Demora no SUS fomenta realização de vaquinhas para custear procedimentos de alta complexidade em Brusque
Com o agravamento das condições dos pacientes, famílias desistem de esperar pelo setor público
Com o agravamento das condições dos pacientes, famílias desistem de esperar pelo setor público
A demora na realização de procedimentos de alta complexidade pelo SUS tem levado diversas pessoas a criarem vaquinhas e rifas para custear tratamentos particulares em Brusque. O jornal O Município recebe uma crescente demanda de pedidos relacionados a essas campanhas. Apenas em 2024, mais de 15 vaquinhas já foram divulgados pelo jornal, fora as outras que, às vezes, sequer chegam ao conhecimento da imprensa.
Os procedimentos são variados, indo desde a compra de medicamentos até cirurgias complexas, com destaque para as cirurgias na área de ortopedia.
Na região do Vale do Itajaí, há 17 hospitais habilitados a realizar cirurgias eletivas do sistema osteomuscular. Desde 2023, foram realizados 5,7 mil procedimentos, sendo 2.965 apenas no ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Questionada pela reportagem, a SES informou que, com a integração do Hospital Imigrantes à rede de atendimentos pelo SUS, foi possível ampliar a oferta de serviços hospitalares na região, especialmente no que diz respeito às cirurgias eletivas, incluindo as ortopédicas.
“Mesmo com o aumento no número de procedimentos cirúrgicos ortopédicos na região, a SES segue atuando para ampliar os serviços e reduzir o tempo de espera. Atualmente, há 4,8 mil pacientes aguardando por cirurgias ortopédicas nos hospitais do Vale do Itajaí. Desse total, 3 mil já estão no mapa de agendamento dos hospitais”, informou a Secretaria.
Sobre o tempo de espera, a SES afirma que, desde janeiro do ano passado, 3,5 mil pacientes que estavam na fila foram atendidos. Entre os que ingressaram até dezembro de 2023, mil já estão no planejamento cirúrgico, enquanto os demais, cerca de 1,3 mil, ainda não possuem autorização médica para o procedimento.
No âmbito municipal, o prefeito André Vechi (PL) afirmou que a prefeitura tem conhecimento desses casos e busca agilizar consultas e exames, para que os pacientes sejam encaminhados ao SUS o mais rapidamente possível, já que a gestão municipal não pode intervir diretamente na fila de espera.
A família do adolescente Giovani Pedrini criou uma vaquinha para custear uma cirurgia de correção de deformidade no tórax. O jovem possui pectus excavatum, uma deformidade torácica. A meta da vaquinha é R$ 66 mil.
A tia dele contou à reportagem que a cirurgia pode ser feita pelo SUS, mas que não há data prevista para o procedimento. O caso de Giovani é urgente, pois o índice de Halle, que indica a gravidade de deformidades da parede torácica, está em 3.5, o que indica a gravidade do caso.
Aos 20 anos, a moradora de Brusque, Fernanda dos Santos Domingues, enfrenta uma batalha delicada contra um neuroma do acústico, um tumor benigno que afeta diretamente o nervo responsável pela audição e pelo equilíbrio.
Há seis meses na fila do SUS e sem definição de quando fará a cirurgia, a família da jovem criou uma vaquinha para cobrir os custos de exames, consultas especializadas, medicamentos e possíveis deslocamentos. Segundo o médico que atendeu a jovem, se o tumor não for tratado rapidamente, Fernanda pode sofrer sequelas irreversíveis.
Miguel Covalesci, filho de Kelem Mariano Pereira, possui uma doença rara chamada hemimelia fibular, que é identificada pela falta da fíbula ou pela má formação dela.
No caso de Miguel, há um crescimento lento de uma das pernas que gera uma diferença de 3 centímetros para cada uma, medida essa que pode aumentar conforme ele cresce.
“Ele precisa dessa cirurgia o mais rápido possível, preferencialmente ainda aos 2 anos. Com 8 anos ele precisará passar por outra cirurgia para colocar uma placa no joelho direito para travar o crescimento da mesma perna, para que a esquerda possa acompanhar”, esclarece a mãe.
Kelem tomou conhecimento da hemimelia fibular quando Miguel tinha 1 ano e 9 meses. Isso quando conseguiu uma consulta via SUS. Foi ai que passou a pesquisar por profissionais que tratavam esse tipo de doença e encontrou um profissional que realizada atendimentos em Blumenau e em Curitiba. O valor estimado para a cirurgia de Miguel é de mais de R$ 130 mil.
Leia também:
1. Saiba como ficam os serviços públicos e o comércio de Brusque nesse feriadão da Semana Santa
2. Quem são as pessoas homenageadas com nomes de ruas e avenidas importantes de Brusque
3. Confira cinco coisas para fazer em Brusque no feriadão de Páscoa
4. VÍDEO – Homem é flagrado arrancando placa de trânsito na rua João Bauer, em Brusque
5. Vereadora pede por melhorias no atendimento da Celesc: “por que Botuverá fica em segundo plano?”