade, já que inovar é sempre nosso lema”, conforme declarou Nayr Gracher, em 2005, no livro “Gracher uma empresa faz 100 anos”. Ela faleceu em 2 de julho de 2 018, aos 90 anos.

Histórias de Brusque

A história da família e dos empreendimentos Gracher se confundem com a história de Brusque no último século, já que interferiram, significativamente, nas relações sociais entre os moradores da cidade. Empreendimentos como o cinema, bar, hotel, lanchonete e restaurante serviram como palco para namoros que, mais tarde, se oficializaram em casamentos; para tantas amizades formadas ou fortalecidas; para relações comerciais estabelecidas e para inúmeros encontros e eventos que se perpetuam na vida e na memória dos brusquenses.


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